Frente as mudanças ocorridas no Brasil durante a década de 1930, haja vista a modernização dos centros urbanos e o processo de industrialização da economia brasileira, liderada pelo governo de Getúlio Vargas, o Partido Comunista, sempre se manifestou como uma força política atuante no país, independente se a organização estivesse na clandestinidade ou não.
Nesse período a principal organização de esquerda no país era a Aliança Nacional Libertadora que tinha como princípio o lema: "Terra, Pão e Liberdade". Na intenção de derrubar o governo de Getúlio Vargas, os comunistas que faziam parte da ANL, junto com outros setores sociais, como tenentes, jovens acadêmicos, jornalistas e intelectuais, promoveram uma série de insurreições militares no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. O objetivo principal dessas ações era iniciar uma greve geral no país e assim acumular forças para implantar uma república democrática, popular e socialista no Brasil. Foi nesse período que o líder tenentista Luís Carlos Prestes, retorna da Espanha, e junto com sua mulher, Olga Benário, passam a organizar o processo de resistência e rebelião no Rio de Janeiro.
No entanto, em todas as regiões que ocorreram as sublevações, as tropas governistas conseguiram sufocar os revoltosos, conseguindo de maneira exitosa perseguir, prender, torturar e até assassinar vários líderes e simpatizantes por esses movimentos.
Logicamente que a Intentona Comunista teve nas tropas militares um relevante apoio, haja vista que os cenários principais das sublevações eram os quarteis. Também pudera, durante a década de 1930 havia uma notória insatisfação dos militares em relação as políticas federais direcionadas as forças armadas. Os salários dos oficiais não eram atrativos e a expectativa de um reajuste era quase que inexistente. Sem contar que, depois de algumas modificações no regulamento militar, foi reintroduzido um antigo dispositivo existente nos primeiros anos da república que jubilava o militar se, em um período de dez anos, o mesmo não conseguisse atingir o oficialato. Esses dois fatores contribuíram para que muitos militares passassem a ter posições críticas ao governo getulísta e defendesse abertamente as bandeiras da ANL.
Dentro desse clima de crise econômica, os quarteis passaram a ser o cenário perfeito para os levantes almejados pelos comunistas. Eram nesses locais que as contradições do sistema implantado no país, pós-Revolução de 1930 se manifestava abertamente.
Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, depois dos levantes ocorridos no Rio Grande do Norte e no Recife, o 3º Regimento de Infantaria, localizado na praia Vermelha - Rio de Janeiro, deu início a uma nova insurreição. Entretanto, mesmo essa sendo uma rebelião de maior proporção, se comparada com as anteriores, não podemos dizer o mesmo sobre a sua duração, uma vez que, o governo já estava praticamente preparado para enfrentar essa revolta e contou com a lealdade das Forças Armadas em geral. A artilharia dos demais quarteis dominaram no mesmo dia os insurretos, colocando assim um ponto final nos planos revolucionários da ANL.
O saldo de mortos deixado pela Intentona Comunista no Rio de Janeiro foi de aproximadamente 48 mortos, entre revoltosos e militares. E devido a esse e os fatos anteriores, Getúlio Vargas iniciou um período de perseguição aos comunistas e aos demais membros da Aliança Nacional Libertadora, preparando o caminho para que em 1937 decretasse o Estado Novo.
Segundo Boris Fausto:
O episódio de 1935 teve sérias consequências, pois abriu caminho para amplas medidas repressivas e para escalada autoritária. O fantasma do comunismo internacional ganhou enormes proporções, tanto mais porque o Comitern havia enviado ao Brasil alguns quadros dirigentes estrangeiros para coordenar os preparativos da insurreição. (p.198).
Após a Intentona, o PCB foi colocado na clandestinidade e o governo Vargas não poupou esforços para reprimir as ações dos comunistas no Brasil. "Durante o ano de 1936, o Congresso aprovou todas as medidas excepcionais solicitadas pelo Poder Executivo para reprimir os comunistas de esquerda em geral". (FAUSTO). Foi criado um tribunal de exceção - Tribunal de Segurança Nacional, para julgar os envolvidos no levante de 1935 e o Ministério da Justiça formou a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo.
Ou seja, a partir das revoltas comunistas, Vargas ganhou um forte pretexto para se manter no poder. Esse processo culminou com um golpe de Estado e em novembro de 1937, com o Congresso Nacional fechado e as eleições canceladas, o presidente conseguiu se manter no poder, ficando nessa condição até o ano de 1945.
Referências:
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.
LINHARES, Maria Yedda (org). História Geral do Brasil. 9ªed. Rio de Janeiro: Campus.
PANDOLFI, Dulce Chaves. A Revolta Comunista de 1935. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/RevoltaComunista. Acesso em 27 de Novembro de 2012.
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Frente as mudanças ocorridas no Brasil durante a década de 1930, haja vista a modernização dos centros urbanos e o processo de industrialização da economia brasileira, liderada pelo governo de Getúlio Vargas, o Partido Comunista, sempre se manifestou como uma força política atuante no país, independente se a organização estivesse na clandestinidade ou não.
Nesse período a principal organização de esquerda no país era a Aliança Nacional Libertadora que tinha como princípio o lema: "Terra, Pão e Liberdade". Na intenção de derrubar o governo de Getúlio Vargas, os comunistas que faziam parte da ANL, junto com outros setores sociais, como tenentes, jovens acadêmicos, jornalistas e intelectuais, promoveram uma série de insurreições militares no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. O objetivo principal dessas ações era iniciar uma greve geral no país e assim acumular forças para implantar uma república democrática, popular e socialista no Brasil. Foi nesse período que o líder tenentista Luís Carlos Prestes, retorna da Espanha, e junto com sua mulher, Olga Benário, passam a organizar o processo de resistência e rebelião no Rio de Janeiro.
No entanto, em todas as regiões que ocorreram as sublevações, as tropas governistas conseguiram sufocar os revoltosos, conseguindo de maneira exitosa perseguir, prender, torturar e até assassinar vários líderes e simpatizantes por esses movimentos.
Logicamente que a Intentona Comunista teve nas tropas militares um relevante apoio, haja vista que os cenários principais das sublevações eram os quarteis. Também pudera, durante a década de 1930 havia uma notória insatisfação dos militares em relação as políticas federais direcionadas as forças armadas. Os salários dos oficiais não eram atrativos e a expectativa de um reajuste era quase que inexistente. Sem contar que, depois de algumas modificações no regulamento militar, foi reintroduzido um antigo dispositivo existente nos primeiros anos da república que jubilava o militar se, em um período de dez anos, o mesmo não conseguisse atingir o oficialato. Esses dois fatores contribuíram para que muitos militares passassem a ter posições críticas ao governo getulísta e defendesse abertamente as bandeiras da ANL.
Dentro desse clima de crise econômica, os quarteis passaram a ser o cenário perfeito para os levantes almejados pelos comunistas. Eram nesses locais que as contradições do sistema implantado no país, pós-Revolução de 1930 se manifestava abertamente.
Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, depois dos levantes ocorridos no Rio Grande do Norte e no Recife, o 3º Regimento de Infantaria, localizado na praia Vermelha - Rio de Janeiro, deu início a uma nova insurreição. Entretanto, mesmo essa sendo uma rebelião de maior proporção, se comparada com as anteriores, não podemos dizer o mesmo sobre a sua duração, uma vez que, o governo já estava praticamente preparado para enfrentar essa revolta e contou com a lealdade das Forças Armadas em geral. A artilharia dos demais quarteis dominaram no mesmo dia os insurretos, colocando assim um ponto final nos planos revolucionários da ANL.
O saldo de mortos deixado pela Intentona Comunista no Rio de Janeiro foi de aproximadamente 48 mortos, entre revoltosos e militares. E devido a esse e os fatos anteriores, Getúlio Vargas iniciou um período de perseguição aos comunistas e aos demais membros da Aliança Nacional Libertadora, preparando o caminho para que em 1937 decretasse o Estado Novo.
Segundo Boris Fausto:
O episódio de 1935 teve sérias consequências, pois abriu caminho para amplas medidas repressivas e para escalada autoritária. O fantasma do comunismo internacional ganhou enormes proporções, tanto mais porque o Comitern havia enviado ao Brasil alguns quadros dirigentes estrangeiros para coordenar os preparativos da insurreição. (p.198).
Após a Intentona, o PCB foi colocado na clandestinidade e o governo Vargas não poupou esforços para reprimir as ações dos comunistas no Brasil. "Durante o ano de 1936, o Congresso aprovou todas as medidas excepcionais solicitadas pelo Poder Executivo para reprimir os comunistas de esquerda em geral". (FAUSTO). Foi criado um tribunal de exceção - Tribunal de Segurança Nacional, para julgar os envolvidos no levante de 1935 e o Ministério da Justiça formou a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo.
Ou seja, a partir das revoltas comunistas, Vargas ganhou um forte pretexto para se manter no poder. Esse processo culminou com um golpe de Estado e em novembro de 1937, com o Congresso Nacional fechado e as eleições canceladas, o presidente conseguiu se manter no poder, ficando nessa condição até o ano de 1945.
Referências:
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006.
LINHARES, Maria Yedda (org). História Geral do Brasil. 9ªed. Rio de Janeiro: Campus.
PANDOLFI, Dulce Chaves. A Revolta Comunista de 1935. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/RevoltaComunista. Acesso em 27 de Novembro de 2012.
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