sexta-feira, novembro 30, 2012

Revista de História: Datilógrafa


Hoje, comunicação escrita é sinônimo de silêncio, transmitida por meio eletrônico. Mas, há poucas décadas, antes da presença dos computadores e da web, a escrita era ruidosa e dependia de um enorme contingente de especialistas: os datilógrafos.

Hoje, comunicação escrita é sinônimo de silêncio, produzida em macios teclados, transmitida por meio eletrônico. Mas, há poucas décadas, antes da presença maciça dos computadores e da Internet, a escrita era animadamente ruidosa e dependia de um enorme contingente de especialistas: os datilógrafos.

A máquina de escrever, industrializada a partir da segunda metade do século XIX, era presença marcante em redações de jornais, repartições públicas, escritórios e mesmo nos lares. O barulho da engenhoca – produzido não só pelas teclas metálicas, mas também por “instrumentos” como o tabulador, a fita de tinta e o “sininho” do parágrafo – ditava o ritmo do trabalho no mundo inteiro. Aquele ambiente e seus profissionais fazem parte do universo literário de muitos autores – como Nelson Rodrigues, que povoava suas crônicas com datilógrafas, quase sempre testemunhas das perversões dos protagonistas. Ou o satírico Barão de Itararé, autor de tiradas impagáveis, como o famoso anúncio falso: “Precisa-se de boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa”.

Parte dessas brincadeiras vinha do fato de ser um ofício praticamente monopolizado por mulheres. Em tempos bem mais machistas do que hoje, elas se tornavam alvos óbvios. Seja como for, deixaram saudade. A modernidade vê a profissão desaparecer: a última fábrica dessas máquinas mecânicas, que funcionava na Índia, fechou em 2011, após ter vendido apenas 1.000 unidades naquele ano. Por enquanto, a datilografia, com seus sons e personagens, parece fadada a ficar no passado.

Por Rodrigo Elias.
Fonte: Revista de História.
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quinta-feira, novembro 29, 2012

Um Historiador Vale Tanto Quanto um Médico ou um Advogado, Não é?

O Senado brasileiro vem de aprovar lei regulamentando a profissão de Historiador. A partir de agora, algumas tarefas específicas passarão a ser privilégio profissional de quem tiver formação acadêmica na área. Não é a primeira carreira de nível superior que merece essa regulamentação. Mesmo no campo das Ciências Humanas, Sociólogos e Geógrafos já desfrutam há alguns anos de condição similar. 


Participo do debate sobre a questão, na área de História, ao menos desde os anos 80 do século XX. Lembro de colegas que sustentavam a falta de necessidade de regulamentação em nosso espaço profissional, considerando que importantes historiadores brasileiros do século XX (Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda e Caio Prado Jr.) não tinham formação em curso superior de História. Esse argumento apresentava duas graves fragilidades: 1) quando os três fizeram cursos superiores, não havia bacharelado em História no Brasil; 2) Freyre, Buarque de Hollanda e Prado Jr. tiveram condições pessoais ou familiares para requintadas formações humanísticas fora do Brasil - respectivamente, Estados Unidos, Alemanha e Grã-Bretanha.

A situação é muito diferente para um jovem brasileiro de classe média ou menos que, nos dias de hoje, estuda História e se lança num mercado de trabalho fortemente regulamentado noutras áreas. Permanecer nesse mercado fora de suas regras dominantes é assistir à consolidação dos direitos alheios sem garantia de direitos próprios.

Regulamentar uma profissão é definir exclusividades de exercício, sim. Isso não se confunde com impedir o direito ao pensamento. A História, como tema, sempre será objeto de livre acesso para jornalistas, ficcionistas, advogados, médicos, cidadãos em geral... O desempenho profissional na área, diferentemente, dependerá de uma comprovada capacidade técnica e teórica, obtida em formação acadêmica - como ocorre em relação a médicos, engenheiros, dentistas...

Há quem legitime a regulamentação de algumas carreiras (Medicina e Direito, particularmente) e reivindique a liberdade de prática profissional para as demais: Medicina lida com vidas humanas, Direito zela pelas garantias individuais e coletivas diante da Lei. Quer dizer que falar sobre o tempo humano (fazer, memória) não possui igual magnitude? Quer dizer que pesquisar e ensinar o Holocausto Nazista ou a Ditadura brasileira de 1964/1984 não é tão minucioso quanto interpretar uma lei ou fazer uma cirurgia? Não vejo hierarquia entre essas práticas. Respeito muito os colegas profissionais de outras áreas regulamentadas. Tenho muito respeito por mim mesmo e pelos demais colegas de minha área profissional.

Enquanto houver regulamentação de algumas profissões, não vejo legitimidade em exigir desregulamentação de outras. Agora, podemos conversar sobre desregulamentação geral das profissões no Brasil. Quem se habilita?

Por Marcos Silva - Professor Titular de Metodologia da História, FFLCH/USP.
FONTE: ANPUH


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quarta-feira, novembro 28, 2012

Eduardo Galeano: “Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos?”

Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E, como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

Por Eduardo Galeano.
Fonte: Pragmatismo Político/Revista Fórum.
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Um Milhão de Pessoas Deixaram a Pobreza na América Latina, diz Cepal.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) estimou que 1 milhão de pessoas saíram da pobreza entre 2011 e 2012, segundo o Relatório Panorama Social da América Latina 2012. O total de pessoas nessa faixa socioeconômica caiu de 168 milhões, no ano passado, para 167 milhões este ano – o que quer dizer que cerca de 28% das mais de 580 milhões de pessoas na América Latina ainda estão em situação de pobreza.

Nesse percentual, não são considerados os casos de extrema pobreza – ou indigência, como classifica a Cepal -, que somam aproximadamente 66 milhões de pessoas (11,5% da população total). Para essa faixa, a expectativa da comissão das Nações Unidas é a que seja mantido o percentual de 2012.

Na análise da Cepal, são consideradas pobres as pessoas que recebem mensalmente menos de R$ 112 per capita e extremamente pobres as que ganham menos de R$ 98. As estimativas da comissão são calculadas com base no consumo calórico de uma cesta de alimentos de determinada população. São considerados preços urbanos e rurais. De acordo com o estudo, sete dos 12 países latino-americanos avaliados tiveram quedas mais expressivas nos índices de pobreza entre 2011 e 2012. Os destaques foram o Paraguai, onde 5,2% da população saiu da situação de pobreza;o Equador (4,7%) e o Peru (3,5%). No Brasil, o percentual foi 2%.

A Venezuela teve aumento de 1,7% da população em situação de pobreza. No entanto, o país está em destaque com o Uruguai entre as nações que mais diminuíram a desigualdade nos últimos anos. Dados do relatório apontam que, na Venezuela, aproximadamente 20% da renda estão concentrados entre os mais pobres e 23% entre os mais ricos. No Brasil, por exemplo, um dos países da região em que foram identificados os maiores níveis de desigualdade, cerca de 40% da renda estão em poder dos mais ricos, e entre 11% e 15%, com os mais pobres.

Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, a redução da desigualdade na Venezuela foi resultado de uma combinação de esforços entre áreas como transferência de renda, subsídios a alimentos, programas educacionais e aumento de postos de trabalho.

Para Alicia, outro fator que contribuiu foi a redução da taxa de dependência entre a população. Essa taxa se refere às pessoas economicamente ativas em um domicílio. Anteriormente, havia mais dependência em relação a um chefe de família, que chegava a sustentar várias pessoas. Agora, mais pessoas estão trabalhando, o que aumenta a renda e diminui o peso sobre uma só pessoa.

O relatório da Cepal sobre a América Latina faz parte de uma série de estudos que iniciaram em 2010 sobre os aspectos sociais e a dinâmica da desigualdade na região. Os dados são uma compilação das informações semelhantes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de cada país.


Por Carolina Sarres.
Edição de Carolina Pimentel.
Fonte: Agência Brasil .

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terça-feira, novembro 27, 2012

27 de Novembro - Levante Militar na Praia Vermelha: A Intentona Comunista.


Frente as mudanças ocorridas no Brasil durante a década de 1930, haja vista a modernização dos centros urbanos e o processo de industrialização da economia brasileira, liderada pelo governo de Getúlio Vargas, o Partido Comunista, sempre se manifestou como uma força política atuante no país, independente se a organização estivesse na clandestinidade ou não.

Nesse período a principal organização de esquerda no país era a Aliança Nacional Libertadora que tinha como princípio o lema: "Terra, Pão e Liberdade". Na intenção de derrubar o governo de Getúlio Vargas, os comunistas que faziam parte da ANL, junto com outros setores sociais, como tenentes, jovens acadêmicos, jornalistas e intelectuais, promoveram uma série de insurreições militares no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. O objetivo principal dessas ações era iniciar uma greve geral no país e assim acumular forças para implantar uma república democrática, popular e socialista no Brasil. Foi nesse período que o líder tenentista Luís Carlos Prestes, retorna da Espanha, e junto com sua mulher, Olga Benário, passam a organizar o processo de resistência e rebelião no Rio de Janeiro. 

No entanto, em todas as regiões que ocorreram as sublevações, as tropas governistas conseguiram sufocar os revoltosos, conseguindo de maneira exitosa perseguir, prender, torturar e até assassinar vários líderes e simpatizantes por esses movimentos.

Logicamente que a Intentona Comunista teve nas tropas militares um relevante apoio, haja vista que os cenários principais das sublevações eram os quarteis. Também pudera, durante a década de 1930 havia uma notória insatisfação dos militares em relação as políticas federais direcionadas as forças armadas. Os salários dos oficiais não eram atrativos e a expectativa de um reajuste era quase que inexistente. Sem contar que, depois de algumas modificações no regulamento militar, foi reintroduzido um antigo dispositivo existente nos primeiros anos da república que jubilava o militar se, em um período de dez anos, o mesmo não conseguisse atingir o oficialato. Esses dois fatores contribuíram para que muitos militares passassem a ter posições críticas ao governo getulísta e defendesse abertamente as bandeiras da ANL.

Dentro desse clima de crise econômica, os quarteis passaram a ser o cenário perfeito para os levantes almejados pelos comunistas. Eram nesses locais que as contradições do sistema implantado no país, pós-Revolução de 1930 se manifestava abertamente. 

Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, depois dos levantes ocorridos no Rio Grande do Norte e no Recife, o 3º Regimento de Infantaria, localizado na praia Vermelha - Rio de Janeiro, deu início a uma nova insurreição. Entretanto, mesmo essa sendo uma rebelião de maior proporção, se comparada com as anteriores, não podemos dizer o mesmo sobre a sua duração, uma vez que, o governo já estava praticamente preparado para enfrentar essa revolta e contou com a lealdade das Forças Armadas em geral. A artilharia dos demais quarteis dominaram no mesmo dia os insurretos, colocando assim um ponto final nos planos revolucionários da ANL.

O saldo de mortos deixado pela Intentona Comunista no Rio de Janeiro foi de aproximadamente 48 mortos, entre revoltosos e militares. E devido a esse e os fatos anteriores, Getúlio Vargas iniciou um período de perseguição aos comunistas e aos demais membros da Aliança Nacional Libertadora, preparando o caminho para que em 1937 decretasse o Estado Novo.

Segundo Boris Fausto:
O episódio de 1935 teve sérias consequências, pois abriu caminho para amplas medidas repressivas e para escalada autoritária. O fantasma do comunismo internacional ganhou enormes proporções, tanto mais porque o Comitern havia enviado ao Brasil alguns quadros dirigentes estrangeiros para coordenar os preparativos da insurreição. (p.198).
Após a Intentona, o PCB foi colocado na clandestinidade e o governo Vargas não poupou esforços para reprimir as ações dos comunistas no Brasil. "Durante o ano de 1936, o Congresso aprovou todas as medidas excepcionais solicitadas pelo Poder Executivo para reprimir os comunistas de esquerda em geral". (FAUSTO). Foi criado um tribunal de exceção - Tribunal de Segurança Nacional, para julgar os envolvidos no levante de 1935 e o Ministério da Justiça formou a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo.

Ou seja, a partir das revoltas comunistas, Vargas ganhou um forte pretexto para se manter no poder. Esse processo culminou com um golpe de Estado e em novembro de 1937, com o Congresso Nacional fechado e as eleições canceladas, o presidente conseguiu se manter no poder, ficando nessa condição até o ano de 1945.

Referências:
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. 
LINHARES, Maria Yedda (org). História Geral do Brasil. 9ªed. Rio de Janeiro: Campus.
PANDOLFI, Dulce Chaves. A Revolta Comunista de 1935. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/RevoltaComunista. Acesso em 27 de Novembro de 2012.

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domingo, novembro 25, 2012

Debate no Sindicato dos Professores de Pernambuco.




Data: 30/11/2012
Local: Auditório do Sinpro/PE;
Horário:19:00.
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Elogiando as Utopias & Cortejando o Absurdo - Carlos Marighella.


"O guerrilheiro urbano tem que ser uma pessoa preparada para compensar o fato de que não tem suficientes armas, munições e equipe".

"É necessário que todo guerrilheiro urbano mantenha em mente que só poderá sobreviver se estiver disposto a matar os policiais e todos aqueles dedicados à repressão. E se está verdadeiramente dedicado a expropriar a riqueza dos grandes capitalistas, os latifundiários e os imperialistas".

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Historiador? Só com Diploma.

Poucos notaram, mas o Senado aprovou um projeto de lei estapafúrdio na última quarta-feira. Eis o essencial: "O exercício da profissão de historiador, em todo o território nacional, é privativo dos portadores de diploma de curso superior em história, expedido por instituição regular de ensino".

Em resumo, se vier a ser aprovada pela Câmara e depois sancionada pela presidente da República, a nova lei impedirá que pessoas sem diploma de história possam dar aulas dessa disciplina.

A proposta é de um maniqueísmo atroz. Ignora que médicos, sociólogos, economistas, engenheiros, juristas, jornalistas ou cidadãos sem diploma possam acumular conhecimentos históricos sobre suas áreas de atuação. Terão todos de guardar para si o que aprenderem.

Há sempre a esperança de alguém levantar a mão e interromper essa marcha da insensatez na Câmara. Mas mesmo que seja abortado, o episódio não perderá a sua gravidade. Trata-se de um alerta sobre a obsolescência e a falta de lógica do processo legislativo brasileiro.

A ideia nasceu em 2009. Era um projeto do senador Paulo Paim, do PT gaúcho. Em três meses, o senador Cristovam Buarque, do PDT de Brasília, deu um parecer favorável. Ouviu um chiste de José Sarney: "Você quer me impedir de escrever sobre a história do Maranhão".

Cristovam parece arrependido do seu protagonismo. Indica ter deixado tudo para assessores, sem supervisioná-los como deveria. Erros acontecem. Só que o senador defensor da educação não quis reconhecer o equívoco na quarta-feira. Preferiu se ausentar do plenário.

O Senado tem 81 integrantes. Só dois votaram contra o diploma obrigatório para historiadores: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Pedro Taques (PDT-MT). É muito pouco para impedir que o país se transforme, de lambança em lambança, numa pátria das corporações.

Por Fernando Rodrigues.
Fonte: Folha de São Paulo.
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quarta-feira, novembro 21, 2012

O Que Há de Novo: Sobre a "Nova Classe Média".



Os balanços das eleições municipais de 2012 ressaltaram, à exaustão, as ideias de renovação, tempos novos, novidade. O que há de novo, na verdade, é que a boa e velha classe trabalhadora, acrescida de novos contingentes que somam dezenas de milhões, volta a ser chamada como espinha dorsal de um projeto de desenvolvimento nacional. Para os sindicatos e partidos que reivindicam sua representação resta revelarem-se à altura da missão.

Um espectro ronda o Brasil: a “nova classe média”.

Para lhe fazer companhia, os balanços das eleições municipais de 2012 ressaltaram, à exaustão, as ideias de renovação, tempos novos, novidade. Fica, no entanto, uma pergunta no ar: quanto disso é fato, quanto é ferramenta de marketing, quanto é recurso retórico que produz boas manchetes e parcas matérias?

Fato número um: a integração de dezenas de milhões de brasileiros à faixa intermédia de renda significa isso mesmo. Estão “no meio”, por artes da aritmética, mas “classe média” não são (nos sentidos sociológico, econômico ou político que, tradicionalmente, se atribuem à categoria). Trata-se de uma imponente ampliação quantitativa da classe dos trabalhadores assalariados, ao lado de uma visível expansão paralela de atividades de pequeno comércio e prestação de serviços autônomos.

Segundo fato, este sim, novo: pela primeira vez na história nacional a expansão quantitativa do trabalho assalariado urbano se fez acompanhar, simultaneamente, por alguma redução na desigualdade social; por crescente formalização das relações de emprego; por manutenção e, até, expansão de direitos; e, também, por forte ganho real na renda do trabalho.

Fato número três: a origem dessa movimentação econômica e social está na ação deliberada do governo federal e tem no Estado Nacional seu protagonista e elemento dinâmico. A combinação dos programas de combate à miséria com a política de decidida valorização do salário mínimo é a melhor tradução sintética dessa orientação, ainda que muitas outras iniciativas e programas convirjam positivamente.

Seus múltiplos efeitos levam à constituição de um autêntico mercado interno de massas que, ao lado da expansão das atividades exportadoras de produtos agrícolas e minerais, gera condições de dinamismo na economia capitalista brasileira. Guardadas as devidíssimas proporções, é um quadro já experimentado pelo país nos períodos Vargas e Juscelino; um seminovo, digamos.

Quarto fato: até pelo quanto é recente o fenômeno, a integração de grandes massas ao assalariamento (e sua chegada ao consumo um pouco além da subsistência) ainda não é acompanhada por alterações substantivas nos planos das ideias, dos valores e, até mesmo, dos comportamentos sociais.

Recorrendo ao velho cânone, pode-se dizer que, menos que classe “em si” ou “para si”, vivemos um período de classe “pré-si”, de multidão ainda por conformar-se como grupo de interesses históricos explícitos e organizáveis.

Os fatos acima delineados configuram, em linhas muito gerais, o novo cenário nacional. Entre os brasileiros se formou uma forte maioria, para quem este é um cenário de seu agrado. Um desafio se impõe de imediato: como impedir retrocessos, como assegurar sua continuidade e como buscar seu aprofundamento qualitativo?

A “fidelização dos recém-chegados” tem que ser o ponto de partida. O passo inicial e decisivo é o contínuo atendimento de seus interesses mais imediatos, notadamente os de ordem material. Esta é a âncora antirretrocesso e, ao mesmo tempo, o alicerce do programa político adequado à nova etapa que se abre. Ganham, portanto, relevância estratégica temas como a qualidade e presteza dos serviços públicos – notadamente saúde, educação, transporte de massas, moradia e segurança pública – como complemento obrigatório de uma política sempre expansiva em termos de postos de trabalho e valor real de salários.

As condições materiais necessárias para o desenvolvimento de tal modelo são as de uma contínua expansão da produção (notadamente a industrial) e da produtividade. Isso exige um combate sem tréguas ao rentismo, à financeirização, à proposta arcaica de uma rota principalmente “primário-exportadora” e da acumulação preponderante pela via dos mercados de capitais.

Um pacto pelo desenvolvimento, policlassista, orientado pelo crescimento continuado do mercado interno e pela penetração exportadora – principalmente nos mercados latinoamericanos, asiáticos e africanos - deve ser formalizado e explicitado. O enfrentamento dos principais gargalos de infraestrutura, de logística e tributários merece atenção especial.

Estabelecidas essas premissas “físicas”, há que se enfrentar uma renhida disputa pelos corações e mentes. André Singer, em artigo recente, criou uma imagem poderosa: “Do ponto de vista político, parece um erro pensar que se trata de nova classe média, Configura-se mais como um novel proletariado, que deve ter a cara do capitalismo lulista. Mas como esta ainda não ficou clara, tampouco é nítido o perfil de seus membros. Serão jovens assalariados que caminham para os sindicatos ou microempreendedores interessados em diminuir os impostos?”.

Até por razões de natureza prática – não há como se pensar uma economia “jeffersoniana” de milhões e milhões de pequenos proprietários no quadro do capitalismo moderno – a opção é, sem dúvida, a da socialização organizada da “nova multidão” pela via sindical.

O consultor sindical João Guilherme Vargas Netto é preciso em sua descrição do quadro: “Com o emprego em alta e cada vez mais formalizado o movimento sindical vê-se às voltas com os novos desafios colocados para ele pelos trabalhadores recém-contratados, em sua maioria jovens.

A formalização do vínculo não implica a adesão ao sindicato e muito menos sindicalização; infelizmente o que temos visto, por ora, nos sindicatos são as grandes filas de jovens empregados entregando as cartas de oposição aos descontos sindicais.

Duas razões afastam ou, pelo menos, não aproximam os jovens dos sindicatos: a formação ou deformação ideológica sob o bombardeio do neoliberalismo que valoriza o egoísmo e é avesso à socialização sindical; e a própria conquista do primeiro emprego, em cuja fruição o jovem se aliena, desprezando as condições político-sindicais que o têm garantido. Ele acredita em si e na empresa e despreza, porque não conhece, a história das conquistas sociais.

[...] O movimento sindical precisa, com urgência, adicionar às suas preocupações mais esta: chamar para si os jovens trabalhadores falando a sua linguagem e educando-os, oferecer-lhes o sindicato como porta de entrada de sua socialização e instrumento eficaz na conquista de suas reivindicações, no atendimento de suas expectativas e na compreensão de seus interesses e comportamentos.”.

Isto, no entanto, não ocorre espontaneamente, ou por osmose ou por decantação. Ou bem o movimento sindical dos trabalhadores apercebe-se do desafio e assume sua tarefa intransferível e, também, arregimenta apoios partidários e governamentais, ou bem a oportunidade se esvai e se perde força vital para o processo.

Ressalvados todos os riscos e falhas de quaisquer metáforas, reducionistas por natureza, pode-se dizer que o “Novo Brasil” está postado em uma encruzilhada. A via à direita é regida pelas ideias do “americanismo”, do primado do individualismo, de “empreendedorismo” e do livre-mercado. À esquerda se abre a rota “europeia”, da construção do Estado do Bem-Estar, conduzida pelas ideias-força de coletivo, da solidariedade de classe e da firme presença estatal.

O que há de novo, na verdade, é que a boa e velha classe trabalhadora, acrescida de novos contingentes que somam dezenas de milhões, volta a ser chamada como espinha dorsal de um projeto de desenvolvimento nacional dinâmico e fortemente includente. Para os sindicatos e partidos políticos que reivindicam sua representação resta revelarem-se à altura da missão.

Por Artur Araújo - Consultor especializado em gestão pública e empresarial.
Fonte: Carta Maior.
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domingo, novembro 18, 2012

Edgar Vasques: Rango.

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As Aventuras da Família Brasil - Luis Fernando Veríssimo.

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quarta-feira, novembro 14, 2012

Pressões Resultam em Adoecimento Físico e Mental.

A organização do trabalho atual, em nome de uma maior produtividade, exige que os trabalhadores tenham atribuições flexíveis e consigam trabalhar em várias frentes concomitantes, devendo ter individualmente um empenho considerado satisfatório. O desempenho de cada um é medido através do cumprimento de metas impostas pelas empresas, muitas vezes consideradas abusivas pelo esforço e dedicação que requerem dos empregados.

Para especialistas, as dificuldades de se atingir o padrão estabelecido por este tipo de organização laboral contribuem para o adoecimento físico e mental dos trabalhadores. “As metas pressionam na direção de um ritmo acelerado de trabalho, colocando o sujeito sempre no lugar de quem está devendo, de quem pode ser rebaixado”, explica a psicóloga Renata Paparelli.

Foi o que aconteceu com Regina* durante os 24 anos em que trabalhou como caixa em um banco. “Além de dar conta do meu serviço, tinha que cumprir as metas de vendas de produtos que eram impostas. Mas eu não era boa vendedora, eu era caixa”, conta a bancária, que afirma ter sofrido diversos tipos de pressão em relação ao cumprimento das metas. “Para pressionar, eles colocam sua vaga de emprego em dúvida, fazem reuniões antes do expediente com a desculpa de dar dicas, quando, na verdade, só querem fazer pressão sobre você”, relata.

Reorganização:

Para Plínio Pavão, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), o problema da organização do trabalho é que ela não é feita a partir da percepção do trabalhador sobre a atividade a ser realizada. “Não se pode pensar a execução do trabalho sem levar em conta a opinião de quem vai executá-lo”, defende o sindicalista, para o qual, “os métodos de pressão por cumprimento de metas são absolutamente cruéis e influenciam diretamente a vida pessoal dos trabalhadores”. Além disso, o pesquisador do Centro de Tecnologia e Informação Renato Archer (CTI-MCTI), Marco Antônio Silveira, alerta para o fato de que o estado mental e emocional dos trabalhadores impacta diretamente em sua capacidade de aprendizagem e de trabalho em equipe. “Portanto, afeta diretamente a sua capacidade de implantar melhorias e inovações, condições fundamentais para a inserção competitiva das empresas nos dinâmicos mercados atuais”, analisa.

Invisibilidade:

A concessão de auxílios-doença por causa de transtornos mentais e comportamentais em 2011 foi 20% maior do que em 2010, conforme dados da Previdência Social. No entanto, segundo especialistas, as notificações deste tipo de adoecimento ainda estão aquém do número real de casos. “é bastante difícil estabelecer a relação entre o transtorno mental (efeito) e as condições de trabalho (causa)”, analisa Silveira. O pesquisador do CTIMCTI afirma também que o adoecimento mental de trabalhadores ainda é um assunto tabu dentro das empresas, cercado de preconceitos, medos e desconhecimento. “Ao perguntar se na empresa há problemas de transtornos mentais, a resposta padrão é não. No desenvolvimento da conversa, contudo, fica claro que o problema obviamente existe”, relata.

Dessa forma, grande parte dos casos de adoecimento mental não são tidos como acidente de trabalho e a maioria dos empregados acaba se afastando sem essa caracterização. Consequentemente, estes trabalhadores são privados do benefício previdenciário devido.

Mesmo nos casos em que há a notificação ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Pavão relata que os trabalhadores têm o tratamento médico adequado negligenciado. No momento do afastamento, os pacientes já recebem um prognóstico do tratamento, com o tempo para o retorno ao trabalho estabelecido. No entanto, Pavão salienta que quando se trata de problema mental não dá para se fazer um prognóstico. “É uma situação dramática para o trabalhador, que adoece por causa da atividade profissional, tem uma grande dificuldade de caracterizar o caso como doença do trabalho, recebe um benefício de 120 dias no máximo e sabe que depois desse período vai ter que voltar nas mesmas condições”, pondera.

Por: Michelle Amaral.
Fonte: Brasil de Fato.
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Mais Exploração, Mais Doenças Mentais.


Relações degradantes no ambiente profissional têm resultado no aumento dos casos de trabalhadores com transtornos mentais.

Desânimo, apreensão e angústia. Esses eram os sentimentos que tomavam conta de João* diariamente quando saía de casa para ir ao trabalho. “Cada dia que ia trabalhar era uma tortura, me sentia muito mal quando entrava na empresa”, conta o supervisor de uma central de telemarketing em São Paulo. O que, para ele, parecia apenas uma insatisfação com a função exercida e as pressões do trabalho, acabou se intensificando e, ao procurar ajuda médica, foi diagnosticado como depressão.

O caso de João não é isolado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão será a segunda causa da incapacidade para o trabalho até 2020. Atualmente, segundo dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), os transtornos mentais e de comportamento ocupam o terceiro lugar em número de benefícios concedidos. “Os transtornos mentais, como as depressões, têm sido uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil”, relata Myrian Matsuo, psicóloga e pesquisadora da Coordenação da Saúde no Trabalho da Fundacentro, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Em 2011, a Previdência Social concedeu mais de 15 mil aposentadorias por invalidez a trabalhadores vítimas de adoecimento mental. Já os auxílios-doença concedidos por causa de quadros depressivos chegaram a 82 mil em todo o país. “Fiquei alguns dias afastado, tomei remédios e fiz sessões de terapia, o que amenizou um pouco os sintomas da depressão”, conta João. Segundo ele, um fator determinante para sua melhora foi a mudança nas relações em seu ambiente de trabalho. “Minha chefe não nos via como ser humano e, sim, como número para atingir as metas a qualquer custo. Isso mudou quando ela foi substituída por alguém mais compreensível, mais humano”, descreve.

Péssimas condições de trabalho, jornada de trabalho prolongada, pressão por metas e produtividade, falta de tempo para a realização das tarefas laborais, ausência de pausas para descanso, pouca valorização do trabalhador, participação insatisfatória destes nas decisões das empresas e o medo do desemprego são fatores que contribuem para o aumento da incidência de distúrbios psíquicos entre os trabalhadores, segundo Myrian.

Assujeitamento:

A psicóloga explica que os transtornos mentais relacionados ao ambiente de trabalho atingem funcionários de todos os níveis de hierarquia de empresas públicas e privadas.

Isto porque, conforme analisa o pesquisador do Centro de Tecnologia e Informação Renato Archer, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (CTI-MCTI), Marco Antônio Silveira, a atividade profissional ocupa uma posição central na construção da identidade do indivíduo e o fato de as instituições serem importantes espaços de socialização, sobretudo nas grandes cidades. “Hoje passamos mais tempo nas empresas do que em casa. Portanto, a forma como o trabalho está organizado e, principalmente, a qualidade das relações humanas impactam fortemente os estados mentais e emocionais das pessoas”, pondera.

Outro aspecto que contribui para o adoecimento mental dos trabalhadores é a ideia de que o indivíduo deve doar-se completamente à atividade profissional. “As empresas e boa parte da mídia têm se empenhado para mostrar que cada vez mais há menos interesses conflitantes entre trabalhadores e empresas, o que dificulta o estabelecimento do limite subjetivo do trabalhador”, afirma a médica do trabalho e pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno. Essa condição faz com que as contradições existentes no trabalho sejam sentidas pelos trabalhadores como “uma traição” à empresa, gerando neles a culpa por não conseguirem doar mais de si mesmos e, consequentemente, surge o sofrimento psicológico e emocional. “Os ‘fracassos’ são individualizados e os próprios trabalhadores se culpam por não corresponder às expectativas. A individualização e a culpabilização pela impossibilidade de ‘dar conta’ [do trabalho] são aspectos altamente adoecedores”, descreve a médica do trabalho.

Dessa forma, conforme explica a psicóloga Renata Paparelli, os fatores que levam ao desgaste mental estão relacionados com o grau de assujeitamento ao qual o trabalhador é submetido no processo de trabalho. “Quanto menos controle houver sobre o trabalho, quanto menos possível for adaptá-lo às características de quem o realiza, mais penoso ele será, já que será mais difícil o respeito ao limite subjetivo de cada um”, relativiza.

Mudanças:

A psicóloga defende a necessidade de se colocar limites à exploração da força de trabalho, para que se impeça a precariedade no ambiente laboral e seja permitido ao trabalhador transformar a atividade profissional de modo a respeitar o seu limite pessoal. “Essa possibilidade implica, muitas vezes, em diminuição da produtividade. Daí a importância de estimular políticas que coloquem a saúde dos trabalhadores como fator de competitividade entre as empresas, de modo a transformar os contextos de trabalho adoecedores”, defende Renata.

De acordo com Myrian, “o empresariado deve repensar o modelo de gestão nas empresas, que visa apenas a produtividade e o lucro em detrimento da vida dos trabalhadores”. Para isto, Silveira afirma que é preciso que se transcenda a contradição inerente aos modelos econômico e empresarial vigentes que, há séculos, têm levado ao conflito capital- trabalho. “[Deve-se] migrar da visão engessada da ‘mais valia absoluta’, que enxerga o trabalhador como ‘mão de obra’, para a situação da ‘mais valia relativa’, onde a qualidade do trabalho e os conhecimentos do trabalhador são considerados”, defende.

Sintomas do adoecimento mental por trabalho:

Fadiga crônica, tristeza, irritabilidade, falta de motivação, insônia, isolamento, dificuldade de concentração, déficit de atenção, ansiedade e a sensação de que o fim de semana não é suficiente para descansar.

Caso os sintomas sejam verificados, procure ajuda médica. Uma opção são os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, equipamentos públicos especializados em atender pessoas com problemas de saúde relacionados ao trabalho.

Por: Michelle Amaral.
Fonte: Brasil de Fato.
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14 de Novembro: 52 Anos da Greve da Paridade.


Em 1960, cerca de 400 mil ferroviários e portuários participaram de uma das maiores greves da história do país. Os trabalhadores exigiam a paridade com os salários pagos à categoria com a remuneração dos militares.

Segundo alguns relatos, na noite de véspera a eclosão do movimento, os sindicatos envolvidos na greve foram invadidos por policiais que prenderam aproximadamente 57 grevistas. Além da polícia política da época, o governo também mobilizou as forças armadas para sufocar o movimento. A greve da Paridade foi tão relevante para a luta da classe trabalhadora brasileira que outras categorias profissionais do Rio de Janeiro, acabaram fazendo greves de "solidariedade" em apoio a luta dos metroviários e portuários. No final, mesmo diante das prisões e dos episódios de violência policial, os trabalhadores saíram vitoriosos, conquistando os direitos pleiteados e uma maior organização das categorias envolvidas.

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