segunda-feira, janeiro 07, 2013

Uma Crítica Sobre a Economia Solidária.


O livro Para a Crítica da Economia Solidária, recém-publicado pela editora Outras Expressões, de Henrique Wellen, marca, com certeza, seu ingresso bem sucedido no caminho intelectual.

Vivemos um contexto de amplo domínio da burguesia e do capital sobre a sociedade brasileira (sobre o governo e o Estado), de correlação de forças desfavoráveis para a classe trabalhadora. Vivemos um período de descenso do movimento de massas – de expectativas rebaixadas – em que até mesmo as reformas estão fora de pauta – vide a reforma agrária – e de rasas críticas sociais. Um livro como o que ora resenhamos possibilita desconstruir mitos como o que é apresentado pelos arautos que detém a “direção moral” da sociedade ao anunciarem a “nova classe media” e o “empoderamento” da classe trabalhadora.

Predomina na esquerda reciclada, para usar uma expressão de Jose P. Netto, um “cinismo assombroso” que esquece que o modo de produção capitalista necessariamente produz mais riqueza e mais pauperização (absoluta e relativa) e que o processo de concentração e centralização é próprio do sistema, assim como algumas iniciativas para mantê-lo. Assim, dentro do sistema não há saídas, o que melhor pode se fazer é reformulá-lo, mas, sem alterar na essência as leis que o regem.

Muitas das iniciativas que se apresentam para se superar o atual estado de coisas que vivemos (fruto da hegemonia neoliberal) podem não ser fecundas e nos levarem a um patamar ainda mais difícil de superação do atual estado de coisas; assim, várias iniciativas aparecem como quimeras, que não resistem a nenhuma crítica mais consistente. É o que nos proporciona o jovem professor Henrique em Para a Crítica da “Economia Solidária” ao analisar o contexto e o desenvolvimento da “economia solidaria” no Brasil.

Sabemos que a “economia solidaria”, não por acaso, ganha força no contexto de hegemonia neoliberal (1991 a 2007) e, em última instância, é um projeto do Banco Mundial, que os governos colocam em debate, e em prática, com o objetivo de gerar emprego e renda, mas, como bem alerta o autor, é, na verdade, funcional à reestruturação produtiva do capital e à terceirização e precarização da força de trabalho. Henrique Wellen demonstra a limitação e a impossibilidade da “economia solidaria” (como projeto de transformação social) atuando dentro do mercado capitalista, e aponta que querer não é poder. As boas vontades e ações da “economia solidária” são insuficientes para romper com a ordem do capital, e mais, coloca-se como retrocesso da luta dos trabalhadores na medida em que não explicita a emancipação da classe trabalhadora, que atua como um vetor da terceirização e precarização da força de trabalho. A “economia solidaria” se propõe, adverte o autor, a geração de emprego e renda para os trabalhadores, mas não a um projeto de emancipação política ou de emancipação humana.

O livro possibilita acabar com visões românticas e insuficientemente críticas presentes no interior dos movimentos sociais sobre a “economia solidaria”, possibilita nos livrar do “canto da sereia”, pois, como nos alerta Marilda Iamamoto, “as consciências da classe trabalhadora não são imunes às mistificações do capital e do capitalismo, do contrário, a sociedade não se reproduziria”. Assim, o livro é de leitura obrigatória para todos os militantes sociais que não acreditam nas quimeras apresentadas como saídas ou como alternativas ao atual estado de coisas em que vivemos; para aqueles que almejam uma sociedade fundada em outros pilares que não os doravante apresentados pelas classes dominantes.

A leitura do livro é de fundamental importância porque nos possibilita – como o próprio título do livro indica – a crítica da “Economia Solidária”, fundamentada num rigoroso método de pesquisa que articula teoria e método. O presente trabalho, como um dos pioneiros, não tem a pretensão de esgotar o assunto no ângulo proposto pelo autor (critica dialética indo à essência do objeto de estudo), mas sem dúvida, é uma grande contribuição, que esperamos seja estudada e se desdobre em outras pesquisas da militância social.

Por Vanderlei Martini - militante do MST e graduando em Serviço Social na UFRJ.
FONTE: Brasil de Fato.
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O livro Para a Crítica da Economia Solidária, recém-publicado pela editora Outras Expressões, de Henrique Wellen, marca, com certeza, seu ingresso bem sucedido no caminho intelectual.

Vivemos um contexto de amplo domínio da burguesia e do capital sobre a sociedade brasileira (sobre o governo e o Estado), de correlação de forças desfavoráveis para a classe trabalhadora. Vivemos um período de descenso do movimento de massas – de expectativas rebaixadas – em que até mesmo as reformas estão fora de pauta – vide a reforma agrária – e de rasas críticas sociais. Um livro como o que ora resenhamos possibilita desconstruir mitos como o que é apresentado pelos arautos que detém a “direção moral” da sociedade ao anunciarem a “nova classe media” e o “empoderamento” da classe trabalhadora.

Predomina na esquerda reciclada, para usar uma expressão de Jose P. Netto, um “cinismo assombroso” que esquece que o modo de produção capitalista necessariamente produz mais riqueza e mais pauperização (absoluta e relativa) e que o processo de concentração e centralização é próprio do sistema, assim como algumas iniciativas para mantê-lo. Assim, dentro do sistema não há saídas, o que melhor pode se fazer é reformulá-lo, mas, sem alterar na essência as leis que o regem.

Muitas das iniciativas que se apresentam para se superar o atual estado de coisas que vivemos (fruto da hegemonia neoliberal) podem não ser fecundas e nos levarem a um patamar ainda mais difícil de superação do atual estado de coisas; assim, várias iniciativas aparecem como quimeras, que não resistem a nenhuma crítica mais consistente. É o que nos proporciona o jovem professor Henrique em Para a Crítica da “Economia Solidária” ao analisar o contexto e o desenvolvimento da “economia solidaria” no Brasil.

Sabemos que a “economia solidaria”, não por acaso, ganha força no contexto de hegemonia neoliberal (1991 a 2007) e, em última instância, é um projeto do Banco Mundial, que os governos colocam em debate, e em prática, com o objetivo de gerar emprego e renda, mas, como bem alerta o autor, é, na verdade, funcional à reestruturação produtiva do capital e à terceirização e precarização da força de trabalho. Henrique Wellen demonstra a limitação e a impossibilidade da “economia solidaria” (como projeto de transformação social) atuando dentro do mercado capitalista, e aponta que querer não é poder. As boas vontades e ações da “economia solidária” são insuficientes para romper com a ordem do capital, e mais, coloca-se como retrocesso da luta dos trabalhadores na medida em que não explicita a emancipação da classe trabalhadora, que atua como um vetor da terceirização e precarização da força de trabalho. A “economia solidaria” se propõe, adverte o autor, a geração de emprego e renda para os trabalhadores, mas não a um projeto de emancipação política ou de emancipação humana.

O livro possibilita acabar com visões românticas e insuficientemente críticas presentes no interior dos movimentos sociais sobre a “economia solidaria”, possibilita nos livrar do “canto da sereia”, pois, como nos alerta Marilda Iamamoto, “as consciências da classe trabalhadora não são imunes às mistificações do capital e do capitalismo, do contrário, a sociedade não se reproduziria”. Assim, o livro é de leitura obrigatória para todos os militantes sociais que não acreditam nas quimeras apresentadas como saídas ou como alternativas ao atual estado de coisas em que vivemos; para aqueles que almejam uma sociedade fundada em outros pilares que não os doravante apresentados pelas classes dominantes.

A leitura do livro é de fundamental importância porque nos possibilita – como o próprio título do livro indica – a crítica da “Economia Solidária”, fundamentada num rigoroso método de pesquisa que articula teoria e método. O presente trabalho, como um dos pioneiros, não tem a pretensão de esgotar o assunto no ângulo proposto pelo autor (critica dialética indo à essência do objeto de estudo), mas sem dúvida, é uma grande contribuição, que esperamos seja estudada e se desdobre em outras pesquisas da militância social.

Por Vanderlei Martini - militante do MST e graduando em Serviço Social na UFRJ.
FONTE: Brasil de Fato.
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