As histórias de 16 mil imigrantes que vieram para o Brasil fugindo do flagelo do fascismo entre 1939 e 1945 irão para museu.
Marcelo Remígio
Agência O Globo.
Dezesseis mil histórias de imigrantes que tiveram o mesmo destino: desembarcar no Brasil e fugir dos governos fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. O resgate da trajetória de parte dessas vidas está nas mãos de uma equipe de historiadores do Rio e fará parte do Memorial dos Exilados. O acervo reunirá documentos de entrada no País, cartas de recomendação para vistos, fotos, cartazes e jornais. O material, digitalizado, é referente a imigrantes que, de alguma maneira, contribuíram para a ciência, artes, música e literatura. Já foram recuperadas as biografias de 200 exilados, a maioria de descendência judaica.
O Memorial dos Exilados funcionará na Casa Stefan Zweig, museu dedicado à memória do escritor austríaco autor do livro Brasil um país do futuro, que fugiu do nazismo e escolheu o País como refúgio. O museu será inaugurado no segundo semestre deste ano e funcionará no imóvel onde o escritor e sua mulher, Lotte, viveram em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Além de preservar a memória do escritor, o museu reservará espaço para outros Stefan Zweig que chegaram ao Brasil e contribuíram com o país. A Casa passa por uma restauração e estamos recuperando a construção original. Em agosto comemoramos 70 anos do livro Brasil um país do futuro e, em novembro, os 130 anos do nascimento de Zweig, diz o presidente da Casa, Alberto Dines, que conheceu, quando criança, o escritor.
O trabalho de garimpagem das informações e documentação dos exilados é concentrado no Arquivo Nacional, em livros e nos registros de passageiros que chegaram ao Brasil de navio entre 1939 e 1945. De acordo com o historiador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Fábio Koifman, que coordena o trabalho, para entrar no Brasil era necessário visto e, para conseguir o permanente, o governo exigia documentos como cartas de recomendação. Há registro de exilados que, quando não conseguiam a documentação, ficavam meses no navio. Num dos casos, uma imigrante permaneceu 14 meses embarcada, indo e voltando para e Europa, até ser autorizada a desembarcar.
Desde 2007 se dedicando à seleção do material para o Memorial dos Exilados, Koifman afirma que muitos envelopes com informações dos imigrantes nunca foram abertos. Ao analisar o material, ele identificou que escritores como Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, pintores, entre eles Candido Portinari, e intelectuais exerciam papel de anjo da guarda, garantindo aos exilados as cartas de recomendação.
Encontramos uma carta assinada por Cândido Portinari para o pintor Emeric Marcier. No texto, Portinari dizia que o imigrante seria importante para o desenvolvimento artístico do Brasil. O curioso é que o texto foi escrito em uma tela de quadro, diz Koifman.
Romeno, Marcier fugiu do nazismo e ao chegar ao Brasil, sem dinheiro, pediu refúgio em uma pensão do bairro de Santa Teresa. Em troca, ele ofereceu aulas de técnicas de pintura para a artista plástica Djanira que, meses mais tarde, se tornaria sua mulher.
Fonte: Jornal do Commercio.
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As histórias de 16 mil imigrantes que vieram para o Brasil fugindo do flagelo do fascismo entre 1939 e 1945 irão para museu.
Marcelo Remígio
Agência O Globo.
Dezesseis mil histórias de imigrantes que tiveram o mesmo destino: desembarcar no Brasil e fugir dos governos fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. O resgate da trajetória de parte dessas vidas está nas mãos de uma equipe de historiadores do Rio e fará parte do Memorial dos Exilados. O acervo reunirá documentos de entrada no País, cartas de recomendação para vistos, fotos, cartazes e jornais. O material, digitalizado, é referente a imigrantes que, de alguma maneira, contribuíram para a ciência, artes, música e literatura. Já foram recuperadas as biografias de 200 exilados, a maioria de descendência judaica.
O Memorial dos Exilados funcionará na Casa Stefan Zweig, museu dedicado à memória do escritor austríaco autor do livro Brasil um país do futuro, que fugiu do nazismo e escolheu o País como refúgio. O museu será inaugurado no segundo semestre deste ano e funcionará no imóvel onde o escritor e sua mulher, Lotte, viveram em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Além de preservar a memória do escritor, o museu reservará espaço para outros Stefan Zweig que chegaram ao Brasil e contribuíram com o país. A Casa passa por uma restauração e estamos recuperando a construção original. Em agosto comemoramos 70 anos do livro Brasil um país do futuro e, em novembro, os 130 anos do nascimento de Zweig, diz o presidente da Casa, Alberto Dines, que conheceu, quando criança, o escritor.
O trabalho de garimpagem das informações e documentação dos exilados é concentrado no Arquivo Nacional, em livros e nos registros de passageiros que chegaram ao Brasil de navio entre 1939 e 1945. De acordo com o historiador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Fábio Koifman, que coordena o trabalho, para entrar no Brasil era necessário visto e, para conseguir o permanente, o governo exigia documentos como cartas de recomendação. Há registro de exilados que, quando não conseguiam a documentação, ficavam meses no navio. Num dos casos, uma imigrante permaneceu 14 meses embarcada, indo e voltando para e Europa, até ser autorizada a desembarcar.
Desde 2007 se dedicando à seleção do material para o Memorial dos Exilados, Koifman afirma que muitos envelopes com informações dos imigrantes nunca foram abertos. Ao analisar o material, ele identificou que escritores como Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, pintores, entre eles Candido Portinari, e intelectuais exerciam papel de anjo da guarda, garantindo aos exilados as cartas de recomendação.
Encontramos uma carta assinada por Cândido Portinari para o pintor Emeric Marcier. No texto, Portinari dizia que o imigrante seria importante para o desenvolvimento artístico do Brasil. O curioso é que o texto foi escrito em uma tela de quadro, diz Koifman.
Romeno, Marcier fugiu do nazismo e ao chegar ao Brasil, sem dinheiro, pediu refúgio em uma pensão do bairro de Santa Teresa. Em troca, ele ofereceu aulas de técnicas de pintura para a artista plástica Djanira que, meses mais tarde, se tornaria sua mulher.
Fonte: Jornal do Commercio.
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