terça-feira, setembro 26, 2017

ENTREVISTA: ROBERTO AMARAL FALA SOBRE A ATUAL CONJUNTURA À CARTA CAPITAL


A Carta Capital publicou em seu site, uma série de duas entrevistas concedida pelo ex-ministro do governo Lula, e ex-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Roberto Amaral.

Uma entrevista muito lúcida, onde Amaral debate questões bastante pertinentes sobre o atual cenário político do Brasil e as perspectivas para uma retomada dos setores de esquerda e progressista ao PT.

Segundo o cientista político e referencial teórico da esquerda, o que falta ao país é uma verdadeira “Carta ao Povo Brasileiro”. E essa tarefa se coloca em meio a um processo de crise planetária da esquerda, incorrendo assim um enfraquecimento dos ideais revolucionários e a emergência de projetos e ideologias de direitas ou ate mesmo de extrema-direita.

Segundo Amaral, o impeachment da ex-presidenta Dilma não se consolidou como apenas um projeto isolado, pelo contrário, atende a uma concepção de Estado e economia, totalmente influenciada pelo processo de financeirização internacional do Capital. Para ele, “o projeto em curso é ideologicamente mais profundo do que aquele que levou ao golpe de 1964”.

E diante disso, segundo Amaral, cabe aos setores mais progressistas e de esquerda, a compreenção acerca dessa nova conjuntura internacional, para assim refletir sobre os seus erros, fazer uma revisão e a devida autocrítica a certas concepções programáticas e, principalmente, se desapegar da ilusão das conciliações de classes.

Entretanto, também seria sua, a tarefa histórica, de construir uma frente ampla, a partid de aliança com as forças populares, de uma forma literal. Segundo Amaral, “o programa do Lula, até certo ponto bem-sucedido, tinha como ponto de partida a “Carta ao Povo Brasileiro”, claramente um acordo com a classe dominante. Esse acordo hoje é difícil, pois foi rompido pela elite no impeachment da Dilma, em especial pelo sistema financeiro”.

Para Roberto Amaral, é fundamental e imperioso atrair os extratos médios ponderados da sociedade em torno de um programa pautado por uma frente ampla, para assim, retornar ao poder e fazer o devido enfrentamento à direita, aos “bolsonaros”,”malafaias” e “felicianos” que são porta-vozes da extrema-direita, bem como ao atual Congresso Nacional controlado pelo poder econômico e ao Judiciário partidarizado. Veja as entrevistas na íntegra a seguir.




Roberto Amaral: “Não é mais possível apostar na conciliação”

por Sergio Lirio
Parte I


O PT e as esquerdas deveriam aprender com seus erros e preparar uma verdadeira “Carta ao Povo Brasileiro”, defende o ex-ministro Roberto Amaral

As organizações ditas de esquerda e o PT em particular não podem mais postergar: é hora de uma reflexão profunda sobre os erros recentes. Só assim, acredita o ex-ministro Roberto Amaral, será possível recuperar a credibilidade com a população, ensaiar uma volta ao poder e reunir forças para aplicar um programa de fato transformador. Falta uma verdadeira “Carta ao Povo Brasileiro”, defende na primeira parte da entrevista. A ideia de conciliação que molda o imaginário político nacional não é mais aplicável. O PT buscou um pacto com a elite e foi traído na primeira oportunidade, relembra.

Carta Capital: Por que tem sido tão difícil mobilizar a população contra as reformas do governo Temer?
Roberto Amaral: Há uma certa depressão. Os brasileiros, à direita e à esquerda, não tem nada a comemorar. Suas teses, seus projetos, desmancharam-se no ar. Quem derrubou Dilma Rousseff está às voltas com o fracasso do governo Temer e com os escândalos de corrupção. O campo progressistas, por seu lado, não consegue mobilizar as massas. Eis o problema.

CC: Por quê?
RA: Uma de duas. Ou as organizações progressistas não estão empenhadas em interagir com a maioria da população ou não têm mais lideranças. A violência cometida contra os trabalhadores neste momento não tem precedentes na história republicana. Qual a consequência? Quantas fábricas foram paralisadas? Quantas greves foram organizadas?

CC: São pontos intrigantes. A rejeição às reformas e a Temer beira a unanimidade, mas não se converte em reação.
RA: A reprovação de Temer chegou a 95%, segundo pesquisa do instituto Ipsos. Como se explica um presidente com esta taxa de desaprovação permanecer no poder?

CC: Devolvo a pergunta: Como?
RA: Vivemos um momento de declínio da política. O Congresso foi capturado pelo poder econômico, não mais preocupado em se reeleger, mas em realizar seus lucros neste mandato. O Poder Judiciário não se tornou apenas politizado, está partidarizado. E o Executivo não tem moral. O Rio de Janeiro é o retrato esquizofrênico, exacerbado, da situação nacional. A política é feita de esperança e ela tem sido aniquilada. Onde estão aqueles que batiam panelas e vestiam a camiseta da Seleção em São Paulo e no Rio de Janeiro?

CC: Eles se encolheram por qual razão?
RA: Estão envergonhados.

CC: Ou sumiram pelo fato de a corrupção nunca ter sido o problema de fato, mas Lula, Dilma e o PT?
RA: Não só. A mídia está dividida neste momento. A Rede Globo não mais se interessa em sustentar o governo Temer. Isso não provocou, porém, a mesma reação naqueles que saíram às ruas contra Dilma Rousseff.

CC: Qual a parcela de responsabilidade da chamada esquerda neste quadro?
RA: Muito grande. Há uma crise planetária da esquerda, ressalte-se. Talvez seja o momento de maior crise após a queda do Muro de Berlim. Ela começou na Europa, inicialmente com a autodissolução dos partidos comunistas, com as legendas socialistas se tornando sociais-democratas e estas indo para a direita e fracassando na administração. O exemplo paradigmático é o Partido Socialista francês. E, note, a França, ao contrário do Brasil, é um país industrializado, com um sindicalismo forte e uma população politizada. Depois da saga da eleição de Lula em 2002, não houve uma preocupação do campo progressista no Brasil em realizar as transformações, coisa que a direita faz neste momento. Ilude-se quem pensa que o impeachment da Dilma era um projeto isolado. Era uma necessidade tirá-la do poder. Temer é uma contingência, necessária para manter o formalismo constitucional. O projeto em curso é ideologicamente mais profundo do que aquele que levou ao golpe de 1964. Estão metodicamente a promover essas reformas, além traçar estratégias para impedir qualquer recuperação de um pensamento social no futuro. Os governos do PT não fizeram as reformas estruturais.

CC: Quais?
RA: O oligopólio dos meios de comunicação não foi enfrentado. Não se fez uma reforma tributária, não se mexeu no Imposto de Renda... O sucesso popular do Lula e de seu governo não foi canalizado para promover mudanças mais permanentes. Neste momento, não tenho certeza se teremos eleições em 2018.

CC: As eleições de 2018 poderiam não acontecer...
RA: Há ao menos duas possibilidades: ela pode acontecer com uma legislação que exclua as forças populares ou o presidencialismo pode ser transformado em um parlamentarismo misto ou puro... O que vai ser determinante é o esforço para a continuidade desse projeto em curso. Barrar o Lula é fundamental para o sucesso dessa estratégia. Ou o retiram por meio de uma destruição moral ou por uma condenação que o torne inelegível.

CC: A confirmação de uma condenação sem provas de Lula e sua exclusão da disputa eleitoral não se tornariam um catalisador da insatisfação popular não vista até agora?
RA: Espero e torço, mas não tenho certeza. Seria a maior de todas as violências cometidas até aqui. As pesquisas confirmam a força popular do Lula. Quero crer que, se acontecer, o campo progressista finalmente se convenceria de que não se trata de uma brincadeira, mas de um golpe para valer.

CC: O PT e Lula parecem inclinados em repetir o discurso da conciliação. Faz sentido insistir nesta estratégia?
RA: Nenhum. As condições internacionais mudaram e a economia e a política internas igualmente se transformaram. Torço para que o PT, Lula e as esquerdas tenham refletido sobre os erros cometidos e abandonado a ilusão da composição de classes, de que poderiam fazer concessões. Os governos petistas confundiram a coalização necessária para governar com a conciliação de classes. As forças progressistas, na nossa história, sempre buscaram a composição com as elites e sempre foram traídas.

CC: Como o senhor explica a apatia do governo Dilma, do PT e do Lula durante a campanha que culminou no impeachment?
RA: Trabalho com suposições, não consegui até hoje compreender. A esquerda, de forma geral, e o PT em particular ficaram assustados com o início do governo Dilma. Em 2015, quem acompanhava a vida parlamentar percebia que a bancada petista se movimentava no Congresso como barata tonta: sem articulação. Houve um refluxo dos movimentos populares diante das opções da presidenta. Ela foi eleita com um projeto e, no governo, adotou o programa dos adversários.

CC: Foi um estelionato eleitoral, certo?
RA: Não usaria essa expressão. De qualquer maneira, ela tem consciência dos erros cometidos. Na Frente Brasil Popular, muitos setores afirmavam a impossibilidade de defender as ações do governo naquele período. E não só. Ouvi isso de gente do PT, da CUT... Há outro ponto crucial: o movimento sindical brasileiro vive uma crise. Não consegue mobilizar nem para a defesa do emprego. É inacreditável que os petroleiros, categoria muito bem organizada, não tenham conseguido convocar uma greve na Petrobras diante do desmonte da empresa. A principal responsável pela crise do Rio de Janeiro é a política da Petrobras de corte de investimentos, de venda de ativos, do fim da exigência de conteúdo nacional.

CC: O Lula deveria ter atendido aos apelos e concorrido em 2014, em vez de apoiar a reeleição de Dilma Rousseff?
RA: Engenharia de obra pronta, ressalvo, é fácil. E é o que vamos fazer aqui, analisar fatos passados. Dito isso, a melhor solução em 2014 teria sido a candidatura do Lula. Ou, no mínimo, ele ter assumido um ministério logo início da administração da Dilma Rousseff. A história mostra agora que naquele momento era preciso um candidato e um presidente com a força popular e o prestígio internacional do Lula para enfrentar a situação. Todos estavam informados a respeito da piora da economia no Brasil. O desastre da articulação política no início do segundo mandato da Dilma revelava a falta de conhecimento do Congresso por parte dos assessores mais próximos da presidenta.




Roberto Amaral: “Não subestimo Bolsonaro”
por Sergio Lirio
Parte II

A emergência do pensamento reacionário representada pelo deputado, diz o ex-ministro, precisa ser compreendida e combatida

Jair Bolsonaro é a expressão mais evidente da emergência do pensamento reacionário no Brasil, estimulado pela expansão das igrejas neopentecostais nas periferias e pelo medo da violência. A direita mostrar-se como tal, afirma o ex-ministro Roberto Amaral, representa um avanço no debate ideológico, mas o campo progressista precisa às pressas de um discurso capaz de oferecer um contraponto. Segundo o ministro, Lula é a única alternativa para o PT e para as esquerdas e deveria lançar imediatamente sua candidatura. Seria uma forma, inclusive, de evitar qualquer manobra para impedir a realização das eleições em 2018.

Carta Capital: Como o senhor interpreta o apoio a Jair Bolsonaro?
Roberto Amaral: É um fato novo, não sei se bom ou trágico. Ele representa a emergência da extrema-direita. Lamento o crescimento da direita e o avanço desse pensamento nas periferias, estimulado pelo neopentecostalismo e pelo medo da violência. Isso mina as bases progressistas e não há um discurso reparador para se contrapor. Ao mesmo tempo, do ponto-de-vista do debate ideológico, é um avanço a direita se assumir como tal, não mais se declarar liberal e democrática. Até o momento o campo progressista não teve tempo de travar um debate ideológico equilibrado. Na sociedade de massas, é preciso da mediação. No Brasil, existe um oligopólio empresarial e um monopólio ideológico nos meios de comunicação. Só um lado controla o fluxo das informações e isso dificulta a reação da esquerda. Não subestimo o Bolsonaro e seu significado. Mas se tivermos coragem de ir a fundo nas causas desse avanço da direita, podemos ter um salto de qualidade no campo progressista.

CC: Existe um plano B no campo progressista caso Lula não possa se candidatar?
RA: Não.

CC: O Lula tem aventado alguns nomes. Citou recentemente o ex-prefeito Fernando Haddad. Não seria insistir em uma fórmula fracassada?
RA: Admiro o Haddad. De todos os nomes testados pelo Lula em busca de renovação, o ex-prefeito de São Paulo é o único a sobrar.

CC: O Haddad não demonstrou na administração de São Paulo os mesmos problemas de Dilma na presidência: incapacidade de articulação política e falta de empatia?
RA:Faz parte do aprendizado. O Haddad foi um bom prefeito e acabou derrotado não pelos seus erros, mas pela reação paulistana ao PT. De qualquer forma, não vejo condições de se pensar em um plano B. O Partido dos Trabalhadores só pode ter um plano, uma alternativa: a candidatura Lula. E não só eu sei disso. Esse esforço conjunto da mídia, da Justiça, do Ministério Público e do sistema financeiro para barrá-lo revela que as forças que produziram o golpe também percebem seu papel crucial. Eu concentraria todas as fichas na candidatura do Lula e iniciaria a campanha imediatamente. Isso poderia garantir o retorno das forças populares ao poder e a realização das eleições em 2018 sem mudanças no modelo presidencialista. Com a campanha de Lula nas ruas, fica mais difícil inviabilizar a disputa no próximo ano ou a promoção de uma reforma política que descaracterize o presidencialismo.

CC: O PT sobreviveria ao impedimento de Lula?
RA: Sobreviveria, mas muito menor. Continua a ser o partido mais enraizado. Fico comovido com a militância, mas 80% do PT é o Lula. Todo partido sobrevive de estar ou da chance de chegar ao poder. O PT cresceu de forma mais expressiva quando se tornou uma expectativa real de poder. Acontece exatamente o mesmo neste momento com o “falecido” DEM. A possibilidade de Rodrigo Maia ocupar o lugar de Temer revigorou a legenda.

CC: O PT continua incapaz de se reinventar e de se aproximar da população que diz representar. Qual a dificuldade?
RA: Isso vale para o campo progressista de forma geral. Marx não explica. As estruturas, desde aquelas antigas dos partidos comunistas, sempre foram acometidas de rápida esclerose. São rígidas, resistentes ao novo. No caso do Brasil, esse fenômeno se une a uma tradição da subordinação das ideologias e doutrinas a lideranças carismáticas. Ocorre à direita e à esquerda. O trabalhismo confundia-se com o varguismo. A UDN era o brigadeirismo e depois o lacerdismo. O populismo, o adhemarismo e o janismo. O lulismo é muito maior que o petismo. O mais engraçado é que a revisão, a autocrítica, faz parte da metodologia marxista, raramente aplicada. Essa reflexão precisa, no entanto, ser profunda e não só nos partidos. Os sindicatos, os movimentos sociais, também necessitam buscar uma reflexão, discutir paradigmas, certezas. Muitas posições ideológicas tem sido contrariadas pela realidade.

CC: Quais as bases de um programa de governo progressista para 2018 em diante?
RA: Os governos Lula e a primeira administração da Dilma não eram de esquerda. O programa era, mas a execução foi de centro-esquerda. O presidente do Banco Central no governo Lula era o Henrique Meirelles. Entre Meirelles e Joaquim Levy, a única diferença está no nome e sobrenome. Um programa de esquerda tem de se basear em uma aliança com as forças populares. O programa do Lula, até certo ponto bem-sucedido, tinha como ponto de partida a “Carta ao Povo Brasileiro”, claramente um acordo com a classe dominante. Esse acordo hoje é difícil, pois foi rompido pela elite no impeachment da Dilma, em especial pelo sistema financeiro.

CC: A Carta ao Povo Brasileiro não foi exatamente redigida para o povo...
RA: É preciso uma carta direcionada de fato ao povo. Uma das transformações fundamentais é promover uma revisão constitucional, por reforma ou por constituinte. É impossível ter um Congresso controlado pelo poder econômico como hoje. É impossível um Judiciário partidarizado. Não se pode mais aceitar a insolvência da democracia. É preciso promover uma reforma tributária, retomar a agrária. E ter coragem de afirma-las, para não se repetir o divórcio entre as promessas de campanha e o exercício do mandato. Temos de defender as empresas estatais, de postular o retorno de uma política externa independente. Um programa assim aglutinaria as forças populares.

CC: O senhor continua a acreditar na possibilidade de formação de uma frente de esquerda?
RA: Defendo e continuo a considera-la possível. Penso, porém, não ser mais suficiente. Precisamos de uma frente ampla. O campo progressista representa cerca de 30% do eleitorado. Com esse porcentual, produz-se uma bela resistência, mas não garante a volta ao governo e muito menos viabiliza um projeto de desenvolvimento. Uma das nossas tragédias, resultado do presidencialismo de coalização, é se eleger o presidente, dar-lhe maioria dos votos, mas só lhe garantir uma minoria no Parlamento. Elege-se um programa e ao mesmo tempo um Congresso que não permitirá a aplicação das promessas de campanha. Daí nascem os escândalos, como o chamado “mensalão” ou este investigado pela Lava Jato.

CC: Qual a diferença da frente ampla para o surrado presidencialismo de coalizão?
RA: A Frente Ampla, como a concebo, avançaria da esquerda para os demais campos progressistas e democráticos. Algo que, se possível, lembrasse as articulações da campanha pelas Diretas Já nos anos 1980. Temos de atrair os extratos médios ponderados da sociedade. Não podemos considerar essa população entregue à direita, ao Bolsonaro.

CC: A Frente Ampla escaparia da velha conciliação que somente beneficia as elites?
RA: Só uma frente, com um dirigente que acredite no apelo à população, pode ter sucesso. O Lula teria de assumir o compromisso de unir à sua a campanha ao Parlamento. Dizer claramente que não adianta coloca-lo novamente na presidência da República se os eleitores não lhe derem uma maioria no Congresso. Se há maioria e apoio popular, brotam as condições para não se repetir os erros recentes. Há uma tendência trágica no Brasil de soluções por cima. Na nossa história, o povo é figurante. Você coloca a população na rua, enquanto negocia por cima. Escolho aqui o ano de 1961: o povo levantou-se contra a tentativa de impedimento da posse de João Goulart, Leonel Brizola articulou a Rede da Legalidade, derrotou-se o golpe, mas, na calada da noite, as elites implantaram o parlamentarismo. A primeira tentativa de derrubar o PT do governo foi em 2005 com o chamado mensalão. Os petistas se comportaram naquela altura da mesma forma do que em 2015, 2016. Recolheram-se assustado. O Lula mandou a estrutura partidária às favas, saiu às ruas e colheu apoio popular. Derrotou a conspiração e se reelegeu em 2006.

FONTE: Carta Capital 


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quarta-feira, setembro 13, 2017

13 DE SETEMBRO: DIA NACIONAL DA CACHAÇA


Nos tempos coloniais, e economia do açúcar fez do Brasil uma região próspera e lucrativa para a metrópole portuguesa. Nessa época, além dos grandes engenhos que plantavam a cana de açúcar a fim de fornecer o "ouro branco" para os mercados europeus, também tínhamos os menos conhecidos, engenhos molinetes, que na verdade eram pequenas extensões fundiárias, existentes mais em Pernambuco e Bahia, onde eram fabricados o melaço, a rapadura e a aguardente.

Contudo, ao contrário do que muitos possam pensar, a fabricação da aguardente no Brasil, não se consolidou apenas como uma produção menor ou artesanal e chegou até a causar polêmicas, em certos momentos da nossa história. No século XVII, por exemplo, a fabricação da bebida conseguiu prejudicar as importações e vendas dos vinhos portugueses. E o sucesso da cachaça "tupiniquin" fez com que o governo português em 1635 proibisse o seu consumo e em 1947 seu comércio.

Essa medida jogou para a clandestinidade muitos fabricantes e comerciantes, que mesmo assim, não paravam de vender cachaça para os mercados interno e externo. Diante desse quadro, em 1660, o governador do Rio de Janeiro propôs uma lei que serviria para aumentar sua arrecadação fiscal, a legislação apresentada permitia o comércio de aguardente, mas passou a tributar o produto. No entanto, a medida era contrária a lei portuguesa, que foi posteriormente revogada, sobrando ao governo uma única saída que para angariar mais impostos, taxar as riquezas do povo.

Uma postura que não agradou os mais ricos. Os impostos chegaram a ser cobrados até mesmo com uso da força. E ao longo que as contestações aumentavam, criavam-se condições para uma revolta com maiores proporções. E após meses de reuniões e preparativos, os proprietários de cana-de-açúcar e alambiques, indignados com os tributos e perseguidos por vender a bebida, no dia 13 de setembro de 1660 se revoltam e em novembro tomam o poder no Rio de Janeiro.

Após dominarem o poder, o então governador, Salvador de Sá, que no momento estava em São Paulo, perde seu cargo, assumindo em seu lugar, Agostinho Barbalho. Depois, em 1661, Jerônimo Barbalho passa a governar o Rio de Janeiro.

Em abril de 1661, o ex-governador Salvador de Sá, auxiliado por tropas baianas e com todo apoio do governo português ataca o Rio de Janeiro, retoma o governo, aprisiona e condena os revoltosos. Jerônimo de Albuquerque foi enforcado e decapitado. Sua cabeça foi posta no pelourinho da cidade, como forma de intimidação aos que também pensassem em se rebelar. No mesmo ano, Portugal libera a produção de cachaça no Brasil, mas permanece a proibição do comércio local. A venda da cachaça só foi liberada em 1695.

E diante da memória à Revolta da Cachaça, todo o dia 13 de setembro - após aprovado em 2010 na Câmara dos Deputados - comemoramos o Dia Nacional da Cachaça.

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