terça-feira, julho 31, 2012

31 de Julho: João Paulo II Canoniza o Primeiro Índígena.

Em 31  de Julho de 2002 o papa João Paulo II, em cerimônia na catedral de N. S. de Guadalupe, localizada na Cidade do México, canonizou o beato Juan Diego, o primeiro indígena a tornar-se santo. Na ocasião o papa pediu que o santo acompanhasse a Igreja peregrina no México, "para que seja cada dia mais evangelizadora e missionária".

Segundo a sua história, Juan Diego avistou a Virgem de Guadalupe em 1531. Uma "Senhora do Céu" que apareceu para o indígena, identificando-se como a mãe do verdadeiro Deus e pediu para Juan informar ao bispo que construísse um templo naquele lugar.

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segunda-feira, julho 30, 2012

Exercício de Sociologia - Grupos Sociais.

01. Sobre a existência de grupos e agrupamentos sociais podemos afirmar que: 
a) Os agrupamentos criados pela humanidade reflete apenas o caráter socializador dos indivíduos nas sociedades industriais. 
b) A própria natureza humana exige que os homens se agrupem e vivam coletivamente entre os seus semelhantes. 
c) Pode ser considerado apenas como uma exigência das sociedades mais dinâmicas, inexistindo assim, nas sociedades primitivas. 
d) Os grupos sociais se relacionam aos interesses materiais e econômicos de uma sociedade, atribuindo um papel secundário a inserção dos indivíduos aos mesmos. 
e) Os agrupamentos sociais são aspectos de relevância mínima para o entendimento geral de um sistema social. 

02. Para o sociólogo Karl Mannheim, os contatos e os processos sociais aproximam ou afastam os indivíduos, provocando o surgimento de diversas formas de agrupamentos sociais de acordo com o estágio de integração social. Diante disso, podemos afirmar que: 
a) O contato entre os diferentes indivíduos existentes em uma esfera social contribui apenas para que os mesmos convivam apenas no mesmo espaço, na forma de grupos. 
b) Não há possibilidade de convivência entre os indivíduos de uma sociedade, se os mesmos não fizerem parte de um determinado agrupamento social. 
c) Família, escola, igreja e até mesmo o próprio Estado podem ser definidos como um grupo social. 
d) Os grupos sociais são os principais indicadores das desigualdades sociais presentes nas sociedades industriais. 
e) Os indivíduos passaram a se organizar e conviver em grupo a partir das sociedades feudais da Europa ocidental. 

 03. Sobre os Grupos Sociais analise as afirmativas: 

I - Grupo Social é a reunião de duas ou mais pessoas, associadas pela interação, e, por isso, capazes de ação conjunta, visando atingir um objetivo comum. 
II - Os indivíduos, ao longo de sua vida, participa de vários grupos sociais, como o familial, vicinal, escolar, religioso, profissional etc. 
III - Características como: pluralidade de indivíduos, interação e exterioridade são presentes nos grupos sociais. 
IV - Os grupos sociais podem ser entendidos como o conjunto de pessoas que seguem uma ideologia única.  

Estão corretos: 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II, III e IV. 
d) I, II e III. 
e) II e IV 

04. Existem, além dos grupos sociais organizados, formas diferentes de agrupamento social, chamados na sociologia de agregados sociais. Sobre esse tema, marque a alternativa incorreta: 
a) Os agregados podem ser definidos como uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, no entanto, mantém entre si um número mínimo de comunicação e de relações sociais. 
b) Agregado social não é organizado e as pessoas que dele participam são relativamente anônimas. 
c) Ao contrário dos grupos, os agregados não permitem aos seus membros o desenvolvimento de uma maior identidade coletiva. 
d) Os agregados sociais são homogeneos e os indivíduos que dele fazem parte comungam de uma identidade coletiva e objetivos comuns bastante nítidos. 
e) Destaca-se como agregados sociais a multidão, o público e as massas. 

05. Sobre os temas, multidão, público e massa, assinale as afirmativas a seguir e relacione com as suas definições. 
1. Multidão. 
2. Público. 
3. Massa. 

(  ) Um grupo de pessoas observando um incêndio de um edifício em chamas. 
(  ) Indivíduos que assistem uma propaganda de TV. 
(  ) Torcedores que assistem a um jogo de futebol. 
(  ) Platéia de um espetáculo teatral. 
(  ) A população de um bairro que se junta para linchar um bandido. 

A sequência correta é: 
a) 1,1,2,3,2. 
b) 1,3,2,2,1 
c) 2,1,3,3,2. 
d) 1,1,3,3,2. 
e) 3,2,1,2,3.
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domingo, julho 29, 2012

Elogiando as Utopias & Cortejando o Absurdo - Noberto Bobbio.


"O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los. Trata-se de um problema não filosófico, mas político.





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sábado, julho 28, 2012

28 de Julho: Morte de Lampião.

Após os longos anos de conflitos entre cangaceiros e as tropas governamentais, a Grota do Angico, situada nas margens sergipanas do rio São Francisco foi o cenário da chacina que ocasionou a morte do cangaceiro mais famoso do Brasil, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

Era madrugada do dia 28 de Julho de 1938 quando a volante composta por 48 soldados da polícia de Alagoas conseguiu chegar de maneira silênciosa ao esconderijo dos canganceiros. Cercando e pegando todos de supresa, os militares que contavam com metralhadoras portáteis, não precisaram de muito tempo para abater seus inimigos.

O bando era composto por aproximadamente 35 cangaceiros, depois do ataque surpresa, alguns conseguiram fugir e onze morreram ali mesmo. Entre os mortos, estava Lampião, o cangaceiro mais temido e procurado de todo sertão brasileiro. Depois do ataque, os soldados decapitaram os mortos e, sob a liderança do Tenente João Bezerra da Silva percorreram por vários locais do nordeste exibindo as cabeças dos cangaceiros como se fossem troféus. Já na cidade de Piranhas, visando intimidar a ação de outros bandos e humilhar o rei do cangaço, as cabeças de Lampião, Maria Bonita e demais cangaceiros foram arrumadas  e expostas na escadaria da prefeitura. 
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sexta-feira, julho 27, 2012

Edgar Vasques: Rango.


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No Mugido da Boiada.

Quando as primeiras cabeças de gado chegaram à província da Bahia, no começo do século XVI, para alimentar os habitantes das povoações de origem europeia em formação, não se imaginava que aquele seria o início do surgimento do fenômeno que, muito tempo depois, Guimarães Rosa chamaria de “época do couro”. Por volta de 1550, o gado tomava conta da costa, e houve necessidade de criá-lo longe, deixando as lavouras livres para a plantação da cana-de-açúcar. E foi assim, no mugido da boiada e na ponta do ferrão, vestindo couro da cabeça aos pés, que vaqueiros desbravaram o Nordeste, fixando-se nos sertões e tornando habitável o interior, até então desconhecido. 

Os vaqueiros representam um modo de ser e viver existente há mais de 400 anos, uma das características culturais das mais emblemáticas do sertão baiano. Hoje, a “civilização do couro” é reconhecida oficialmente pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) como bem imaterial. O Ofício dos Vaqueiros passou a integrar o Livro do Registro Especial dos Saberes e Modo de Fazer, e a Bahia tornou-se o primeiro estado brasileiro a reconhecer um ofício, em maio último. Antes, apenas a esfera federal, via Ministério da Cultura, detinha este poder. Para o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, a ação é importante para “sinalizar as referências culturais formadoras das sociedades baiana e brasileira, adotando medidas para sua preservação, de modo a contribuir para a estruturação das identidades e memórias sociais”. 

Responsável pelo dossiê do Ipac que explica a importância histórico-cultural do Ofício dos Vaqueiros, o antropólogo Washington Queiroz ressalta que, no Brasil, a política de preservação do patrimônio sempre esteve voltada para o bem físico, sobretudo o arquitetônico. Esta visão impediu, por muito tempo, que a riqueza cultural sertaneja fosse vista, sempre relegada aos sertões. “A Bahia jamais incluiu os saberes e afazeres sertanejos dentro de seus repertórios identitários, tendo, inclusive, uma postura excludente e preconceituosa para com as manifestações do sertão, cujo território constitui esmagadoramente a maior parte do estado”, afirma. 

Desde 1985, o antropólogo conduz uma pesquisa que deu origem à série de livros Histórias de Vaqueiros: Vivências e Mitologia. Os primeiros três volumes já saíram e mais dois estão no forno e serão lançados no segundo semestre. Para ele, o reconhecimento dessas vivências é simbólico, uma reparação sociocultural: “Trata-se de inclusão e pertencimento necessários para dialogar com certa tendência de uma Bahia que lida com o risco da monoculturalização e do não reconhecimento de sua diversidade”.

Fonte: Revista de História
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Movimentos Sociais Excluídos, Parlamentares Ignorados.

A aprovação pelo Congresso Nacional da nova composição do CCS mostra a capacidade das velhas “raposas políticas” do Brasil de se reinventarem, burlando as reais intenções da lei em benefício próprio.

Em fevereiro de 2009, dois anos depois da desativação deliberada e ilegal do Conselho de Comunicação Social (CCS), escrevi neste Observatório artigo com o título “Por que o CCS não será reinstalado” no qual cometi erro primário de avaliação: subestimei a capacidade ilimitada de velhas “raposas políticas” brasileiras de se reinventarem na burla das reais intenções da lei em benefício próprio. 

A aprovação pelo Congresso Nacional – na noite de terça-feira (17/7) – da nova composição do CCS, previsto no artigo 224 da Constituição e regulamentado pela Lei nº 8.389/1991, é o último exemplo de mais um desses casos. No Brasil, mudanças no setor de comunicações só acontecerão se partirem das ruas.

Reivindicado por movimentos sociais e pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular (Frentecom), que reúne 194 deputados federais e mais de 100 entidades da sociedade civil, a nova composição do CCS foi aprovada em sessão às vésperas do recesso parlamentar, convocada com um único ponto de pauta – o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias – sem qualquer discussão e sem o conhecimento da maioria dos parlamentares.

Indignada, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), coordenadora da Frentecom, afirmou: 

"Lamentavelmente, depois de seis anos, o Conselho ressurge da forma mais autoritária, unilateral e ilegítima que se poderia esperar. Numa sessão do Congresso, embutiram entre as matérias extrapauta a aprovação de nomes estranhos aos segmentos que lutam por essa causa e ficamos perplexos”.

As regras do jogo:

O § 2º do artigo 4º da Lei nº 8.389/1991 reza: 

§ 2° Os membros do conselho e seus respectivos suplentes serão eleitos em sessão conjunta do Congresso Nacional, podendo as entidades representativas dos setores mencionados nos incisos I a IX deste artigo sugerir nomes à mesa do Congresso Nacional. 

Não há, portanto, obrigatoriedade do Congresso Nacional de escolher nomes “sugeridos” por entidades representativas dos diferentes setores e da sociedade civil organizada que devem fazer parte do CCS. 

O “espírito” da lei, todavia, por óbvio, é de que sejam eleitos nomes com algum vínculo efetivo com as entidades e com a sociedade civil organizada. Quando esses nomes, todavia, indicam a possibilidade de que eventuais ações futuras do CCS possam contrariar interesses dos atores dominantes no setor de comunicações, eles são ignorados por quem tem o poder de facto de conduzir o processo. Foi exatamente o que aconteceu. 

Ofício da Frentecom indicando sete nomes para ocupar as cinco vagas de representantes da sociedade civil (inciso IX do artigo 4º), resultado de ampla consulta realizada junto a 105 entidades, protocolado na Presidência do Senado em 8 de fevereiro de 2012, não mereceu sequer resposta. (Um dos sete nomes indicados aparece na relação de membros eleitos como representante da categoria profissional dos jornalistas.) 

Tanto a Frentecom como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) emitiram notas públicas de repúdio à forma pela qual o Congresso Nacional procedeu à eleição dos novos membros do CCS [ver abaixo a íntegra das notas]

Improbidade administrativa:

O que teria levado o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), depois de quase seis anos, a colocar em votação, de forma inesperada e antidemocrática, a escolha de novos membros do CCS? 

Duas notas publicadas na coluna “Rosa dos Ventos”, assinada por Maurício Dias na revista CartaCapital (nº 706, data de capa de 18/7/2012), talvez contenham a explicação. Está lá: 

Crimes de conduta I 

Faz um ano que Fábio Konder Comparato enviou representação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contra o presidente do Congresso Nacional, José Sarney, por não eleger os membros do Conselho de Comunicação Social desde 2006. 

Gurgel, a exemplo de Sarney, sentou em cima em vexaminoso gesto de desrespeito à sociedade e, também, a um dos mais notáveis advogados brasileiros. Ou essas referências não importam a esses dois senhores? 

 Crimes de conduta II:

Comparato desdenha sobre ele próprio e prefere constatar aborrecido para, em seguida, ironizar: “O presidente do Congresso Nacional está em mora de convocar eleição para o preenchimento dos cargos naquele Conselho. Terá esquecido esse seu dever de ofício? Nenhum assessor o advertiu a respeito?”

Sarney e Gurgel incorrem em atos de deslavada improbidade administrativa. Aparentemente, o risco concreto de ser processado por improbidade administrativa teria obrigado o presidente do Congresso, finalmente, a agir. Ademais, permanecem válidas observações que fiz ao final do artigo acima mencionado, publicado em 10 de fevereiro de 2009: 

“O Congresso Nacional e, sobretudo, o Senado Federal abriga um grande número de parlamentares que têm vínculos diretos com as concessões de rádio e televisão. O CCS é um órgão que – mesmo sendo apenas auxiliar – pode discutir questões que ameacem os interesses particulares desses parlamentares e dos empresários de comunicação, seus aliados. (…) 

“A recondução de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado Federal e, portanto, do Congresso Nacional, não deixa dúvidas sobre o futuro próximo não só do CCS, mas de projetos no interesse da democratização das comunicações. Além de ser o exemplo emblemático do ‘coronel eletrônico’, José Sarney já reconheceu publicamente que é concessionário (de rádio e televisão) por motivos políticos: ‘Se não fossemos políticos, não teríamos necessidade de ter meios de comunicação’, afirmou numa entrevista à revista CartaCapital (…) 

Registre-se ainda que o cenário existente no Congresso Nacional se reproduz nas assembleias estaduais e justifica, em boa parte, as imensas dificuldades para instalação dos conselhos estaduais de comunicação, até hoje só existente na Bahia, apesar de estar previsto há décadas em pelo menos dez constituições estaduais e na Lei Orgânica do Distrito Federal.

O que fazer? 

A explicação para o poder que a grande mídia ainda consegue articular em torno de si mesma talvez decorra do fato de seus interesses estarem de tal forma imbricados com aqueles de setores empresariais e das oligarquias políticas – locais, regionais e nacionais – que permanecem intocáveis. 

 Há, todavia, um importante fenômeno acontecendo em nosso país. Escrevi, um ano atrás: 

“O que a grande mídia não consegue mais controlar é o aumento da consciência sobre a importância do direito à comunicação nas sociedades contemporâneas. (…). Para além do entretenimento culturalmente arraigado – simbolizado pelas novelas e pelo futebol – cada dia que passa, aumenta o número de brasileiros que se dão conta do imenso poder que ainda está nas mãos daqueles que controlam a grande mídia e que, historicamente, sonega e esconde as vozes e os interesses de milhões de outros brasileiros” (ver “As mudanças virão das ruas”). 

Está no caminho certo o FNDC, que prepara uma Campanha Nacional em Defesa da Liberdade de Expressão para Todos, a ser lançada ainda em 2012,com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população brasileira em torno do direito à comunicação.  Na Terra de Santa Cruz, as mudanças no setor de comunicações só acontecerão se partirem das ruas. A ver.

Nota da Frentecom Frentecom repudia método de composição do Conselho de Comunicação Social:

A Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular (Frentecom) recebeu, na manhã de hoje, com estranheza e perplexidade a informação de que o Congresso Nacional aprovou na sessão de ontem (17/7) a nova composição do Conselho de Comunicação Social (CCS), desativado há quase 6 anos por omissão da Presidência do Congresso. 

A votação dessa matéria se deu numa sessão do Congresso convocada com um único ponto de pauta, ou seja, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, às vésperas do recesso parlamentar. O item sobre o CCS deve ter sido incluído como extra-pauta, sem discussão e à revelia da maioria dos parlamentares, provavelmente com o conhecimento apenas dos líderes de bancada presentes à referida sessão. 

Considerando tratar-se de uma questão de grande interesse da sociedade e que consta da agenda de trabalho da Frentecom que, inclusive, encaminhou em fevereiro de 2012 ao Presidente do Senado indicação de nomes da sociedade civil para compor o conselho, sem ser atendido, manifestamos nosso veemente repúdio pela forma desrespeitosa e antidemocrática como o Presidente do Senado tratou, neste caso, os parlamentares e representantes de mais de cem entidades da sociedade civil que integram a Frentecom. 

A Frentecom reitera o firme compromisso de continuar lutando por um CCS plural e representativo que corresponda aos reais anseios democráticos da sociedade brasileira, esperando contar com o apoio das senhoras e senhores Parlamentares para reverter esse grave equívoco do Congresso Nacional. 

Brasília, 18 de julho de 2012 
Dep. Luiza Erundina de Sousa / Coordenadora da Frentecom.

Nota do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) recebeu com surpresa a notícia da reativação do Conselho de Comunicação Social (CCS), e vem a público manifestar seu repúdio e indignação quanto à nomeação antidemocrática e preconceituosa realizada pelo Congresso Nacional. 

A inclusão do Conselho de Comunicação na Constituição Federal de 1988 foi fruto tanto da luta política e da mobilização de diversos segmentos sociais quanto da articulação da sociedade com o Parlamento, fato que não se repetiu agora quando da composição do Conselho. Não houve diálogo sequer com a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação, subscrita por mais de 180 parlamentares, com forte representação da sociedade civil, que no ano passado encaminhou sugestões para a composição. 

O CCS foi regulamentado em 1991, mas só teve sua primeira indicação em 2002, e estava parado desde 2006, numa interrupção ilegal e inconstitucional. Embora tenha caráter consultivo, ele pode cumprir papel importante de fomentar debates sobre os temas da comunicação social, e servir como impulso para o Congresso regulamentar os artigos constitucionais sobre comunicação que estão há 24 anos sem definição legal – como o que proíbe monopólios e oligopólios e o que aponta para a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal. 

Contudo, as indicações realizadas na reativação do CCS foram completamente arbitrárias, sem diálogo com a sociedade civil organizada com atuação no campo, que foi atropelada justamente no momento em que busca contribuir com o avanço da democratização da comunicação e com a efetiva liberdade de expressão para todos e todas. A demonstração do nosso acúmulo e compromisso se dá cotidianamente para quem acompanha a pauta, e foi mais do que comprovada durante a I Conferência Nacional da Comunicação (Confecom), realizada em 2009 e praticamente ignorada pelo Congresso Nacional, com honrosas exceções. 

Nas vagas fixas reservadas a trabalhadores, foram mantidos representantes de entidades do movimento, como a Fenaj, mas a indicação dos radialistas se deu sem diálogo com a atual gestão da Fitert e a dos artistas privilegiou um único sindicato, com forte ligação com o setor patronal, em detrimento da associação nacional. 

Já nas indicações das cadeiras da sociedade civil foram privilegiados setores conservadores (inclusive empresários do setor) e ligados às igrejas, com claro favorecimento a cidadãos com relações pessoais com o presidente do Congresso Nacional. A exceção positiva foi a indicação de pessoas com ligação com a pauta da cultura digital, que ainda assim não contempla as perspectivas do movimento pela democratização da comunicação. 


Além destas incoerências, é grave a constatação de que todos os 13 nomes indicados para a titularidade da representação são de homens, desprezando a diversidade e a pluralidade da sociedade ao alijar completamente a participação feminina, algo inadmissível para a construção de uma sociedade democrática. 

Um Conselho que deveria servir para auxiliar o Parlamento, e que reúne entre suas funções avaliar questões ligadas à liberdade de manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação, além de emitir pareceres e recomendações ligadas à produção e programação de emissoras de rádio e televisão, não deve – e não pode jamais – prescindir da participação de uma representação coerente da sociedade civil à altura de tão complexas e estratégicas responsabilidades. 

Conclamamos os nobres parlamentares a desfazerem esse grave erro e reabrirem o diálogo. Este tipo de prática arbitrária afronta os direitos do povo brasileiro e afeta o caráter democrático do Conselho.

Por Venício A. de Lima (jornalista, professor aposentado da UnB e autor de, entre outros livros, de Política de Comunicações: um balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012)

Fonte: Revista Fórum.

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quarta-feira, julho 25, 2012

25 de julho: Dia de Comemorar a Resistência da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha ao Racismo e Sexismo.

O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi instituído em 25 de julho de 1992, em encontro na República Dominicana, e será comemorado em todo o País.

 A partir de amanhã (24), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) participa de uma série de eventos para comemorar o Dia da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha. Durante as atividades, serão discutidas estratégias que fortaleçam o trabalho das organizações de promoção da igualdade racial e de gênero no Brasil. 

 Brasília: V Festival Afrolatinas:

Tem início hoje (23), em Brasília, o V Latinidades - Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha. Durante sete dias serão realizados shows, oficinas e debates para dar visibilidade ao histórico de lutas e resistência da mulher negra na América Latina. 

Amanhã, a diretora de programas da SEPPIR, Mônica Oliveira, participa da mesa que vai discutir a saúde integral da mulher negra. Segundo a diretora, atualmente, 60% das mulheres vítimas de morte materna são negras: “Durante a gravidez, as mulheres negras têm menos chance de passar por consultas pré-natal, seja por dificuldades de acesso, por falta de informação ou mesmo por discriminação nos serviços”, explica. 

 Ainda no Latinidades, a gerente de projetos da SEPPIR, Eunice Léa de Moraes, participa do debate sobre emprego e renda. O relatório de Perfil do Trabalho Decente divulgado na última quinta-feira (19) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelou que jovens negras têm menos acesso à escola e ao trabalho. Na faixa etária entre 15 e 24 anos, uma em cada quatro jovens negras brasileiras não estuda ou não trabalha, esse número corresponde a 25,3% dessa faixa da população. 

 Este ano o evento homenageia a filósofa e militante Sueli Carneiro, fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra. O tema da V edição do festival é Juventude Negra, que orienta os seminários e debates envolvendo profissionais negras latino-americanas e caribenhas e também africanas. A programação inclui a feira de afro-negócios, em que empreendedoras negras expõem seus produtos e serviços ao público. O encerramento terá apresentações artísticas e desfile de moda baseado nas vestimentas de religiões de matriz africana. 

 A escolha do tema Juventude Negra vem da necessidade de discutir os desafios enfrentados por esta parcela vulnerabilizada da sociedade que, infelizmente, constitui a principal vítima da violência urbana e tem sido alvo predileto dos homicidas e dos excessos policiais. No Brasil a juventude negra encabeça o ranking dos que vivem em famílias consideradas pobres e recebem os salários mais baixos do mercado. Encabeçam, também, a lista dos desempregados, analfabetos, dos que abandonam a escola antes de tempo e dos que têm maior defasagem escolar. 

 No contexto do festival, de junho a novembro de 2012, serão realizadas ações em São Paulo e em Brasília, no Complexo Cultural da República de 23 a 29 de julho, nas Regiões Administrativas do Paranoá, Varjão, Itapuã, Cidade Estrutural e no Presídio Femino Colméia. 

Este ano a grande novidade do evento é a parceria com o Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília - que, juntos, vão realizar uma semana de grande shows no Museu Nacional de Brasília, de 23 a 29 de julho. Além do Cena Contemporânea, outra parceira é a Feira Preta SP, que acontecerá nos dias 28 e 29 de julho. 

 Outros Estados:

A saúde da mulher negra também será tema de palestra realizada pela Prefeitura da cidade de Itajaí em Santa Catarina, a ser realizada na sexta-feira (27). “Nossa tarefa enquanto SEPPIR é levar informação e formação para essas atividades e é estratégico porque, informados, eles se articulam melhor para nos ajudar a mudar esses dados”, explicou Mônica Oliveira. 

No dia 26, a secretaria discute o cenário da Política de Promoção da Igualdade Racial para Mulheres com foco nas moradoras de Comunidades Tradicionais, no I Seminário Estadual de Mulheres de Comunidades Tradicionais, que será realizado pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Espírito Santo. 

 A Secretária de Políticas de Ações Afirmativas da SEPPIR, Ângela Nascimento, participa da oficina: Desafios da Interseccionalidade das Agendas de Cairo e Durban no Brasil: Cairo + 20 (1994) e Decênio das e dos Afrodescendentes das Nações Unidas (2012-2022) que será realizada em Curitiba de 27 a 29 de julho. 

Fonte: Site da SEPPIR
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segunda-feira, julho 23, 2012

As Aventuras da Família Brasil - Luis Fernando Veríssimo.

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domingo, julho 22, 2012

Poderes Intocados Poderes!

Desde o Plano Real, a banca brasileira montou seu esquema de financiamento da dívida pública com base nas mais altas taxas de juros do mundo. Até hoje, foram duas décadas para começar a desmontar o esquema, baixar os juros, espremer a questão dos spreads bancários aos financiamentos privados, sob a grita da banca e a firmeza de Dilma. 

Foi preciso uma crise econômica mundial tremenda para dar o start nisso. E risivelmente, se não fosse trágico, Meirelles ainda elevou os juros no ano fatídico de 2008, ao irromper a crise aberta. 

Agora, foi instalado o Conselho de Comunicação Social. Não é uma brastemp, mas volta-se ao fundamental: algum tipo de controle social sobre a mídia que planta, apura, julga sumariamente e condena. Os insatisfeitos que aleguem a lei de imprensa e esperem por vários anos o julgamento, já condenados. Vejam: o Conselho foi criado em 1991, e só composto agora. Vinte anos! 

Finanças e mídia são os poderes que se querem intocados. Mas há mais um elemento que os liga. A campanha violenta contra a política, a desmoralização da política, aproveitando o fato de um sistema político disfuncional – voto nominal e financiamento privado da campanha – deixa de lado o fundamental. Isto é, o patamar de corrupção na política passou a ser um problema mundial. Derivou do novo nível de financeirização da riqueza, que potenciou a captura dos interesses públicos, aí incluída na política. Ou seja, onde há corrupção há corruptores, e o patamar de sua operação se elevou às alturas. No Brasil, portanto, não deriva apenas e hoje nem principalmente do patrimonialismo a tradição brasileira. Aí entra a mídia: ao patrimonialismo é atribuído todo o mal, o Brasil “não teria jeito”, é o mantra. Deixam ilesos o sistema erigido com base no poder das finanças e da própria mídia. 

No fundo, ainda que indispensáveis à economia e à democracia, finanças e mídia são poderes que se querem intocados. Há como pô-las a serviço de um novo projeto nacional de afirmação da nação brasileira. 

Por Walter Sorrentino (Secretário Nacional de Organização do PCdoB).
Fonte: Site do PCdoB.
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sábado, julho 21, 2012

A Escravidão Pós-Moderna e o Triste Retrato do Setor Privado da Educação


Diante de uma profissão não regulamentada, de uma alta rotatividade nos postos de trabalho e de uma realidade salarial bastante deficitária quando comparamos a média da remuneração da categoria com o valor dos salários pagos em diversas outras práticas laborais, podemos afirmar que os professores do setor privado de ensino, de fato, estão sobrevivendo dentro de um ambiente marcado principalmente pela  insatisfação, precarização e desvalorização do trabalho.

E em virtude desse excessivo grau de exploração que abrange também uma jornada de trabalho que não se resume apenas ao período em que o educador se encontra dentro da sala de aula, grande parte dos professores e professoras estão passando a enxergar as novas tecnologias da educação, não mais como uma aliada à qualificação de suas práticas pedagógicas, e sim, como uma ferramenta de exploração que os patrões disponibilizam para maximizar os seus lucros em detrimento da saúde e do tempo do professor.

Devido a má administração e utilização dos recursos tecnológicos pelas escolas, os professores estão sendo obrigados a esticar ainda mais as suas "jornadas informais"de trabalho fora do ambiente escolar para realizarem atividades complementares e atender as solicitações dos seus alunos dentro das plataformas digitais construídas pelas escolas. E o que é pior, sem nenhuma remuneração por isso. 

Sobre esta realidade, podemos destacar a abordagem feita pelo sindicalista, Alberto Pinheiro¹ em seu artigo, Professor também é Teletrabalhador? que foi publicado pela revista "Conteúdo" (Maio/2012) que pertence à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (CONTEE). 

No artigo, Pinheiro destaca que: 
A prática do teletrabalho tem sido cada vez mais comum, principalmente nas escolas do setor privado, que possuem portais próprios, alimentados diariamente pelos auxiliares em educação e pelos professores. Embora recebendo a mesma remuneração, são obrigados a executar estas tarefas em casa, em período "full time" de trabalho, que pode ser interpretado como "escravidão pós-moderna" nas novas relações de produção (p.19).
Na prática, o que acontece é que os donos das escolas privadas oferecerem serviços como: acompanhamento de notas, frequências e  conteúdos das aulas oferecidas por sua instituição através de sites e plataformas digitais. Tudo isso só tem uma consequência: aumento do valor cobrado nas mensalidades. Não se engane, pois esses tipos de serviços não contribuem para o melhoramento das aulas ou da didática aplicada pelos docentes, pelo contrário, eles podem trazer sérios riscos à qualidade do ensino, uma vez que geram impactos diretos na jornada dos professores, pois como sabemos, são eles que geralmente são os responsáveis em publicar as informações diárias sobre os alunos nas plataformas dessas escolas, mesmos estando fora do horário de trabalho.

No blog da CONTEE² destaca-se a avaliação de que atualmente a necessidade de preparação de aulas com recursos multimídia é uma atividade que demanda tempo e atualização constante - tanto dos educadores, quanto das ferramentas de hardware e software. E isso gera prejuízos aos professores, pois os mesmos têm que investir, com recursos próprios, em cursos ou capacitações para se atualizarem a essas novas exigências do setor, além de aumentar ainda mais o volume de suas responsabilidades e de suas jornadas de trabalho. Segundo a confederação, várias instituições de ensino pressionam seus professores para que produzam materiais para alimentar os websites e blogs, além da participação em fóruns e chats e respondendo os e-mails como uma forma de atendimento personalizado.

Não há dúvidas que esse triste retrato é fruto de um só problema, a não regulamentação do setor privado da educação, permitindo assim que os empresários do setor transitem em um território bastante fértil para a exploração do trabalho visando a obtenção de lucros significativos. Porém, a única forma de modificar essa realidade reside na mobilização e politização da categoria, para que assim, os professores despertem de sua inércia, enfrentem os seus patrões e se façam presentes nas lutas sindicais. Pois, assim como não existe educação de qualidade sem a valorização do professor, também não existe conquista de novos direitos, sem   organização coletiva e mobilização da classe trabalhadora.
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1. Secretário de finanças da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino do Brasil Central.
2. http://algoerradonoensinoprivado.org.br

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Download - Noberto Bobbio.


BOBBIO, Noberto.
Download: 4Shared.
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terça-feira, julho 17, 2012

Coluna: Os Malvados.

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Novo Telecurso - História - Aula 25. (O Absolutismo na França no Século XVII).




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Ser Historiador no Brasil do Século XXI.

Eis mais um excelente artigo que o site Cafe História oferece aos seus leitores, a fim de, ampliar ainda mais o debate sobre o conhecimento histórico, tendo em vista, a sua relevância acadêmica, social, econômica e política. E com muito prazer venho reproduzir esse debate para assim externar a grande admiração que tenho por todos os colaboradores deste renomado site.

Em artigo exclusivo para o Café História, o historiador Jurandir Malerba, professor da PUCRS e professor visitante da Cátedra Sérgio Buarque de Holanda, em Berlim, discute os desafios e as perspectivas do historiador brasileiro na atualidade. 

Por Jurandir Malerba.

Talvez um dos grandes diferenciais de nossa formação seja essa sensibilidade para perceber a historicidade (segundo Heidegger, Geschichtlichkeit - “a historicidade imanente à própria vida”), desde as ferramentas do ofício, o conhecimento dele resultante até nossa própria profissão. Se a isso se acusa uma “perspectiva historicista”, assim sou um historicista conformado. Mas trata-se de assunto que merece atenção. A historicidade da profissão, seu tempo presente e suas (e nossas, dos historiadores) perspectivas de futuro. Tomemos o tempo de sua profissionalização, a começar pela fundação da cátedra por Ranke em Berlim. Este luminar da historiografia do século XIX, ele mesmo, se não era lá um “aristocrata” avant la lettre, foi bem nascido numa família de luteranos, tendo se iniciado no aprendizado do grego e do latim desde tenra idade. Ainda na velha Germânia, os mais proeminentes destiladores do método crítico eram homens de berço: von Humboldt, Niebuhr, Droysen, Gervinus. Marx era de família remediada, mas Engels de industrial. Na França talvez a exceção a confirmar a regra seja Michelet. Chateaubriand morreu visconde, de família da antiga nobreza da Bretanha. Do outro lado da Mancha, os Macaulay estão associados àquela minoria distinta servida por homens, armas e cavalos, egressos de Oxford e Cambridge e ocupantes de altos escalões em Westminster. Assim como Lord Acton, cujo título honorífico que precede seu nome já o situa . No Brasil, não carece estender, a historiografia nasceu nas sessões dominicais do IHGB, Auspice Petro Secundo, Pacifica Scientiæ Occupatio. 

No século XX uma burguesia bem formada, autodidata, fez a história. Bourdieu e Boaventura Santos estudaram o assunto. No Brasil, Oliveira Lima, Caio Prado, Sérgio Buarque, Faoro são nomes ligados a atividades urbanas, às artes e ofícios liberais. Mas tudo mudou drasticamente desde a década de 1970, quando a história começou a se profissionalizar a partir dos PPG’s nas universidades. Quando eu me formei no final dos 80’s, havia lá uma dúzia de PPG’s, se tanto. A vocação natural de cada departamento criado era capacitar seu quadro docente para formar programa próprio. Assim se fez nas últimas três décadas e hoje (avaliação trienal de 2010) somos 54 PPG’s, 81 cursos, 54 mestrados acadêmicos, 26 doutorados e apenas dois mestrados profissionais (o da FGV em Bens Culturais e projetos sociais e o recém-criado mestrado profissional em História da FURG com área de concentração em História, pesquisa e vivências de ensino-aprendizagem). E aqui eu chego ao ponto. 

 Nos últimos oito anos criaram-se dezenas de novas universidades públicas (nos três âmbitos) e privadas. É de se pensar seriamente se a vocação – ou a única opção - de cada novo departamento seja a constituição de um novo programa acadêmico. Competirão com aqueles consolidados, com décadas de experiência, infra-estrutura estabelecida, milhares de teses defendidas. Uma competição desleal e, a meu ver, desnecessária. O Brasil de hoje não é o mesmo do final dos anos 1980 (aleluia!). Mas passa por uma “crise de crescimento”, cujo ponto maior de estrangulamento é a Educação. O caminho é o da revolução coreana – e desejo crer que o mestrado da FURG aponte para uma tendência. Compete-nos suprir uma gigantesca demanda reprimida por qualificação. Carecem de capacitação os jovens historiadores abertos às novas faces do mercado, nas instituições públicas e privadas ligadas à preservação da memória e patrimônio, ao lazer e tempo livre, à mídia e novas tecnologias e linguagens de comunicação e mesmo ao business. Sobretudo, precisamos qualificar os historiadores que estão lá na ponta, na sala de aula, na nobre e difícil missão de educar jovens cidadãos brasileiros. Foi-se tempo de Ranke, Braudel, Sérgio Buarque, de teses como O Mediterrâneo e Visões do Paraíso. É hora e vez de repensarmos nossa missão no cenário brasileiro. O mestrado profissional poderá ser o caminho para o fortalecimento da área e do país. 

Jurandir Malerba: Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto, mestre em história pela Universidade Federal Fluminense e doutor pela Universidade de São Paulo. É atualmente professor de história na PUCRS. Em 2012, inaugurou a Cátedra Sérgio Buarque de Holanda de Estudos Brasileiros na Freie Universität, Berlim. Sua produção científica se concentra principalmente nas seguintes áreas: história moderna e contemporânea; história das idéias no Brasil; formação do estado e da nação no Brasil; teoria e história da historiografia. É lider do grupo de pesquisa Teoria e História da Historiografia, do CNPq desde 2002.

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sexta-feira, julho 13, 2012

Memórias Classistas.

CPV mantém em seus arquivos milhares de registros históricos da classe trabalhadora brasileira


São estantes preenchidas por caixas cheias de fotos, livros, revistas, vídeos que contam uma trajetória de luta e suor que resultou em grandes conquistas para homens e mulheres, trabalhadores brasileiros. 

É assim o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro (CPV), um importante reflexo da história recente do Brasil, com quase 40 anos das lutas da classe trabalhadora e o registro do trabalho de grandes entidades sindicais defensoras da pauta trabalhista. 

A iniciativa se deu quando no Brasil reinava a repressão da ditadura, com suas torturas, prisões, espancamentos, ao mesmo tempo em que a classe trabalhadora se movimentava, de forma silenciosa e se encontrando de forma clandestina em porões e salas fechadas a sete chaves. 

O Brasil atravessava um tempo bicudo. Trabalhadores perseguidos, sindicatos sendo fechados, dirigentes e todos aqueles que se revoltavam contra o sistema acabavam nas celas do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). 

As greves e manifestações começaram a estourar e eram reprimidas violentamente pelo governo. Contudo, apesar da intervenção nos sindicatos, da proibição das greves e de todas as leis restritivas, somados aos ritmos brutais de produção, isso acabou resultando em um fenômeno novo: o ressurgimento da organização dos trabalhadores. As comissões de fábrica clandestinas, que coordenavam a ação dos operários com boicotes da produção, fortaleceram o movimento e favoreceram a onda de greves que teve início em 1978. 

A etapa que então se desenrolou no período de 78 a 80 foi marcada por greves políticas massivas, sustentadas pela precariedade das condições de salário e trabalho, que favoreceram a recuperação dos sindicatos, preparando o terreno para o período que se sucedeu – caracterizado pela consolidação de significativas conquistas para a classe trabalhadora. E é essa historia que está contida dentro das caixas cuidadas por voluntários e militantes que se desdobram para manter intacta a preciosidade que é o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro. 

É o que revela o presidente da entidade, o torneiro mecânico aposentado, Anísio Batista de Oliveira. “O acervo construído pelo CPV é um registro da luta dos trabalhadores e trabalhadoras, pois é composto por várias categorias. É uma riqueza que contribui para a identidade nacional, para que os jovens conheçam a história do país e possam conhecer a diversidade e a riqueza que foi o período e a importância da resistência. Dentro dessas caixas há um valioso material que conta a trajetória de químicos, metalúrgicos, empregadas domésticas, quase todas as categorias”, afirmou um dos fundadores do CPV, que iniciou sua militância na Pastoral Operária. 

Ditadura, memória e luta:

A ideia de criar o Centro de Documentação surgiu no final da década de 60. O projeto foi uma iniciativa do frei Giorgio Callegari, da paróquia Sagrada Família, na região da Rua Vergueiro, localizada na zona sul da cidade de São Paulo. 

Em tempos de ditadura, para não colocarem as suas vidas em risco, as pessoas não conservavam documentação em casa. Veio daí a ideia do religioso – que já atuava nos movimentos de bairro e na alfabetização de adultos – de criar um arquivo que reunisse todo esse material. 

A proposta foi reunir em um único espaço a documentação oriunda dos próprios movimentos e também acompanhar pela grande imprensa e pelos veículos alternativos o que circulava sobre as lutas e a organização que existia à época. 

Aglutinados em torno do projeto de criação do CPV, dominicanos, seminaristas, estudantes universitários, professores, profissionais liberais e militantes de organizações de esquerda se reuniam na comunidade dominicana situada à Rua Vergueiro. 

Assim nasceu o CPV, por meio da vontade de pessoas engajadas para os quais a ação pastoral, social e política deveriam estar a serviço da transformação e da liberdade. Hoje, o Centro está sediado à Rua São Domingos, 224, na Bela Vista, mas nasceu junto à Capela Cristo Operário. 

Apesar de começar a ser articulado em 68 pelo frei e por professores que participavam da Pastoral Operária, o CPV surgiu oficialmente em 1973, com o nome de “Centro Pastoral Vergueiro”. Só em 1989 passou a ser chamado de “Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro”. 

Com apoio às lutas sindicais e populares, e com a oferta de cursos de documentação, o centro, que serviu de referência nacional para a documentação da classe trabalhadora no Brasil e na América Latina, já teve gráfica, livraria e equipe de assessoria voltada para a questão da memória. “Os cursos serviam para orientar centros e trabalhadores sobre a importância de documentar essas lutas e como fazer a comunicação com as bases”, destaca o presidente da entidade. 

No início foi montada a pequena gráfica, que possuía apenas um mimeógrafo a tinta, para rodar materiais de formação e de divulgação dos trabalhadores e trabalhadoras. 


Resistência operária:

Nas décadas de 1970 e 1980, o CPV apoiou a organização de movimentos independentes de governos, Estado, partidos políticos, entidades religiosas, que buscassem a construção da consciência de classe e uma sociedade igualitária, sem exploração. 

Especialmente na década de 70, com a retomada do movimento operário, o centro acabou se tornando um local de encontro, no qual os trabalhadores recebiam assessoria jurídica para as greves e cursos de formação, por meio de um convênio firmado com o Centro Acadêmico 22 de Agosto, da PUC de São Paulo. 

Foi ali também, dentro das salas da Rua Vergueiro, que muitos oposicionistas que se organizavam nas fábricas encontraram um espaço para se reunir. Pode-se dizer que o CPV foi um importante aliado nessa luta travada há tempos dentro das fábricas. 

“Tínhamos que ter um canal para aglutinar os trabalhadores para discutir a questão sindical e popular. Porque na época aconteciam muitas prisões e precisamos de advogados para auxiliar nessas questões”, revelou Anísio Batista, que foi o primeiro nome da chapa da Oposição Operária dos Metalúrgicos ao lado de Santos Dias. 

Segundo Batista, foi uma época muito dura para os sindicalistas. “Organizávamos os trabalhadores por região em São Paulo, por fábrica e interfabrica. Foi uma época muito dura, mas uma experiência bem rica”, relembra o ex-metalúrgico. 

O Centro foi impulsionador, ao lado de outras entidades, da realização de vários encontros regionais e nacionais entre centros de documentação popular. Durante as atividades eram promovidas as trocas de experiências de organização de acervo e de apoio às lutas populares. Além disso, eram realizados regularmente intercâmbios com diversas entidades da América Latina. Tais encontros serviam para desenvolver atividades de documentação e comunicação popular. 

“Inclusive, uma das fontes de renda do Centro eram agências internacionais de financiamento, em especial da Europa. Existiam vários centros espalhados pelo Brasil com um material diferenciado, produzido pelos próprios movimentos, diferenciado das publicações acadêmicas. Por isso a ideia de reunir todos em encontros regionais”, afirmou a sócia e voluntária do CPV, Luiza Mafalda Peixoto, que iniciou sua militância por meio de uma visita quando cursava história na USP (Universidade de São Paulo). 

Outra inciativa que marcou época foi a criação de um grupo voluntário que passou a produzir o jornal “Hora Extra”, um periódico pequeno, com linguagem popular, que circulou dentro das fábricas e ajudou também na organização dos trabalhadores. 

Em uma época em que o computador era inacessível, a coordenação do CPV criou ainda um serviço chamado Núcleo de Correspondência, para realizar envios mensais, pelo correio, de informações préselecionadas na documentação e livraria disponível, de acordo com a temática de interesse do assinante. 

No entanto, a partir dos anos 80 o CPV percorreu um ciclo de ascensão e decadência, paradoxalmente com a evolução dos movimentos populares e sindicais. Nesse período, a entidade deu sua contribuição para a criação e a organização de oposições sindicais na cidade e no campo, deixando seu nome marcado no fortalecimento das organizações classistas. “O CPV foi um instrumento de luta muito forte, que colaborou com a organização de muitas categorias”, destacou Waldemar Rossi, da Pastoral Operária de SP, em depoimento.


Campanha de Valorização pela Memória da Luta:

O enfraquecimento dos movimentos sociais no final da década de 1990, a instalação do neoliberalismo, a dificuldade de readequação do papel da entidade às mudanças da conjuntura, ao lado das dificuldades de financiamento de seu trabalho, levou o CPV à diminuição de suas atividades, reduzindo o seu orçamento e, consequentemente, sua equipe. 

Chegou-se ao ponto de não existir nenhum funcionário contratado e sobrevivendo graças ao trabalho de um corpo de voluntários. “Hoje não há mais assessoria, nem funcionários. O que existe são voluntários e militantes que se dedicam conscientes da importância desse material para a sociedade”, observa Mafalda. 

Mafalda revela que a situação tem se agravado. O Centro passou a funcionar de forma frágil, contando apenas com o trabalho voluntário de pessoas que se disponibilizam a abrir as portas para os pesquisadores. “São estudantes, especialistas, entre outros, que contribuem para o funcionamento do Centro. Das décadas de 1970 a 1990, o acervo é bastante completo, catalogado. Mas de lá para cá, apesar de haver um esforço de recolhimento, é feito de maneira aleatória”, revelou a coordenadora. 

Segundo ela, os mais de 100 mil volumes da memória das lutas da classe trabalhadora correm perigo físico e político. “Gostaríamos que todos reconhecessem a importância do acervo, porque ele é a memória da classe trabalhadora. Ele espelha toda uma movimentação, uma luta de resistência e organização na época da ditadura”, diz. 

“Todo este registro está guardado hoje nas prateleiras do CPV. E ao contrário do que se pode pensar, grande parte dessa história está armazenada de forma precária em um prédio do centro de São Paulo, na forma de cartilhas, cartazes, livros, panfletos e jornais vigiados por voluntários preocupados com a preservação da memória do país”, salienta Mafalda. 


Na tentativa de manter vivo e manter o conjunto em sua integridade, os coordenadores e direção do Centro lançaram, em novembro de 2010, a Campanha Valorização pela Memória da Luta dos Trabalhadores. O objetivo é angariar verba para manter o centro e conseguir digitalizar todo o material para disponibilizá-lo via online. Uma pequena parte já está digitalizada e disponível para a consulta. 

A Campanha consiste na arrecadação financeira junto às organizações dos trabalhadores e militantes. Para a militância oriunda dos movimentos sociais (mulheres, juventude, negros, semterra e sem teto), partidos políticos e sindicalistas, são vendidos bônus nos valores de 5, 10, 20 e 50 “classistas” (ou reais). Já entidades e pessoas (físicas ou jurídicas) interessadas contribuir podem fazêlo via depósito bancário (confira no box abaixo). 

Outro objetivo que compreende a campanha é conquistar o apoio de entidades públicas e privadas conscientes do valor do acervo para a história da classe trabalhadora, e acima disso, para o país. “Estamos sempre em busca de apoio e parcerias com entidades sindicais ou centrais preocupadas com a memória e histórico de luta da classe trabalhadora”, destaca a coordenadora e cuidadora do acervo. 

“Nosso desejo é que essa campanha não sirva somente ao CPV, mas que ela seja assumida por todos os acervos privados que correm riscos de morte por ação do tempo. Esse acervo é para deixar na historia do movimento uma nova organização que possa surgir daqui para frente. Isso é fundamental para nós”, concluiu o Anísio Batista, presidente do CPV. 

Conta bancária do CPV:
Caixa Econômica Federal 
Agência 0240 
Conta Corrente 003 15634-5

Escrito por Cinthia Ribas.
Texto extraído da Revista Visão Classista - Junho/2012.
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13 de Julho: Dia Mundial do Rock!

O dia 13 de Julho é uma data simbólica para todos os amantes do bom e velho rock ´n roll, pois é o momento em que o mundo comemora e homenageia o ritmo musical mais revolucionário de todos. A comemoração do dia mundial do rock foi idealizado após a iniciativa de Bob Geldof, vocalista da banda Boomtown, que organizou o Live Aid em 1985, que foram shows simultâneos em Londres e na Filadélfia que mobilizou grandes nomes do rock´n roll, como o The Who, Led Zeppelin, Dire Straits, Queen, David Bowie, Scorpions, Mick Jagger, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton, Run DMC, Brian Adans, Duran Duran, The Pretenders e Black Sabbath. 

O Live Aid, tinha a finalidade de arrecadar fundos, visando o fim da fome e a miséria existente no continente africando, e em especial, na Etiópia. Depois de 16 horas de show, o Live Aid conseguiu acumular 100 milhões de dólares. E desde o Live Aid, que para muitos roqueiros ainda é considerado como o maior show de rock da história, o 13 de julho passou a ser conhecido  e celebrado como o Dia Mundial do Rock!










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quarta-feira, julho 11, 2012

O Papel das Associações de Moradores Para o Avanço das Políticas Comunitárias.


Dinâmico em suas práticas e dotado de uma grande capacidade de articulação e reivindicação visando melhorias sociais e soluções para os problemas cotidianos, o movimento comunitário ainda pode ser entendido como uma das principais ferramentas democráticas de defesa dos interesses coletivos de um bairro. E é diante desse contexto que encontramos as Associações de Moradores, que são instituições criadas pela iniciativa da população com a finalidade de se criar uma representação politica, frente a própria localidade e perante ao poder publico instituído. 

E na medida em que as contradições se fazem mais presentes e a carência na oferta de equipamentos e serviços sociais se tornam mais visíveis à população de um bairro, surgem as lideranças comunitárias, que são agentes legitimados para atuar nas Associações de Moradores, que nessas ocasiões, passam a ser consideradas como palco principal para as mobilizações e formulação de estratégias para a consolidação de um quadro de lutas e reivindicações. 

Historicamente, as Associações de Moradores foram instrumentos relevantes para a conquista da democracia no país. Assim como os sindicatos, partidos políticos, igrejas e entidades estudantis, o movimento comunitário também foi um importante foco de resistência aos regimes ditatoriais iniciados na década de 1960 e responsável pela implementação de uma nova relação entre o Estado e a sociedade civil. Indiscutivelmente, a história das políticas públicas no Brasil tem uma de suas origens nos movimentos de bairros. 

Diante disso, mesmo vivenciando uma outra realidade social, não podemos esquecer que o sucesso das políticas sociais devem ser compreendidas, principalmente pelo acúmulo de força e de articulação que o movimento comunitário e as Associações de Moradores conseguiram ao longo das últimas décadas. Pois independente dos novos espaços institucionalizados pela esfera governamental capazes de efetivar um diálogo permanente com representantes ou lideranças comunitárias autônomas, as Associações de Moradores são espaços dotados de relativa autonomia em relação aos partidos e aos governos, e isso faz com que as políticas sociais não se confundam ou se tornem ações meramente assistencialistas, eleitorais ou paternalistas. 

E nessa conjuntura, torna-se fundamental o reconhecimento das Associações de Moradores como organizações capazes de incorporar elementos como: legitimidade, igualdade e transparência dentro da luta política e fortalecendo assim, a busca pela superação das carências e das desigualdades sociais.
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