quinta-feira, junho 02, 2011

Coluna: Manuel Correia de Andrade

Conhecer Pernambuco
Publicado em 18.03.2007Justificar

Sempre fui um homem apaixonado por Pernambuco, sempre preocupado em conhecê-lo em maiores detalhes. Isso me tem levado a fazer, em fins de semana, viagens a cidades do interior com as quais sou mais familiarizado ou que, por razões outras, aguçam a minha curiosidade. É assim que venho observando sucessivas particularidades que chamam a atenção, como o desenvolvimento da criação de búfalos, na porção meridional do Estado, onde o clima é mais úmido e onde os velhos engenhos possuem grandes açudes, que fornecem o hábitat natural para os bubalinos. Foi o que vi no Engenho Morim, que pertenceu a Estácio Coimbra, que tem importância histórica.

Foi interessante a visita ao povoado de Abreu do Una, próximo a São José da Coroa Grande, um reduto de rebeldes durante a chamada Guerra dos Cabanos, guerra que se estendeu de 1831 a 1836, de forma específica, e que se prolongou até 1848, quando foi aprisionado o seu principal caudilho, Vicente Ferreira de Paula, conduzindo uma multidão de rebeldes, formada por pretos escravos e forros, índios do Jacuípe e brancos pobres e caboclos. Lutando contra senhores de engenho e proprietários de coqueirais do sul de Pernambuco e do norte de Alagoas, a guerra teve início no Agreste Pernambuco, em Panelas do Miranda e, em seguida, teve como principais centros a vila de Água Preta, em Pernambuco, e a povoação de Barra Grande, no norte de Alagoas. Na área de Água Preta, em seguida à chamada revolta Praieira, em 1849, se desenvolveria a impropriamente chamada de “Guerra das Matas”, conduzida por Pedro Ivo Veloso da Silveira, herói famoso tanto por seus feitos como pelo fato de haver inspirado os dois dos maiores poetas brasileiros do seu tempo: Castro Alves e Álvares de Azevedo.

Nesta mesma região, Mata Meridional, formou-se o Quilombo dos Palmares, que no período colonial, no século 17, se constituiria na maior revolta negra de nossa história. E ainda é grande, nessa área, o contingente de negros e mulatos e de nomes de lugares que lembram regiões ou cidades africanas. E muitos povoados se constituíram em quilombos depois da passagens dos paulistas de Domingos Jorge Velho, que os venceu e dispersou. A região é, assim, a memória viva de Zumbi de Palmares, herói máximo do movimento rebelde, e do seu tio, Ganga Zumba, que antes dele se rendera ao governo e se estabelecera em Cucaú, onde hoje se localiza uma das principais usinas de açúcar do Estado.

Fomos à famosa Baía de Tamandaré, próxima a uns restos de mata atlântica ainda preservados, em Toquinho, que foi porto de onde se exportava o açúcar para o Recife, no tempo da navegação a vela, e também de convergência de tropas que iam lutar contra os cabanos e, depois, contra os praieiros de Pedro Ivo. Este local, suas condições naturais, foi apontado como ponto ideal para a construção do porto que serviria a Pernambuco, pretensão que foi preterida com a construção do Porto no Recife, na foz do Capibaribe e, muitos anos depois, com a de Suape, na foz do Rio Ipojuca. Hoje, Tamandaré é uma pequena cidade de veraneio e ponto de atração turística, com praias de areia, coqueirais e próxima a uma reserva de mata atlântica.

Mais ao norte encontramos a importante Ilha de Santo Aleixo, próxima à costa e em frente à foz do Sirinhaém, famosa, do ponto de vista histórico, por ter sido, já no século 16, ponto de encontro e de luta entre navegadores franceses, os chamados corsários, e os guarda-costas portugueses, onde lutou o famoso marinheiro Pero Lopes de Souza. Ele foi o primeiro donatário da Capitania de Itamaracá, na foz do Rio Sirinhaém teria ocorrido o último desembarque de negros, trazidos clandestinamente da África pelos comerciantes de escravos para serem vendidos aos produtores de açúcar.

Hoje, na ilha, existe uma bela mansão, que pertenceu a um industrial de tecidos do Recife, da família Menezes, que é alugada, freqüentemente, para turistas dados a esportes náuticos e para a realização de eventos da classe alta. Toda esta costa está sendo transformada em centros de atração turística, nela se destacando a mais famosa, Porto de Galinhas. Também a uma certa distância da praia, em área antes ocupada por manguezais, vem sendo desenvolvida a criação de camarões, atividade que põe em perigo o meio ambiente.
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Conhecer Pernambuco
Publicado em 18.03.2007Justificar

Sempre fui um homem apaixonado por Pernambuco, sempre preocupado em conhecê-lo em maiores detalhes. Isso me tem levado a fazer, em fins de semana, viagens a cidades do interior com as quais sou mais familiarizado ou que, por razões outras, aguçam a minha curiosidade. É assim que venho observando sucessivas particularidades que chamam a atenção, como o desenvolvimento da criação de búfalos, na porção meridional do Estado, onde o clima é mais úmido e onde os velhos engenhos possuem grandes açudes, que fornecem o hábitat natural para os bubalinos. Foi o que vi no Engenho Morim, que pertenceu a Estácio Coimbra, que tem importância histórica.

Foi interessante a visita ao povoado de Abreu do Una, próximo a São José da Coroa Grande, um reduto de rebeldes durante a chamada Guerra dos Cabanos, guerra que se estendeu de 1831 a 1836, de forma específica, e que se prolongou até 1848, quando foi aprisionado o seu principal caudilho, Vicente Ferreira de Paula, conduzindo uma multidão de rebeldes, formada por pretos escravos e forros, índios do Jacuípe e brancos pobres e caboclos. Lutando contra senhores de engenho e proprietários de coqueirais do sul de Pernambuco e do norte de Alagoas, a guerra teve início no Agreste Pernambuco, em Panelas do Miranda e, em seguida, teve como principais centros a vila de Água Preta, em Pernambuco, e a povoação de Barra Grande, no norte de Alagoas. Na área de Água Preta, em seguida à chamada revolta Praieira, em 1849, se desenvolveria a impropriamente chamada de “Guerra das Matas”, conduzida por Pedro Ivo Veloso da Silveira, herói famoso tanto por seus feitos como pelo fato de haver inspirado os dois dos maiores poetas brasileiros do seu tempo: Castro Alves e Álvares de Azevedo.

Nesta mesma região, Mata Meridional, formou-se o Quilombo dos Palmares, que no período colonial, no século 17, se constituiria na maior revolta negra de nossa história. E ainda é grande, nessa área, o contingente de negros e mulatos e de nomes de lugares que lembram regiões ou cidades africanas. E muitos povoados se constituíram em quilombos depois da passagens dos paulistas de Domingos Jorge Velho, que os venceu e dispersou. A região é, assim, a memória viva de Zumbi de Palmares, herói máximo do movimento rebelde, e do seu tio, Ganga Zumba, que antes dele se rendera ao governo e se estabelecera em Cucaú, onde hoje se localiza uma das principais usinas de açúcar do Estado.

Fomos à famosa Baía de Tamandaré, próxima a uns restos de mata atlântica ainda preservados, em Toquinho, que foi porto de onde se exportava o açúcar para o Recife, no tempo da navegação a vela, e também de convergência de tropas que iam lutar contra os cabanos e, depois, contra os praieiros de Pedro Ivo. Este local, suas condições naturais, foi apontado como ponto ideal para a construção do porto que serviria a Pernambuco, pretensão que foi preterida com a construção do Porto no Recife, na foz do Capibaribe e, muitos anos depois, com a de Suape, na foz do Rio Ipojuca. Hoje, Tamandaré é uma pequena cidade de veraneio e ponto de atração turística, com praias de areia, coqueirais e próxima a uma reserva de mata atlântica.

Mais ao norte encontramos a importante Ilha de Santo Aleixo, próxima à costa e em frente à foz do Sirinhaém, famosa, do ponto de vista histórico, por ter sido, já no século 16, ponto de encontro e de luta entre navegadores franceses, os chamados corsários, e os guarda-costas portugueses, onde lutou o famoso marinheiro Pero Lopes de Souza. Ele foi o primeiro donatário da Capitania de Itamaracá, na foz do Rio Sirinhaém teria ocorrido o último desembarque de negros, trazidos clandestinamente da África pelos comerciantes de escravos para serem vendidos aos produtores de açúcar.

Hoje, na ilha, existe uma bela mansão, que pertenceu a um industrial de tecidos do Recife, da família Menezes, que é alugada, freqüentemente, para turistas dados a esportes náuticos e para a realização de eventos da classe alta. Toda esta costa está sendo transformada em centros de atração turística, nela se destacando a mais famosa, Porto de Galinhas. Também a uma certa distância da praia, em área antes ocupada por manguezais, vem sendo desenvolvida a criação de camarões, atividade que põe em perigo o meio ambiente.
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