quarta-feira, julho 31, 2013

Intelectuais e Professores Debatem Rumos Políticos do Brasil.


O encontro foi promovido pela 'Carta Maior' em São Paulo. Ideia é que esse debate possa contribuir para o entendimento da realidade do país, num momento em que manifestações populares tomaram as ruas. Meta é criar uma agenda comum, que deve ser colocada como uma contribuição ao debate das forças de esquerda do país.

Cerca de 40 intelectuais e professores participaram, na noite desta segunda-feira (29), de um primeiro ensaio para a definição de uma agenda comum, que deve ser colocada como uma contribuição ao debate das forças de esquerda do país. O encontro foi promovido pela Carta Maior e a ideia é que esse debate possa contribuir para o entendimento da realidade do país, num momento em que as manifestações que tomaram as ruas a partir do mês de junho provocam certa perplexidade, e também produza consensos para uma ação política transformadora e reformadora, contra a tentativa de setores conservadores de apropriação e capitalização de reivindicações populares.

A grande preocupação, presente na maioria das falas, era com a necessidade de preservar os avanços proporcionados pelos dez anos de governo do PT, entre Lula e Dilma. Ainda assim, nenhum dos presentes deixou de citar, em maior ou menor grau, as amarras que fazem com que esses avanços sejam insuficientes ou, ainda, na avaliação de alguns, com que o governo seja incapaz de comprar certos enfrentamentos.

Nesse sentido, a maioria dos presentes falou da necessidade de se pressionar os poderes por reformas que sejam capazes de transformar as estruturas de poder, sendo as principais delas uma reforma político-eleitoral que acabe com o poder econômico nas eleições e a democratização da comunicação.

O grande balizador das falas, e tema razoavelmente controverso, foram as manifestações que tomaram as ruas. Tido por todos como fator que alterou a conjuntura de fato, a sensação generalizada era de que, se não houver uma resposta à altura pelo governo, a situação para o campo mais progressista da sociedade ficará pior ainda. Este seria um momento propício para mudanças, uma oportunidade para o governo avançar ainda mais. Para os participantes, resta saber se o governo fará a opção, diante dos fatos, de avançar em uma política progressista.

Ao final da reunião, depois de um debate sobre a capacidade de um grupo com essa configuração influenciar os rumos da política, definiu-se que será elaborado um documento com temas mais relevantes e com a ideia de que o que veio das ruas não pode ser apropriado pelo setor conservador. Nos próximos dias haverá mais uma reunião, que será aberta. Os professores interessados, de São Paulo e de outros Estados, podem entrar em contato com a Carta Maior, através do e-mail J29@cartamaior.com.br, para receber informações de como participar.


Por Maria Inês Nassif.
FONTE: Carta Maior.

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O Declínio de Detroit é um Fracasso Típico do Capitalismo.


Detroit está aí para nos provar: a estrutura hierárquica das empresas capitalistas proporciona aos acionistas majoritários e aos conselhos diretores os recursos necessários (lucros corporativos) para cortar as boas condições que os sindicatos às vezes conquistam. É assim que o sistema funciona.

O capitalismo é um sistema que deve ser julgado por suas falhas assim como por seus sucessos.

O crescimento econômico dos anos 1950 e 1960, conduzido pela indústria automobilística, fez de Detroit um símbolo global da renovação capitalista após a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial. Os altos salários nas indústrias, com segurança e benefícios exemplares, eram tidos como a prova da habilidade do capitalismo de gerar e sustentar uma ampla "classe média", que poderia incluir até os afro-americanos. Os trabalhos na indústria automobilística se tornaram o modelo de emprego que os trabalhadores norte-americanos buscavam.

O fato é que estas condições de trabalho foram impostas aos capitalistas através de duras lutas sindicais, especialmente nos anos 1930. Uma vez derrotados nessas lutas, rapidamente reescreveram a história para que os bons salários e boas condições de emprego se tornassem algo que os patrões ''deram" aos trabalhadores. De qualquer forma, Detroit se tornou uma cidade vibrante e mundial nos anos 1950 e 1960, e sua cultura profunda e peculiar inspirou a música mundial tanto quanto seus carros influenciaram o mundo industrial.

Nos últimos 40 anos o capitalismo transformou esse sucesso em um fracasso abjeto, culminando agora na maior falência municipal da história dos EUA.

Aqueles que tomavam as decisões chaves - os acionistas majoritários da General Motors, Ford, Chrysler, etc, e o conselho diretor que eles mesmo selecionaram - fizeram escolhas desastrosas. Eles não conseguiram competir com os capitalistas europeus e japoneses e consequentemente perderam uma fatia do mercado. Eles reagiram de maneira inadequada e com atraso à necessidade de desenvolver tecnologias que poupassem combustível. Mas o que causou o maior impacto foi o fato de terem reagido a seus próprios fracassos decidindo deslocar a produção para longe de Detroit, para que pudessem pagar aos trabalhadores salários mais baixos.

Os fracassos competitivos das companhias automobilísticas, assim como suas mudanças de domicílio, tiveram duas consequências econômicas centrais. A primeira: destruíram as fundações da economia da cidade de Detroit. A segunda: acabaram com as possibilidades de se constituir uma classe média duradoura nos EUA. Os últimos 40 anos revelaram a incapacidade ou a falta de vontade do sistema capitalista de reverter esta situação.

Os salários reais deixaram de crescer nos EUA nos anos 1970, e não cresceram desde então, mesmo que o aumento da produtividade dos trabalhadores tenha gerado ainda mais lucros aos patrões. O aumento da dívida dos consumidores e o trabalho em excesso postergaram em alguns anos o impacto da estagnação dos salários reais no consumo.

Mas, em 2007, com a estagnação dos salários e o esgotamento da possibilidade de endividamento do consumidor, uma crise longa e profunda chegou. Os patrões usaram o desemprego resultante para atacar a segurança e benefícios trabalhistas além do setor público, que fora construído nos anos 1950 e 1960 para dar suporte à classe média (por exemplo, o ensino superior público de baixo custo).

Os capitalistas da indústria automobilística se tornaram líderes e Detroit expressou o declínio econômico resultante dessa liderança. Na crise profunda que enfrenta desde 2007, a General Motors e a Chrysler conseguiram resgates financeiros do governo federal, mas Detroit não. As companhias automobilísticas conseguiram estabelecer reduções salariais (através de um sistema de salários diferenciados, baseados na produtividade) o que fez com que a economia de Detroit, baseada nos salários, não conseguisse se recuperar, enquanto os lucros e produção das companhias conseguiram. Os fracassos do capitalismo privado obtiveram a cumplicidade do governo federal.

Apesar das vitórias do passado, obtidas a partir de heroicas greves e outras ações da União dos Trabalhadores Automobilísticos (United Auto Workers, em inglês), os poderes decisórios das companhias se mantiveram nas mãos dos acionistas majoritários e seu conselho diretor. Eles usaram esse poder para enfraquecer e até mesmo desfazer o que as lutas sindicais conseguiram conquistar. Os sindicatos se provaram incapazes de parar esse processo. Os capitalistas de Detroit então minaram as condições trabalhistas que os trabalhadores arrancaram deles - e assim destruíram a cidade do "sucesso capitalista" construída sob essas condições.

O declínio de Detroit, como o declínio paralelo da União dos Trabalhadores Automobilísticos, nos ensina uma lição inevitável. Os mesmos contratos que os sindicatos militantes conquistaram deram aos patrões grandes incentivos para que eles encontrassem caminhos por fora desses contratos.

A estrutura hierárquica das empresas capitalistas proporciona aos acionistas majoritários e aos conselhos diretores os recursos necessários (lucros corporativos) para cortar as boas condições que os sindicatos às vezes conquistam. É assim que o sistema funciona. Detroit está aí para nos provar isso. A solução não está mais nos contratos.

Se os trabalhadores tivessem transformado as companhias em cooperativas de trabalhadores, Detroit teria evoluído de maneira diferente. As cooperativas não teriam deslocado a produção, o que acabou com seus trabalhos, famílias e comunidade. O deslocamento da produção, uma estratégia tipicamente capitalista, foi a chave para a queda populacional de 1,8 milhão em 1950 para 700.000 pessoas hoje.

As cooperativas de trabalhadores talvez tivessem encontrado alternativas ao deslocamento da produção que poderiam ter salvado Detroit. Elas teriam, por exemplo, pago menos em dividendos aos proprietários e salários aos gerentes. Essas economias, se transferidas a um custo mais baixo para o consumidor, teriam possibilitado melhor preço em relação às montadoras japonesas e europeias do que aquele conseguido pelas Três Grandes de Detroit.

Não podemos saber exatamente o quanto a mais as indústrias de Detroit teriam se beneficiado do progresso técnico se elas tivessem se organizado como cooperativas de trabalhadores. Podemos supor que os trabalhadores possuem mais incentivos para melhorar a tecnologia em cooperativas que eles possuem e operam do que como empregados em empresas capitalistas. Por fim, cooperativas teriam produzido (e ajudado a promover) veículos de transporte coletivo ou outras alternativas aos automóveis, uma vez que eles viam que uma produção continuada de automóveis não garantiam as prioridades - emprego e o bem-estar dos trabalhadores - às cooperativas.

Que tipo de sociedade dá a um número relativamente pequeno de pessoas a posição e o poder para fazer decisões corporativas que impactam milhões dentro e no entorno de Detroit, enquanto excluem esses mesmos milhões de participarem das decisões?

Quando as decisões capitalistas condenam Detroit a 40 anos de um declínio desastroso, que tipo de sociedade alivia esses capitalistas de qualquer responsabilidade na reconstrução da cidade? A resposta mais simples a essa pergunta: nenhuma economia genuinamente democrática poderia funcionar dessa forma.

Por Richard Wolff.
Tradução de Roberto Brilhante.
FONTE: Carta Maior.
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IDH: Instituto Lula Desenha a Diferença Entre os Governos Petistas Pra FHC.


Dados do IDH por município mostram escala das mudanças no Brasil nos últimos 10 anos

O Brasil viveu uma radical mudança em qualidade de vida, distribuição de renda e educação entre 2000 e 2010. Os desafios pela frente ainda são grandes, mas as conquistas dos últimos anos mostram que o país caminha no rumo certo. Os dados que referendam essas afirmações estão no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, lançado nesta segunda-feira (29), em Brasília, pelo PNUD, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Na semana passada, em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia falado sobre a importância de reconhecer as conquistas e continuar avançando. “Tem gente querendo fazer com que as pessoas esqueçam o que fizemos nos últimos dez anos”, afirmou Lula no começo de seu discurso em comemoração pelos 10 anos de governo democrático e popular. “Nós temos o direito de reivindicar tudo que falta, mas temos a obrigação de reconhecer tudo que conquistamos”, completou.

O Atlas 2013 mostra que cerca de 74% dos municípios brasileiros (ou 4.122 deles) se encontram nas faixas de Médio e Alto Desenvolvimento Humano. O trabalho pela frente ainda é grande, cerca de 25% deles (ou 1.431 municípios) estão nas faixas de Baixo e Muito Baixo Desenvolvimento Humano. Ainda mais reveladora é a comparação com os dados da série histórica. Em 1991, 99,2% dos municípios brasileiros estavam nas faixas de IDH de Baixo e Muito Baixo desenvolvimento. Em 2000, 71,5% dos municípios, bem mais de dois terços do país, encontrava-se na mesma situação. Dez anos depois, esse número havia baixado para 25,2%, porcentagem menor do que a dos municípios no extremo oposto, de Alto e Muito Alto Desenvolvimento, que faziam 34,7% do país.

Os dados refletem a evolução apresentada pelo IDHM do Brasil nas duas últimas décadas, ao sair da faixa de Muito Baixo (0,493) em 1991 para Alto (0,727) em 2010. Esta evolução sinaliza também que o país está conseguindo, aos poucos, reduzir as disparidades históricas de desenvolvimento humano entre os municípios das regiões Norte e Nordeste e aqueles localizados no Centro-Sul.

Apesar da evolução neste quadro, a análise por regiões mostra que o Nordeste ainda tem a maioria de seus municípios no grupo de Baixo Desenvolvimento Humano (61,3%, ou 1.099 municípios), enquanto no Norte eles somam 40,1% (180 municípios) nesta categoria. Pelos dados atuais, 0,8% dos municípios do Brasil (44 deles) faziam, em 2010, parte da faixa de Muito Alto Desenvolvimento Humano e 33,9% estavam na faixa de Alto Desenvolvimento.


Educação foi o indicador que mais melhorou:
O item educação foi o que mais melhorou no acompanhamento do PNUD (128%), mas é também aquele que apresenta menor valor absoluto do IDHM (0,637 em 2010, contra 0,279 em 1991). Pelos dados reajustados, em 1991, apenas três municípios (de um total de 5.565) estavam acima da faixa mais baixa de desenvolvimento humano em educação. Em 2000, a situação havia mudado sensivelmente no Sudeste e no Sul, mas continuava idêntica na maior parte do Brasil. O mapa de 2010 mostra a mudança em todas as regiões do país, puxada principalmente pelo aumento do fluxo escolar de crianças e jovens (156%). 

  Alguns dados de educação (entre 1991 e 2010):
- População adulta com ensino fundamental concluído passou de 30,1% para 54,9%

- Crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola passou de 37,3% para 91,1%
- Jovens de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental passou de 36,8% para 84,9%
- Jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo passou de 20% para 57,2%
Porém: 40% dos jovens nesta faixa ainda não têm fundamental completo
- Jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo passou de 13 para 41%
Ou seja: a maioria destes jovens ainda não possui médio completo.

FONTE: Instituto Lula/Revista Fórum.
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terça-feira, julho 30, 2013

“Marx Tinha o Objetivo de Transformar o Mundo Capitalista”.


Coordenador da mesa-redonda Marx: 130 anos depois – Clássico e Atual, promovida pela Fundação Maurício Grabois, durante a 65ª Reunião Anual da SBPC, no Recife, o historiador e mestre em Ciência Política, Augusto Buonicore, avalia a atualidade e a permanência do pensamento do filósofo e revolucionário alemão.

Onde reside a atualidade do pensamento de Marx?
Augusto Buonicore - O centro do pensamento de Marx é justamente a articulação da teoria e da prática política. Tanto é que uma frase famosa do Marx diz o seguinte: “Os filósofos até então buscam interpretar o mundo, mas o problema é transformá-lo”. Então, toda a produção teórica do Marx sobre a análise da dinâmica do capitalismo, que se baseia na exploração do trabalho, na exploração dos trabalhadores, da mais valia, a compreensão de que o capitalismo é um sistema em crise, a compreensão de que a história da sociedade humana é a história da luta de classes. Isso foi uma grande contribuição de Marx, foi que fez Marx ser o intelectual que ele é.

Mas, para quê isso, para quê compreender o mundo? Porque Marx tinha o objetivo de transformar o mundo capitalista, por um fim ao capitalismo e construir um sociedade nova socialista. Então, só podemos compreender a teoria do Marx vinculada ao projeto político-societário que ele tinha. Essa seja, talvez, uma pouca diferença de Marx de outros filósofos, que só teorizavam sobre o mundo e não procurar transformá-lo. Então, a teoria de Marx é práxis por causa disso, porque vincula teoria e prática transformadora.

Existe um link entre a sobrevivência do capitalismo e a permanência do marxismo?
Sim, sim. Alguém já disse que enquanto existir o capitalismo e as contradições que ele reproduz cotidianamente – e a crise é um desses aspectos e essa crise tem um impacto na humanidade, milhões e milhões de desempregados, milhões de trabalhadores que perdem seus direitos – enquanto houver o capitalismo a teoria que interpreta, que proporciona a transformação continua atual.

Assim sendo, diz ele, poderíamos dizer que o marxismo só será superado quando esse sistema que ele analisa e se propõe transformar também for superado. Então, contraditoriamente, enquanto houver capitalismo haverá marxismo e ele será atual. Contraditório porque o marxismo é o crítico do capitalismo, mas só sobreviverá enquanto tiver o capitalismo. No futuro, talvez, o marxismo deixe de ser, aí sim, atual e passe a ser clássico do passado com pouca referência no presente.

Por Audicéa Rodrigues.
FONTE: Portal Vermelho.
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Reúne-se em São Paulo a Mais Ampla Articulação de Esquerda do Mundo.


Começa nesta quarta-feira (31), na capital paulista, o 19º Encontro do Foro de São Paulo. O evento desenvolve-se até o domingo, dia 4 de agosto e mobiliza as atenções do conjunto das forças progressistas não só latino-americanas, mas de todo o mundo.

Importantes líderes progressistas estarão presentes, como o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o presidente boliviano Evo Morales e dirigentes de partidos comunistas no poder, como os partidos comunistas de Cuba, da China da Coreia Popular e do Vietnã. Durante esses dias, estarão reunidos representantes de cerca de uma centena de partidos de esquerda da região e muitos outros da Europa, África, Ásia e Oriente Médio.

Organizado pelo Grupo de Trabalho, instância que coordena o Foro e cuja secretaria executiva é comandada pelo Partido dos Trabalhadores, o 19º Encontro é acolhido por este partido e pelos demais partidos brasileiros dele integrantes, como o Partido Comunista do Brasil, o Partido Socialista Brasileiro e o Partido Democrático Trabalhista.

É um importante acontecimento político, do qual participarão também centenas de militantes e movimentos sociais organizados.

Fundado em 1990, no auge da contrarrevolução que resultou na derrocada dos países socialistas e quando estava a pleno vapor a ofensiva do imperialismo estadunidense e da reação mundial contra as conquistas democráticas e sociais dos povos, o Foro de São Paulo é a maior e mais duradoura articulação de forças de esquerda em todo o mundo. Voltado para assegurar a unidade na diversidade de todas as correntes da esquerda, firmou-se como uma força de caráter anti-imperialista, em luta pela democracia, os direitos dos povos, a soberania nacional, a integração regional, a paz mundial e pelo socialismo nas condições peculiares da época e resguardadas as situações nacionais específicas.

Ao longo de quase um quarto de século, o Foro de São Paulo tem unificado a voz e as ações da esquerda latino-americana na luta contra o neoliberalismo, o conservadorismo, as heranças ditatoriais, as políticas econômicas lesivas aos direitos dos trabalhadores, o neocolonialismo e o imperialismo.

O Foro de São Paulo tem coordenado o respaldo político regional e internacional aos processos em curso de conquista de vitórias eleitorais das forças progressistas e à atuação dos respectivos governos de coalizão. Tem também condenado os golpes contra presidentes eleitos democraticamente, como em Honduras e no Paraguai.

Sempre que o Foro de São Paulo se reúne, os povos latino-americanos e caribenhos têm muito a ganhar, pois suas resoluções e planos de ação estimulam as lutas anti-imperialistas na região.

Como ocorre em todos os encontros do Foro de São Paulo, a assembleia final é precedida de reuniões de trabalho das secretarias regionais, da realização de oficinas temáticas nas quais se debate sobre as questões com mais concretude, observando as peculiaridades locais e setoriais. São reuniões indispensáveis para informar corretamente a elaboração do plano de ação e da declaração final.

As reuniões do Foro de São Paulo são ocasiões propícias também à realização dos encontros setoriais de mulheres, jovens, parlamentares e de ativistas dos movimentos antirracistas, o que muito contribui para estreitar os vínculos entre as forças políticas e os movimentos sociais.

Por José Reinaldo Carvalho.
FONTE: Portal Vermelho.
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segunda-feira, julho 29, 2013

Edgar Vasques: Rango.


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Download: Em Busca do Socialismo - Florestan Fernandes.


FERNANDES, Florestan.
Download: 4Shared
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domingo, julho 28, 2013

Coluna: Os Malvados.


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Trabalhadores Querem Continuidade de Multa de 10% Sobre o Saldo do FGTS.


Os trabalhadores apoiam o veto da presidenta Dilma Rousseff à extinção da multa de 10% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em casos de demissão sem justa causa. Contrariamente à forma como se posicionou o empresariado, ao repudiar o veto, os representantes de trabalhadores manifestaram satisfação com a manutenção da multa. O veto da presidenta à mudança foi publicado no Diário Oficial da União de ontem (25).

Para a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (CTB) do Brasil, o veto merece o "total apoio da classe trabalhadora brasileira", pois a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 200/2012 foi o resultado da influência do setor dos empregadores no Congresso.

"Quem não usa mão do recurso da demissão sem justa causa, que não é permitida nos países onde vigora a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), não tem razão para temer a multa rescisória mantida pela presidenta", disse, em nota, o presidente da CTB, Wagner Gomes. Essa convenção da OIT, sobre o Término da Relação de Trabalho por Iniciativa do Empregador, estabelece um quadro normativo geral, que depende de regulamentação dos Estados signatários. O Brasil chegou a assinar e ratificar essa convenção na década de 1990, mas a denunciou em 1997, quando a medida deixou de vigorar no país.

O secretário de organização sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Brasília, Roberto de Oliveira, também citou a convenção da OIT sobre relações de trabalho e defendeu a volta da estabilidade no emprego – que vigorou no Brasil até a Constituição Federal de 1988.

"Essa discussão tem como pano de fundo a volta da estabilidade ao emprego, como estabelece a convenção da OIT. A central defende que o Brasil acate essa convenção internacional, o que vai promover uma discussão geral sobre o tema", explicou Oliveira.

Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, a falta de estabilidade no atual mercado de trabalho brasileiro é uma das principais causas da rotatividade de mão de obra no país, o que ainda contribui para o aumento da quantidade de solicitações para o pagamento de seguro-desemprego, onerando as contas públicas. Segundo ele, a multa de 10% sobre o FGTS seria mais um fator de inibição para as demissões sem justa causa – além dos 40% sobre o mesmo fundo que vai para o trabalhador. No caso dos 10%, o montante é depositado no próprio FGTS, para investimentos em políticas públicas, como moradia.

De acordo com o secretário da CUT, Roberto de Oliveira, os trabalhadores e o próprio governo terão dificuldades em manter o veto da presidenta Dilma no Congresso. Depois de apreciado por ela, o texto retorna ao Congresso para análise dos parlamentares. Ontem (25), representantes de entidades do empresariado manifestaram repúdio ao veto, argumentando que a multa onera ainda mais a folha de pagamentos.

"Infelizmente, nosso Congresso é conservador e, se os empresários se mobilizarem, é possível derrubar o veto. As entidades representativas dos trabalhadores podem se mobilizar para tentar impedir isso, mas como essa discussão não diz respeito ao valor que efetivamente vai para o trabalhador, talvez isso dificulte a mobilização da classe", informou o secretário da CUT.

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse à Agência Brasil que a central vai se articular no Congresso no sentido oposto ao dos empresários, de forma a evitar a derrubada do veto. "Temos a convicção de que ela [Dilma] acertou. Vejo importância na manutenção da multa porque estamos em uma situação de quase pleno emprego e muitas empresas não entendem isso e trocam os empregados como mercadoria. Sou totalmente favorável ao veto por causa da diminuição de demissões desmotivadas."

A Força Sindical, assim como as demais entidades, posicionou-se favoravelmente ao veto. De acordo com a central sindical, o fim da multa retiraria R$ 3 bilhões por ano do fundo, sem a criação de medidas compensatórias, como prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal – assim como foi justificado pela presidenta Dilma Rousseff.

A contribuição adicional de 10% foi incorporada à multa de 40% do FGTS para funcionários demitidos sem justa causa em 2001, devendo ser paga pelo empregador ao governo e não ao empregado. A contribuição extra foi criada para ajudar a corrigir um desequilíbrio existente entre a correção dos saldos das contas individuais do FGTS. A lei, entretanto, não estabeleceu prazo para o fim da cobrança dos 10%, nem o vinculou à solução do desequilíbrio do fundo.


Por Carolina Sarres.
Edição: Talita Cavalcante.
FONTE: Agência Brasil.
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As Aventuras da Família Brasil - Luis Fernando Veríssimo.

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“As Ruas São uma Tsunami nos Partidos e na Mídia”.

Em 2005, a jornalista e cientista política Beatriz Bissio bateu à porta do Ministério das Comunicações brasileiro no desespero da última cartada para tentar manter viva a publicação dos Cadernos de Terceiro Mundo. Para quem não conheceu, o suplemento foi uma das experiências mais ricas de mídia com enfoque Sul-Sul, que circulou principalmente na América do Sul e na África durante 30 anos. Pobreza, desigualdades (sim, elas são plurais e os Cadernos já sabiam disso desde a década de 1970), guerras civis, alternativas econômicas e um sem número de questões culturais deliciosas e peculiares enchiam as páginas da revista, publicada em vários idiomas e com colaboradores jornalistas do mundo inteiro. Mas aqueles tempos eram outros. O povo não estava nas ruas gritando pela democratização dos meios de comunicação. Sem resposta do ministério, que disse apoiar com verbas publicitárias apenas veículos de grande circulação e, afundada em dívidas contraídas na tentativa de mantê-lo funcionando, a publicação parou de circular.

Falar desse fato altera o rumo da prosa com Beatriz, mulher de olhos marcantes, mãos que não freiam a ansiedade da escrita nem durante uma entrevista e questionamentos sempre afiados, como os de uma repórter que tem dificuldade de estar do outro lado da conversa. Uruguaia que entrou na faculdade de Engenharia para, em meio à instalação do regime ditatorial do país, deixar o diploma de lado e se tornar jornalista na prática. Ameaçada pelo regime, exilou-se primeiramente no México, para depois descer a América chegando no Brasil. Ao lado do ex-marido, o jornalista Neiva Moreira, falecido no ano passado, cobriu a guerra de independência de Moçambique e acompanhou o acirramento do conflito no Oriente Médio. Grávida da única filha, embarcou para a província angolana de Cabinda, movida pela disputa do petróleo. Tornou-se brasileira, participou da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Viu o nascimento de uma força da mídia alternativa e também sua dissolução, antes da eclosão das mídias sociais, entre eles os Cadernos. Afastou-se do jornalismo prático, para tornar-se pesquisadora do tema, como coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Até pouco mais de um mês, estava focada na cobertura da mídia brasileira sobre o Oriente Médio (como o conflito Israel-Palestina), apontando a visão parcial, pró-Israel e com espaço absolutamente limitado nos jornais mais tradicionais do país. Mas agora, como boa parte dos cariocas, está de olho no que está acontecendo bem aqui, organizando debates e cineclubes sobre os protestos que estão mudando a rotina do Rio de Janeiro. Atônita com as últimas cenas, une os dois lados mais fortes de si própria e afirma: “Vejo esses acontecimentos como uma tsunami nos partidos políticos e na mídia tradicional”.

Na entrevista abaixo, ela – que é uma das diretoras da revista virtual Diálogos do Sul e membro do conselho consultivo da área de Comunicação do Ibase - afirma que os dois sistemas brasileiros – político e de comunicação – estão falidos.

Canal Ibase: Você é uma das poucas pessoas, talvez a única, que reúne duas experiências de vida riquíssimas para compreender o momento que o Brasil vive: é jornalista, entre as pioneiras da chamada mídia alternativa, e cientista política. Trata-se de um momento que põe em xeque os dois campos do conhecimento, você concorda?
Beatriz Bissio: Sim. O processo é novo e qualquer análise é provisória. Mas sem dúvida a sociedade civil está se tornando um ator cada vez mais importante e com mais instrumentos para cobrar seu espaço. Nenhum partido político pode escapar dessa compreensão. Vejo esse movimento como uma espécie de tsunami sobre os partidos políticos. Eu mesma fui uma das fundadoras do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que teve como marco um encontro em Lisboa, onde estavam presentes o Neiva (Moreira), Brizola e o Betinho (um dos fundadores do Ibase). Mas parei de militar. Considero que o partido se afastou da sua raiz, das suas bandeiras históricas. Houve o sequestro de uma sigla que representava reivindicações importantes sobre a lógica do trabalhismo. Os partidos terão que lidar com essa tsunami e se reconstituir. O mesmo acontece com a mídia brasileira, que pela primeira vez tem o cenário de monopólio questionado de forma tão veemente nas ruas.

Canal Ibase: Fala se em crise de representatividade política…
Beatriz: Sim. Um divisor de águas foi o fato de uma convocatória pontual ter criado uma fibra para despertar essa massividade. Nada se explicaria se não existisse na sociedade um grande desconforto anterior. Nunca se explica o contemporâneo sem entender o contexto que já estava dado. Havia uma mistura de decepção, raiva, estresse, exaustão da vida urbana. A convocatória contra o aumento no preço da passagem tocou este mal-estar. No Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCS) da UFRJ estamos em estado de assembleia permanente. É um momento completamente novo e meus alunos, sendo a maioria deles pessoas que já possuíam um engajamento acima da média dos jovens, estão percebendo que a situação exige deles uma compreensão que todos estamos buscando. As ruas despertaram a juventude e impulsionaram debates que já ocorriam no âmbito dos movimentos sociais. Nas ruas, você passa do que leu no livro para o que sentiu na pele. E a heterogeneidade é bastante didática. As pessoas se percebem parte de conjuntos, embora tenham diferentes bandeiras.

Canal Ibase: Sem usar a alcunha de “mídia alternativa” – expressão mais recente para designar fontes de informação fora da mídia tradicional – você foi uma das pioneiras desse movimento na América Latina. Agora, o assunto está no centro do debate. A mídia brasileira poderá ser a mesma após esse renascimento das ruas como um fato social?
Beatriz: Ainda é cedo para afirmar, mas acho que não. Algo já mudou. As ruas estão exigindo uma mídia diferente da que temos, completamente alienante. A grande mídia é a principal interessada até na continuidade desse modelo, porque assim ela não é questionada e continua lucrando, mantendo seus trabalhadores inclusive com salários baixos. As ruas provaram que querem novas fontes de informação. As pessoas sentiram na pele, presenciaram os acontecimentos e não os viram refletidos nas notícias. A experiência acabou com a alienação.

Canal Ibase: Mas, para mudar esse sistema, é preciso ir além. Você teve que fechar os Cadernos de Terceiro Mundo e a editora responsável por ele, em 2005, por falta de apoio. A principal forma de mudar seria a discussão da publicidade do setor público?
Beatriz: Sim. Pouco antes de fechar a editora fui recebida no Ministério das Comunicações. A primeira pergunta que a pessoa me fez foi: que tiragem vocês têm? Ele me disse: nossa verba é só para quem está com mais de 500 mil exemplares por mês. Na época da crise, tirávamos 20 mil exemplares, sendo 70% de assinantes fieis. Mas a questão sequer era essa. O governo não tem que pensar em publicidade apenas para se divulgar mais. A publicidade de órgãos públicos serve também para fomentar veículos de comunicação. Assim deveria ser. Os Cadernos de Terceiro Mundo chegaram a ter uma tiragem de 120 mil exemplares por mês. Mas mesmo que não tivesse. A escolha não pode ser feita dessa forma, se não os pequenos veículos nunca crescerão, nunca receberão apoio. É isso que as pessoas que estão nas ruas ainda precisar entender, se apropriar dessa informação. Precisamos discutir a democratização dos nossos meios de comunicação. É bom para todo mundo.

Canal Ibase: Há um discurso de que faltam mídias “alternativas”. Sabemos que essa percepção é errada…
Beatriz: Quem afirma que faltam iniciativas de comunicação está mal informado. Elas existem, não temos que inventar a roda, nem cair no erro de apoiar uma apenas. Existem as mídias alternativas mais diversas e algumas muito boas, excelentes. O que precisa mudar é a parcela milionária de publicidade que o governo destina aos grandes veículos. Isso melhorou no último governo, mas não foi suficiente. A grande mídia argumenta que a mediocridade é reflexo do que o público consome. Não concordo em absoluto. As pessoas também dão resposta a conteúdos de qualidade.

Canal Ibase: Há então uma crise de representatividade no que diz respeito à mídia?
Beatriz: Sim, as pessoas não se veem mais representadas ali. Há uma crise das ideologias que estão postas, do modelo de desenvolvimentismo adotado inclusive pelo governo Dilma. A perplexidade que acontece no território da política se reflete na mídia e nas novas fontes de informação que surgem.

Canal Ibase: O grupo que você coordena no IFCS analisa a cobertura da grande mídia sobre o Oriente Médio. Ela também reflete essas falhas?
Beatriz Bissio: A cobertura sobre o Oriente Médio tem pouco espaço, acontece de forma descontínua e muitas vezes sem contextualização suficiente. No caso da Sïria, estamos analisando o discurso da grande mídia e há generalizações perigosas, como o uso de “rebeldes”. No caso de Israel e Palestina, por exemplo, a cobertura é completamente pró-Israel. Isso altera a visão de mundo das pessoas, é muito grave e muito ruim que tenhamos tão poucas fontes de informação. Por outro lado, acho que isso está mudando. Os brasileiros estão nas ruas pedindo, também, por novas fontes de informação. É um direito básico do cidadão e essencial em uma democracia.

Além de professora e pesquisadora da UFRJ, Beatriz é hoje uma das diretoras da revista virtual Diálogos do Sul e membro do conselho consultivo da área de Comunicação do Ibase.

FONTE: Ibase.
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