quarta-feira, outubro 29, 2014

Instituto Lula: "Mais generosidade e menos preconceito farão um bem imenso ao país"



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou, nesta terça-feira (28), uma série de vídeos sobre o processo eleitoral de 2014 e o futuro do Brasil. No primeiro vídeo já divulgado, Lula comenta a vitória da presidenta Dilma Rousseff e a crescente onda de ódio presente neste pleito eleitoral. "Mais generosidade e menos preconceito vão fazer um bem imenso ao país", disse.

Lula também falou sobre a política externa, o preconceito contra o PT, entre outros temas. “Eu acho que o povo brasileiro, com todas as divergências, com todos os seus votos diferenciados, deu uma lição de política nos políticos", afirmou sobre o processo eleitoral.

Fonte: Instituto Lula
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segunda-feira, outubro 27, 2014

27 de Outubro: Luiz Inácio Lula da Silva vence eleições presidenciais no Brasil



Foto:Folha Online
No dia 27 de Outubro de 2002, o ex-sindicalista, dirigente e fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais, com 61,3% dos votos. O povo brasileiro testemunhou pela primeira vez na história do país, um ex-operário se tornar presidente da República.

Nascido em Pernambuco, Lula ainda jovem mudou-se para São Paulo. Formou-se torneiro mecânico pelo Senai, trabalhou em fábricas na região do ABC Paulista e participou intensamente das lutas sindicais. Lula foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, fundou o Partido dos Trabalhadores e a Central Única dos Trabalhadores. Representante político dos setores populares, foi deputado federal e candidato à presidência do Brasil por cinco eleições (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006), obtendo êxito nos dois últimos processos eleitorais.

Curiosamente, foi na mesma data do seu aniversário que Lula em 2002 - concorrendo com o candidato José Serra do PSDB - venceu as eleições presidenciais. Sua vitória foi um marco para a história eleitoral e política do país, era a primeira vez que uma liderança de esquerda chegava à chefia do Poder Executivo nacional. Na época, a coligação que defendia sua candidatura era composta pelos seguintes partidos políticos: PT, PCdoB, PL, PCB e PMN.


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sexta-feira, outubro 17, 2014

Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano


Acabei de fazer um exercício simples para visualizar como a taxa de juros no Brasil se estabeleceu ,desde a primeira reunião do COPOM - Comitê de Política Monetária em 1996 até o seu mais recente encontro. É válido frisar que é nesse comitê que as políticas econômicas e as taxas de juros aplicadas no país são definidas. As reuniões acontecem a cada 45 dias.

Pois bem, vejamos algumas conclusões:
  • De 1996 até 2002 - período em que FHC era presidente do Brasil, o Copom se reuniu 79 vezes, e a média das taxas anuais de juros nesse período foi de 23,01%;
  • De 2002 até 2010 - período em que Lula era o presidente do Brasil, o Copom de reuniu 75 vezes e a média das taxas anuais de juros nesse período foi de 15,43%;
  • De 2011 até 2014 - período da gestão de Dilma, o Copom se reuniu 30 vezes, e a média das taxas anuais de juros nesse período foi de 9,7%;

Façam também esse exercício, acessem a tabela do Copom e vejam quem realmente diminuiu o juros do país.
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Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano


‪#‎GlossárioTucano‬

Em seu programa, Aécio Neves avalia que é preciso ampliar as políticas de segurança, visando a perspectiva de um policiamento comunitário... 

É válido ressaltar que a expressão "policiamento comunitário" no Dicionário Tucano na verdade significa aumento da opressão e violência policial contra o povo, significa algo muito semelhante ao termo fascista, "higienização social". 

Cuidado com os Tucanos, eles podem enganar você...

REFERÊNCIAS:
PSDB. Brasil: O novo jeito de Governar - Plano de governo de Aécio Neves e Aloysio Nunes. São Paulo:2014.
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Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano


‪#‎GlossárioTucano‬

Em seu programa de governo, o nobre Aécio Neves - no que diz respeito a relação entre Administração Pública e Servidores - faz a seguinte análise: "Precisamos avançar para um modelo de gestão de pessoas, focado no desenvolvimento do servidor e na meritocracia, o que requer o fortalecimento do diálogo permanente com servidores e seus respectivos sindicatos".

Contudo é válido pontuar que:
1. A expressão "Meritocracia" no Dicionário Tucano significa ampliar e reproduzir as desigualdades, uma vez que o termo obedece a uma lógica empresarial, ampliando a concorrência entre os servidores,pois considera que todos os cargos, carreiras e funções estejam ocupadas por pessoas iguais. Típica visão daqueles que não respeitam a verdadeira noção de isonomia.

2. Já o termo "Sindicato", no Dicionário Tucano é definido como obstáculo aos interesses empresariais do PSDB. O representante sindical, por sua vez, é uma "persona non grata", pois fortalecer as leis trabalhistas, valorizar o servidor público e garantir o pleno emprego são visões antagônicas aos seus princípios políticos.

Cuidado com os Tucanos, eles podem enganar você...

REFERÊNCIAS:
PSDB. Brasil: O novo jeito de Governar - Plano de governo de Aécio Neves e Aloysio Nunes. São Paulo:2014.
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Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano


A medida que eu leio o programa de Aécio Neves eu fico mais enojado com o forte ideário neoliberal contido nas linhas e entrelinhas do documento. Por exemplo, na sessão que trata sobre educação básica, o candidato, pelo menos avalia que nesse ponto o país "passou por significativas mudanças institucionais nos últimos anos" (p.56), porém, não encontramos sequer uma menção sobre o fortalecimento ou ao menos uma atenção política para as escolas públicas.

No texto, encontramos referências sobre a necessidade de universalização da educação básica, entretanto, o principal espaço em que deveria acontecer essa universalização, propositalmente não é mencionado. Agora eu pergunto: Qual o local da escola pública no governo Aécio Neves?

É válido pontuar que no Dicionário Tucano o termo "Escola Pública" é praticamente uma heresia, pois essas instituições não condizem com a lógica do sucateamento das instituições públicas, das privatizações e da abertura econômica para os interesses do capital privado, fatores esses que são fortemente defendidos pelo PSDB.

Por fim, vejam onde os recursos federais seriam investidos em um trágico governo Aécio Neves, no que se refere a educação básica: "Ampliação do engajamento da sociedade e a formação de parcerias. Permitir, como previsto na LDB, a experiência com outras formas jurídicas de organização das escolas, como Oscips, fundações e outras entidades de direito privado". (p.56) Ou seja, no modus operandi do governo tucano, a proposta significa deslocamento de verbas públicas para o setor privado, enriquecendo mais uma vez os famosos "tubarões" do ensino.

Cuidado com os Tucanos, eles podem enganar você...

REFERÊNCIAS:
PSDB. Brasil: O novo jeito de Governar - Plano de governo de Aécio Neves e Aloysio Nunes. São Paulo:2014.
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Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano



Em seu programa, Aécio Neves, faz a seguinte avaliação sobre a juventude brasileira: "A juventude brasileira não é e nunca será um problema. Para nós a juventude é compromisso e solução. O jovem precisa ser protagonista da sua vida e, para tanto, é fundamental diminuir as vulnerabilidades que o impedem de vivenciar essa fase da vida com plenitude. As juventudes brasileiras são muitas e juntas, podem com- por uma rede de soluções para os desafios que precisam ser enfrentados". (p.35)

Contudo, é válido pontuar que no Dicionário Tucano, as chamadas "Politicas Públicas de Juventude" é algo inexistente, pois esse campo foi trazido para a realidade brasileira somente após o governo Lula, principalmente após a criação da Secretaria Nacional de Juventude no ano de 2005. Já o tratamento dos governos do PSDB com a população jovem era de total desprezo, uma vez que são os tucanos os principais fomentadores da definição de jovem como um sinônimo de problema e delinquência.

Vamos lembrar que os governos tucanos foram considerados como o inimigo nº1 do povo, gestões essas que nos tempo de FHC, relegou aos jovens brasileiros um quadro de violência e a opressão policial, universidades sucateadas com poucas vagas e muitas greves; escolas técnicas desmontadas; desemprego; subemprego e redução dos investimentos sociais em virtude da agenda imposta pelo FMI.

Cuidado com os Tucanos, eles podem enganar você...

REFERÊNCIAS:
PSDB. Brasil: O novo jeito de Governar - Plano de governo de Aécio Neves e Aloysio Nunes. São Paulo:2014.
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Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim #GlossárioTucano


#GlossárioTucano

No seu programa de governo, o nobre candidato Aécio Neves, ao avaliar a atual conjuntura do Estado brasileiro, atesta que um dos seus compromissos será o de "Combater de maneira intransigente a corrupção" (p.221).

No entanto, é válido frisar que no Dicionário Tucano, corrupção é definido como um dos modus operandi do PSDB. É sempre bom relembrar no governo de FHC, no ano de 2001, o próprio presidente praticamente comandou a derrubada da proposta para a criação da "CPI da Corrupção" no Congresso Nacional

Naquela época, FHC passava por um alto nível de reprovação popular, devido aos escândalos de corrupção e pela compra de votos dos parlamentares para aprovar o instituto da reeleição no país. O povo constatava uma série de irregularidades em seu governo, tais como:
  • Tráfico de influências pelo o ex-secretário geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira; irregularidade envolvendo do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira na privatização da Tele Norte Leste;
  • Fraudes na concessão de incentivos fiscais pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia);
  • Denúncias de caixa 2 nas campanhas eleitorais envolvendo o ministro Andrea Matarazzo (Comunicação); d) Emissão de CPFs irregulares na Bahia;
  • Desvios na utilização de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador);
  • Omissão do Banco Central na apuração nas denúncias de desvios do Banpará que teriam beneficiado Jader Barbalho; - omissão do BC na apuração do dossiê Caribe [conjunto de documentos sem autenticidade comprovada sobre uma suposta empresa com sede nas Ilhas Cayman do presidente Fernando Henrique Cardoso, do ministro José Serra (Saúde), e do ex-governador de São Paulo Mário Covas e do ex-ministro Sérgio Mota (Telecomunicações), mortos respectivamente em março e em abril de 1998;
Quem não lembra do famoso episódio em que os estudantes protestaram no Congresso Nacional, e que na época, a presidenta da UBES, Carla Santos ficou nua como forma de protesto? Na época a estudante respondeu aos repórteres com as seguintes palavras: "Se tenho vergonha de tirar a roupa? Tenho vergonha é de ter um presidente picareta como Fernando Henrique Cardoso, que comprou votos para se reeleger".

Sobre esse episódio, o escritor Arthur Poerner, descreveu o fato da seguinte forma:
Nenhum salto comportamental foi mais surpreendente e espetacular, no entanto, do que o mergulho da presidente da Ubes, a gauchinha Carla Taís dos Santos, de 21 anos, nua, no laguinho defronte ao Congresso Nacional, em protesto pela transparência no governo e contra o sepultamento da CPI da Corrupção. Aos mais afoitos ela esclareceu que não repetiria o gesto, embora não se sentisse constrangida: “A única coisa que me envergonha é vermos tanta corrupção e um presidente que continua impune” (Jornal do Brasil, 01 jun. 2001, p.2). E se disse orgulhosa de um movimento estudantil que “vai às ruas com irreverência contra o neoliberalismo”, com tribos como “a do rock, a do hip-hop, a do skate. Não somos rebeldes sem causa” (AGGEGE, Soraya. Rebelde sem calça e com causa).
Cuidado com os Tucanos, eles podem enganar você...

REFERÊNCIAS
POERNER, Arthur. O Poder Jovem. 5.ed. Rio de Janeiro: Booklink, 2004.
GUIMARÃES, Eduardo. Como o PSDB enterrou a CPI da corrupção em 2001. Disponível em: <http://www.blogdacidadania.com.br/2014/04/como-o-psdb-enterrou-a-cpi-da-corrupcao-em-2001/>
PSDB. Brasil: O novo jeito de Governar - Plano de governo de Aécio Neves e Aloysio Nunes. São Paulo:2014.

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terça-feira, outubro 14, 2014

Neto de João Goulart: imprensa prepara golpe contra Dilma


Nós sabemos que parte da imprensa brasileira está engajada na campanha de oposição ao governo Dilma. Sabemos que a supervalorização dos problemas do governo e a transformação do Aécio em salvador da pátria faz parte dessa estratégia para elegê-lo.

João Goulart e Dilma Roussef Mas o Brasil é gato escaldado, já vimos isso antes, e a postura da imprensa foi uma das responsáveis por que mergulhou o país nas trevas por 21 anos, quando a direita se apropriou e aparelhou o governo brasileiro excluíndo a maioria da população da definição dos destinos do país.

Isso foi lembrado no domingo (12) pelo neto de um dos protagonistas dessa história, o presidente João Goulart, deposto por uma articulação entre a grande mídia, governo estadunidense e quadros da direita brasileira. Seu neto, João Alexandre Goulart, postou em seu facebook:

12/10/2014 -Tenho ouvido recomendações de amigos próximos amigos estes que votam em Aécio, que não me pronuncie a respeito, que eu vote em quem eu quiser mas que fique calado.
Jamais me calarei! Na vida deve-se tomar posições! A minha agora virou missão!! Eleger Dilma 13! 
Quando falo que esta em marcha um golpe midiático para derrubar Dilma, algo parecido quando o Ipes agiu para derrubar meu avô o presidente João Goulart em 64, falo com preocupação.
Preocupação ao neoliberalismo que fará de tudo para manipular e distorcer informações. O mesmo neoliberalismo que no governo FHC tapou com seus bilhões investidos os furos dos bancos quebrados. Bancos estes que jamais estiveram ao lado do governo. Isso eles podem!! E ainda se atrevem a chamar o Bolsa Família de “Bolsa Esmola” ou seja: dar bilhões para bancos falidos pode, ajudar no combate a fome quem vive na pobreza não pode!
Vejam vocês que tudo isso é tão contraditório que ainda hoje ouvi um depoimento atrevido de Aécio dizendo que: vão aprimorar o Bolsa Família! Mas o que acontece com essa gente? O que eles entendem de bolsa família?
Finalmente deixo para reflexão estas questões reafirmando que sim eles estão muito preparados para dar um “Golpe branco” em Dilma, seja agora mesmo ou após as eleições. 
Mais uma prova desse golpe midiático deixo aqui com vocês para análise. Mais uma prova do que esta gente é capaz!

Fonte: Portal Vermelho / Portal Muda Mais
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segunda-feira, outubro 13, 2014

Dialética da malandragem: Você concorda com essa tese?

De onde vem a “dialética da malandragem”? O emérito professor da Universidade de São Paulo, Antonio Cândido (Revista do Instituto de estudos brasileiros, n. 8, SP, USP, 1970, p. 67-89), vislumbrou no romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, o que ele chamou de “dialética da malandragem”, que retrataria a dinâmica dos costumes da sociedade brasileira no começo do século XIX (não é difícil constatar que esses costumes valem até hoje). Leonardo (personagem do livro citado) seria o “primeiro grande malandro que entra na novelística brasileira” (que, depois, foi elevado à categoria de símbolo - sem caráter - por Mário de Andrade, no Macunaíma).

Quem é o malandro? O malandro (municipal, estadual ou federal) é um aventureiro, astuto e quase folclórico ao mesmo tempo, que pratica a astúcia desde logo pelo gosto da astúcia, em proveito próprio ou para solucionar um problema, mas sempre lesando terceiros.

O que caracteriza fundamentalmente a dialética da malandragem? É a díade (o par) da ordem e da desordem, que retrataria não somente a sociedade descrita no livro Memórias de um sargento de milícias como a atual (basta prestar atenção no nosso entorno). Por todos os lados e em todas as partes há sempre, na dinâmica da ambiência histórica brasileira, uma ordem comunicando-se com a desordem. Na nossa bandeira a inscrição mais fidedigna (então) seria: (Des) Ordem e Progresso! É o tipo de sociedade que faz, sem sentimento de culpa, o bem e o mal, o certo e o errado, que é egoísta e também altruísta, que é honesta e também desonesta, que faz algo admirável ao lado de tantos atos deploráveis.

A tese do professor citado, em síntese, é a seguinte: as díades (os pares) marcariam o caráter da sociedade brasileira (daí a generalização da ordem e também da malandragem, da corrupção). Quase nunca o brasileiro seria então totalmente honesto, mas também não é totalmente desonesto. Cumpre ordens, mas não totalmente. É capaz de todo bem do mundo assim como de todo mal.

Trata-se de um mundo pendular entre o lítico e o ilícito? Sim. Se correta a tese dualista da malandragem, deveríamos afirmar que a sociedade brasileira (pelo menos vários segmentos dela) vive zanzando entre dois hemisférios, o positivo (da ordem) e o negativo (da desordem). Voltando a Antonio Cândido: a dinâmica do livro citado (Memórias de um sargento de milícias) pressupõe uma gangorra dos dois polos, que transita da ordem estabelecida às condutas transgressivas.

“Tutto nel mondo è burla” seria a expressão legítima desse mundo pendular, diáfano, cujas estruturas morais e éticas habitariam um lugar bem distante de toda rigidez. Vive-se ao sabor do balanceio entre ordem e desordem. Trata-se de uma sociedade “na qual poucos trabalham [ao menos duramente], enquanto outros flutuam ao Deus dará, colhendo as sobras do parasitismo, dos expedientes, das munificências (generosidades), da sorte ou do roubo miúdo”.

A sociedade brasileira seria “uma organização fissurada pela anomia, onde se transita entre o lícito e o ilícito, sem muitas vezes podermos dizer o que é um e o que é outro, porque todos acabam circulando de um para outro com uma naturalidade que lembra o modo de formação das famílias, dos prestígios, das fortunas, das reputações, no Brasil urbano da primeira metade do século XIX” [e, com certeza, também do Brasil atual].

Um mundo liberto do peso do erro e do pecado? Nas Memórias, prossegue Antonio Cândido, “foi criado um universo que parece liberto do peso do erro e do pecado. Um universo sem culpabilidade e mesmo sem repressão. As pessoas fazem coisas que poderiam ser qualificadas como reprováveis, mas fazem também outras dignas de louvor, que as compensam. E como todos têm defeitos, ninguém merece censura”. Um mundo sem culpa. Em grande parte esses costumes (do século XIX), que pairam sobre a realidade brasileira diáfana atual, constituem um potente filtro da impunidade.

Eles fornecem, ademais, boas pistas para se compreender o corporativismo reinante nas nossas instituições e nos seus agentes, que seriam guiados pelos pares antitéticos (pelas díades) do lícito ou ilícito, do verdadeiro ou falso, do moral ou imoral, do justo ou injusto, da esquerda ou direta, partido X ou partido Y, liberal ou conservador etc.

As antinomias convivem? Os referidos pares são reversíveis, diz Antonio Cândido, que agrega: “as antinomias convivem num curioso lusco-fusco, sendo a hipocrisia um dos pilares dessa civilização”. Se no campo dos costumes os extremos se anulam (se compensam), tudo isso fica mais evidente no campo jurídico, onde praticamente tudo é regulado, de forma aparentemente hermética, dando a sensação de uma ordem onipresente que, na verdade, muitas vezes “não pega”.

No tempo da escravidão declarada (século XIX), chegamos a fazer até mesmo algumas leis de abolição, só para “inglês ver”. Tínhamos uma Constituição liberal e escravagista ao mesmo tempo (algo inusitado no mundo). Na área dos direitos sociais e dos direitos humanos fundamentais, são incontáveis os dispositivos legais que jamais são cumpridos. Só para citar um exemplo: a CF assegura saúde para todos, mas grande parte dos hospitais brasileiros sequer conta com médicos.

Há um ofuscamento entre o justo e o injusto, o certo e o errado, o moral e o imoral, o legal e o ilegal. O desaparecimento de Amarildo, no Rio de Janeiro, também se enquadra nesse tipo de obscuridade gelatinosa, visto que nosso policiamento vai da legalidade ao arbítrio e à ação violenta, sem nenhum tipo de remorso, de repressão ou de sanção interior. O assassinato se tornou “normal”. Tudo é indiferente, secundário (adiáforo).

Não temos obsessão pela ordem? Essa é uma das nossas características psicossociológicas: ordem, liberdade, leis, dignidade, direitos humanos, tudo isso se apresenta como algo muito abstrato, no contexto das “formas espontâneas de sociabilidade”, que ostentam choques permanentes entre “a norma e a conduta”, o que torna “menos dramáticos os conflitos de consciência”.

A brasileira poderia ser uma sociedade “flex” (para usar uma palavra da moda), muito pouco hermética, que é viva no seu dinamismo relacional, mas que perde em “inteireza e coerência”. O princípio eixo é o da “acomodação geral”, que tira a força e energia dos extremos, assim como os significados da lei, da ordem, da justiça, da ética etc.

Vivemos numa espécie de “terra-de-ninguém moral”, marcada por uma vulgaridade ímpar, sobretudo em algumas manifestações e extimidades das redes sociais, onde as pessoas, muitas vezes protegidas pelo anonimato, fazem uso abundante do “eu autoexpressivo”, “que é o eu próprio do individualismo narcisista dominante nas atuais sociedades de hiperconsumo, caracterizadas pela produção de necessidades artificiais constantemente renovadas” (Jacobo Muñoz, Claves de razón práctica, 220, p. 23).

Fonte: JusBrasil
Por Luiz Flávio Gomes - Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.
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Eleições 2014: Congresso Nacional permanecerá desigual nos próximos quatro anos



Os resultados do 1º turno das Eleições 2014 infelizmente demonstram que o Brasil não avançou na equidade e representatividade na política. Negros (as), mulheres, indígenas e jovens continuarão sub-representados nos próximos quatro anos no Congresso Nacional. Importante ressaltar que, pela primeira vez na história, o Brasil tem o dado oficial do perfil racial do Parlamento, informação que pode passar a impactar o debate sobre democratização do processo eleitoral e acesso aos espaços de poder de grupos historicamente excluídos da vida política.

Os dados são desanimadores: para o cargo de deputado federal, foram eleitas somente 51 mulheres (9,9%), ao passo que se elegeram 462 homens (90,10%); no Senado, foram cinco mulheres (18,5%) e 22 homens (81,5%). Considerando, então, o Parlamento como um todo (540 cargos), as mulheres representam 10,37% – em 2010, foram 9,2% de um total de 567 cargos. Das mulheres eleitas, 12 se declararam negras, 11 na Câmara e uma no Senado. Importante ressaltar que, pela primeira vez na história, os partidos conseguiram cumprir a cota de equidade de gênero imposta pela Lei 9.504/97, mas os dados demonstram que essas candidatas não conseguiram chegar ao poder. Deve ser dito ainda que a cota apenas determina o mínimo (30%), mas o ideal seria haver paridade entre homens e mulheres em todas as etapas do processo eleitoral.

Os estados que tiveram maior número de mulheres eleitas foram São Paulo e Rio de Janeiro, que elegeram seis mulheres cada, seguidos de Minas Gerais, com cinco mulheres eleitas. Espírito Santo, Paraíba, Mato Grosso e Rio Grande do Sul não elegeram nenhuma mulher para a Câmara dos Deputados federal. Quanto aos partidos políticos, os que mais elegeram mulheres foram o Partido dos Trabalhadores – PT (oito deputadas federais e uma senadora) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB (sete deputadas federais e três senadoras), seguidos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com cinco deputadas federais cada.

No que diz respeito à questão da autodeclaração quanto ao quesito raça/cor, nenhum indígena foi eleito para o Parlamento Federal. Quanto aos negros, foram eleitos para a Câmara 106 candidatos, que se autodeclararam negros (somatória de pretos + pardos), representando 20,7% do total: os brancos foram 407 (79,3%). No Senado, foram eleitos cinco negros e 22 brancos. A composição total do Congresso Nacional, portanto, é de 20,5% de negros e 79,5% de brancos. Considerando que a população negra no Brasil representa 52% da população, podemos dizer que o Legislativo não reflete, mais uma vez, a composição étnico-racial da sociedade. O partido político que elegeu mais negros foi o PT (18 deputados), seguido do PSB (10) e do Partido Republicano Brasileiro - PRB (10). No Senado, os cinco negros eleitos pertencem aos partidos PT, PSB, Partido Progressista - PP, Partido Democrático Trabalhista - PDT e Democratas - DEM.


Quanto à idade dos candidatos eleitos, 4,3% tem menos de 29 anos, significando que os jovens também seguiram sub-representados, já que entre as candidaturas representavam 6,8% do total (considerando todos os cargos), e 6,4% concorrendo para Câmara e Senado.

Em outubro de 2014, o Inesc realizou o seminário "Desigualdades no Parlamento: sub-representação e reforma do sistema político”, no qual apresentou os dados com relação ao perfil dos candidatos e candidatas às Eleições 2014, considerando as variáveis sexo, raça/cor e idade, em relação com a distribuição regional e partidos políticos. À época, os dados demonstraram que as candidaturas continuavam a refletir desigualdades intrínsecas da sociedade brasileira relativas às relações de gênero e étnico-raciais, assim como geracional. O resultado das eleições demonstra que, na corrida eleitoral, isso se agrava, e equidade ficou comprometida.

Isso pode ser explicado por um conjunto de fatores que interferem no voto: desde o financiamento privado de campanhas que, geralmente, são canalizados para candidatos homens, brancos, com maior poder aquisitivo e que acabam por ter mais tempo de exposição na mídia; até a própria discriminação do eleitor em relação a determinados perfis, dado que ainda não superamos o racismo e o sexismo em nossa sociedade.

Os dados quanto ao perfil das candidaturas devem ser alvo de reflexão pela sociedade. Um primeiro passo, deve ser pensado como realizar um ajuste imediato no processo eleitoral, visando à promoção da equidade de gênero e raça, por exemplo, estabelecendo cotas para negros e negras nos partidos. No longo prazo, a reforma do sistema político deve ser discutida de forma ampla e democrática, a fim de que a própria estrutura do sistema político seja aperfeiçoada, alterando critérios para a composição partidária, o formato das campanhas e as regras para votação: destaca-se o urgente e necessário fim do financiamento privado de campanha, hoje o fator que mais promove desigualdades no Parlamento, e que também é um aspecto que gera a corrupção generalizada nos partidos.

Por Carmela Zigoni
Fonte das Informações: TSE, 2014. 
Fonte do Texto: Inesc/Adital 
Elaboração: Inesc.

TABELA
*Dados relativos as candidaturas para Câmara Federal e Senado.
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sexta-feira, outubro 03, 2014

Brasileiro vê baixo apoio a mulheres na disputa eleitoral

Pesquisa revela que sexo do candidato não interfere na decisão de voto de 83% dos entrevistados. Ainda assim, 70% dos candidatos nas eleições de domingo são homens


Servidores do Senado concedem entrevista sobre a pesquisa do DataSenado Foto: Jane de Araújo
O número de mulheres em disputa por algum cargo nas eleições deste ano é quase 50% maior do que no último pleito, em 2010. Apesar disso, sete de cada dez postulantes a uma vaga na eleição de domingo são homens. A falta de apoio dos partidos políticos é o principal motivo que leva uma mulher a não se candidatar para um cargo político, conforme constatou pesquisa do DataSenado divulgada ontem. As mulheres que apontaram esse motivo somam 41% dos entrevistados.

As entrevistas com 1.091 pessoas, entre homens e mulheres de todo o Brasil, de 16 anos ou mais, foram feitas por telefone entre os dias 12 de agosto e 3 de setembro deste ano.

Entre os motivos que restringem a participação da mulher, a falta de interesse por política aparece em segundo lugar (23%) e a dificuldade de concorrer com homens, em terceiro (19%).

Os dados do DataSenado revelam que não são os afazeres domésticos e a família que têm afastado as brasileiras das câmaras municipais, das assembleias e do Congresso Nacional. Esses motivos são pouco citados, ficando com apenas 5% e 6% das respostas, respectivamente. — A própria falta de interesse por política, apontada como a segunda principal causa, pode ser decorrente de outros fatores. Não é por falta de interesse. Elas demonstram interesse, que é um pouco mais baixo do que dos homens, mas é considerável. A grande barreira para a participação está dentro da política partidária — ponderou o assessor especial da Secretaria da Transparência do Senado Thiago Cortez.

A pesquisa, intitulada A Representação da Mulher na Política Brasileira (a primeira do gênero realizada no país), revelou também que os brasileiros não decidem o voto baseado em gênero. Para 83% dos entrevistados, na hora de escolher alguém para votar, o sexo do candidato não faz diferença. Para reforçar que não levam em conta o gênero, 79% alegam já ter votado em uma mulher para ocupar um cargo político. A eleição em 2010 da presidente Dilma Rousseff contribuiu para influenciar os eleitores a votarem em mais mulheres, conforme a pesquisa. Foi o que afirmaram 65% dos entrevistados.

Entre aqueles que consideram que o gênero é determinante nessa escolha (um total de 12% dos entrevistados), 49% disseram que preferem votar em mulheres e 38%, em homens.


— Da parte do eleitorado, não há qualquer impedimento, qualquer restrição à participação das mulheres na política. O eleitorado não apenas está disposto a votar em mais mulheres como também não considera o sexo na hora de optar. Muitos indícios, aliás, dizem que quando há predileção, a predileção é inclusive por mulheres — observou Cortez.

O levantamento, que contou com o apoio da Procuradoria Especial da Mulher, tem margem de erro de 3 pontos percentuais e confiabilidade de 95%. Isso significa dizer que se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 delas os resultados estarão dentro da variação de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo a consultora legislativa Maria da Conceição Lima Alves, a pesquisa do DataSenado reforça a tese da Procuradoria da Mulher do Senado de que a legislação em vigor tem sido insuficiente para garantir uma participação mais igualitária da mulher na política.

— Os partidos precisam ser cobrados pelo fortalecimento das candidaturas de mulheres. A pesquisa confirmou a existência de um fator inibidor dentro dos partidos a essas candidaturas — observou a consultora.

Veja a pequisa na íntegra aqui.

Fonte: Jornal do Senado

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O Brasil privatizado, clássico reeditado em nova e ampliada edição


A nova edição do livro "O Brasil Privatizado – um balanço do desmonte do Estado”, de Aloysio Biondi, é o 11º volume da coleção "História Agora”, lançada pela Geração Editorial. O livro traz análises e críticas de Biondi, um dos jornalistas econômicos mais conceituados do país, e conta com a apresentação de profissionais de peso da imprensa brasileira. A introdução é assinada por Janio de Freitas e o prefácio é de Amaury Ribeiro Jr.

A obra chega às livrarias em um momento em que, novamente, seu tema está no centro dos debates eleitorais. "O Brasil Privatizado” é "legado fundamental para o conhecimento do nosso tempo brasileiro”, conforme a observação de Janio de Freitas.

Biondi conta como estatais foram entregues com os cofres recheados à iniciativa privada nacional e internacional. A Telefónica de España, que comprou a Telesp, recebeu a empresa paulista com 1 bilhão de reais em caixa. A Vale do Rio Doce foi repassada com 700 milhões de reais em caixa. O Brasil vendeu a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em troca de moedas podres — títulos antigos emitidos pelo Tesouro e comprados por até mesmo 50% de seu valor de face.

Como se não bastasse, Biondi nota que a CSN foi "imediatamente presenteada” com um empréstimo de 1,1 bilhão de reais do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para execução de um plano de expansão de cinco anos. Com direitos a juros privilegiados, abaixo dos níveis de mercado.

A obra sobre a "Era das Privatizações” vem acrescida das análises e colunas que o autor escreveu para jornais e revistas, intituladas "O Brasil Privatizado II – O assalto das privatizações continua”. Amaury Ribeiro Jr. considera uma obra atualíssima para entender a rapinagem que assolou o país. "O tamanho do estrago e a dimensão da dor dos brasileiros a que Biondi se refere eu só viria entender melhor a partir do final de 2011. Foi quando comecei a percorrer o país para lançar o livro ‘A Privataria Tucana’, cujos primeiros passos foram inspirados na obra do grande jornalista”.

Apoiado em pesquisa e análise minuciosas, Biondi traz números e percentuais sobre o processo de leilão do patrimônio público.

Ficha técnica 
O Brasil Privatizado - um balanço do desmonte do Estado Coleção: História Agora – Vol. 11
Autor: Aloysio Biondi
Gênero: Reportagem
Págs: 256
Preço: 29,90
Disponível em e-book

Fonte: Adital
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