Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.brAcesso em: 28 abr. 2010.
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construídasobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que:
A) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
B) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que sedesenvolveram ao longo do tempo.
C) os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculadaaos governantes das sociedades que os construíram.
D) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedadesantigas e distantes no tempo.
E) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisashistóricas
Comentário: Isso sim é uma questão que fomenta um virtuoso senso crítico do estudante, fazendo assim a História, uma ciência reflexiva e interdisciplinar.
Socializo aqui o poema na íntegra:
“Fragen eines lesenden Arbeiters”
(Perguntas de um trabalhador que lê).
Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a
edificaram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão
famosa, tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da
Espanha chorou quando sua frota naufragou.
Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Quem partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas informações.
Tantas questões.
Bertolt Brecht nasceu na Alemanha em 1898. Morto em 1956, suas poesias tinham como temática recorrente o inconformismo com a realidade social e política. Brecht pregava a igualdade entre os homens e fez poesias e peças teatrais de índole política memoráveis, onde denunciava a crueldade das guerras e pregava a igualdade social.
Inconformado com o panorama político e social vigente à sua época, Brecht era um assumido defensor do comunismo e essa sua preferência fica bastante clara em suas obras, assim como a tentativa constante em alertar a classe trabalhadora para que passasse a questionar o sistema estabelecido.
O poema abaixo, intitulado “Perguntas de um trabalhador que lê”, reflete bem a visão política e ideológica deste conceituadíssimo autor. Trata-se de uma obra-prima que vale a pena ser lida e relida, gerando reflexões que cabem mesmo nos dias atuais.
FONTE DA POESIA E DO TEXTO:
http://literaturaemcontagotas.wordpress.com/2010/03/06/perguntas-de-um-trabalhador-que-le/
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Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída.
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os césares?
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.brAcesso em: 28 abr. 2010.
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construídasobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que:
A) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
B) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que sedesenvolveram ao longo do tempo.
C) os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculadaaos governantes das sociedades que os construíram.
D) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedadesantigas e distantes no tempo.
E) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisashistóricas
Comentário: Isso sim é uma questão que fomenta um virtuoso senso crítico do estudante, fazendo assim a História, uma ciência reflexiva e interdisciplinar.
Socializo aqui o poema na íntegra:
“Fragen eines lesenden Arbeiters”
(Perguntas de um trabalhador que lê).
Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a
edificaram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão
famosa, tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da
Espanha chorou quando sua frota naufragou.
Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos.
Quem partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas informações.
Tantas questões.
Bertolt Brecht nasceu na Alemanha em 1898. Morto em 1956, suas poesias tinham como temática recorrente o inconformismo com a realidade social e política. Brecht pregava a igualdade entre os homens e fez poesias e peças teatrais de índole política memoráveis, onde denunciava a crueldade das guerras e pregava a igualdade social.
Inconformado com o panorama político e social vigente à sua época, Brecht era um assumido defensor do comunismo e essa sua preferência fica bastante clara em suas obras, assim como a tentativa constante em alertar a classe trabalhadora para que passasse a questionar o sistema estabelecido.
O poema abaixo, intitulado “Perguntas de um trabalhador que lê”, reflete bem a visão política e ideológica deste conceituadíssimo autor. Trata-se de uma obra-prima que vale a pena ser lida e relida, gerando reflexões que cabem mesmo nos dias atuais.
FONTE DA POESIA E DO TEXTO:
http://literaturaemcontagotas.wordpress.com/2010/03/06/perguntas-de-um-trabalhador-que-le/
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1 comentários:
cara, esse teu post foi muito bom, vou passar adiante
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