quinta-feira, maio 31, 2012

SINPRO/PE: 5ª Assembléia Geral dos Professores da Rede Privada de Pernambuco.

Os Índios do Século XXI.

"Índio quer tecnologia" - berra O Globo, em chamada de primeira página (25/05). Lá está a foto de um guerreiro Kamayurá, que usa um iPhone para fotografar o terreno da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde será construída a aldeia Kari-Oca que vai sediar eventos paralelos da Conferência Rio+20. Ele viajou de barco e de ônibus, durante três dias, com mais vinte índios do Alto Xingu, de quatro nações diferentes. Chegaram na última quinta-feira, para construir a aldeia Kari-Oca. 

Na aldeia que eles vão construir formada por cinco ocas -uma delas será uma oca eletrônica hight tech- mais de 400 índios que vivem no Brasil discutirão com índios dos Estados Unidos, Bolívia, Peru, Canadá, Nicarágua e representantes de outros países temas como Código Florestal, demarcação de terras, reservas minerais, crédito de carbono, clima, usinas hidrelétricas, saberes tradicionais, direitos culturais e linguísticos. No final, produzirão um documento que será entregue à ONU no dia 17 de junho. 

Embora a notícia contenha informações jornalísticas, O Globo insiste em folclorizar a figura do índio. Em pleno século XXI, o jornal estranha que índios usem iPhone, como se isso fosse algo inusitado. Desta forma, congela as culturas indígenas e reforça o preconceito que enfiaram na cabeça da maioria dos brasileiros de que essas culturas não podem mudar e se mudam deixam de ser "autênticas". 

A imagem do índio "autêntico" reforçada pela escola e pela mídia é a do índio nu ou de tanga, no meio da floresta, de arco e flecha, tal como foi visto por Pedro Álvares Cabral e descrito por Pero Vaz de Caminha, em 1.500. Essa imagem ficou congelada por mais de cinco séculos. Qualquer mudança nela provoca estranhamento. 

Quando o índio não se enquadra nesta representação que dele se faz, surge logo reação como a esboçada pela pecuarista Kátia Abreu, senadora pelo Tocantins (PSD, ex-DEM): "Não são mais índios". Ela, que batizou seus três filhos com os nomes de Irajá, Iratã e Iana, acha que o "índio de verdade" é o "índio de papel", da carta do Caminha, que viveu no passado, e não o "índio de carne e osso" que convive conosco, que está hoje no meio de nós. 

 Na realidade, trata-se de uma manobra interesseira. Destitui-se o índio de sua identidade com o objetivo de liberar as terras indígenas para o agronegócio. Já que a Constituição de 1988 garante aos índios o usufruto de suas terras -que são consideradas juridicamente propriedades da União- a forma de se apoderar delas é justamente negando-se a identidade indígena aos que hoje as ocupam. Se são ex-índios; então, não têm direito à terra. 

Criou-se, através dessa manobra, uma nova categoria até então desconhecida pela etnologia: a dos "ex-índios". Uma categoria tão absurda como se os índios tivessem congelado a imagem do português do século XVI, e considerassem o escritor José Saramago ou o jogador Cristiano Ronaldo como "ex-portugueses", porque eles não se vestem da mesma forma que Cabral, não falam e nem escrevem como Caminha. 

O cotidiano de qualquer cidadão no planeta está marcado por elementos tecnológicos emprestados de outras culturas. A calça jeans ou o paletó e gravata que vestimos não foram inventados por brasileiro. A mesa e a cadeira na qual sentamos são móveis projetados na Mesopotâmia, no século VII a. C., daí passaram pelo Mediterrâneo onde sofreram modificações antes de chegarem a Portugal, que os trouxe para o Brasil. 

A máquina fotográfica, a impressora, o computador, o telefone, a televisão, a energia elétrica, a água encanada, a construção de prédios com cimento e tijolo, toda a parafernália que faz parte do cotidiano de um jornal brasileiro como O Globo - nada disso tem suas raízes em solo brasileiro. No entanto, a identidade brasileira não é negada por causa disso. Assim, não se concede às culturas indígenas aquilo que se reivindica para si próprio: o direito de transitar por outras culturas e trocar com elas. 

Foi o escritor mexicano Octávio Paz que escreveu com muita propriedade que "as civilizações não são fortalezas, mas encruzilhadas". Ninguém vive isolado, fechado entre muros. Historicamente, os povos em contato se influenciam mutuamente no campo da arte, da técnica, da ciência, da língua. Tudo aquilo que alguém produz de belo e de inteligente em uma cultura merece ser usufruído em qualquer parte do planeta. 

Setores da mídia ainda acham que "índio quer apito". Daí o assombro do Globo, com o uso do iPhone pelos Kamayurá, equivalente ao dos americanos e japoneses se anunciassem como algo inusitado o uso que fazemos do computador ou da televisão: "Brasileiro quer tecnologia". 

O jornal carioca, de circulação nacional, perdeu uma oportunidade singular de entrevistar integrantes do grupo do Alto Xingu, como Araku Aweti, 52 anos, ou Paulo Alrria Kamayurá, 42 anos, sobre as técnicas de construção das ocas. Eles são verdadeiros arquitetos e poderiam demonstrar que "índio tem tecnologia". O antropólogo Darell Posey, que trabalhou com os Kayapó, escreveu: 

 "Se o conhecimento do índio for levado a sério pela ciência moderna e incorporado aos programas de pesquisa e desenvolvimento, os índios serão valorizados pelo que são: povos engenhosos, inteligentes e práticos, que sobreviveram com sucesso por milhares de anos na Amazônia. Essa posição cria uma "ponte ideológica” entre culturas, que poderia permitir a participação dos povos indígenas, com o respeito e a estima que merecem, na construção de um Brasil moderno”. Esses são os índios do século XXI. A mídia olha para eles, mas parece que não os vê.

Fonte: Adital/Taqui pra ti. 
Por José Ribamar Bessa Freire -  Professor, Coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti.
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quarta-feira, maio 30, 2012

Elogiando as Utopias & Cortejando o Absurdo - Joaquim Nabuco.

"Uma das maiores burlas dos nossos tempos terá sido o prestígio da imprensa. Atrás do jornal, não vemos os escritores, compondo a sós o seu artigo. Vemos as massas que o vão ler e que, por compartilhar dessa ilusão, o repetirão como se fosse o seu próprio oráculo". 

"A oposição será sempre popular; é o prato servido à multidão que não logra participar no banquete". 

"O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade". 

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terça-feira, maio 29, 2012

Admirável República dos Tiriricas: Os Fatos Mais Interessantes da Política Tupiniquim.


A pontualidade de fato não se institucionalizou nas terras tupiniquins. Portanto, não invente de esperar os compromissos firmados pela gente dessa terra sem contabilizar o tempo da tolerância. E além da paciência, procure também esperar sentado, pois no contrário você irá ter sérios problemas de coluna.

E é por meio dessa breve descrição que venho aqui citar mais um fato interessante ocorrido nas revolucionárias terras da gloriosa República dos Tiriricas. Após um tempinho de espera de aproximadamente dois anos, a pátria consegue entregar o primeiro navio construído pelo seu estaleiro que está localizado no litoral sul da região nordeste. Não posso confessar a tamanha satisfação e orgulho que alimento por essa terra tão comprometida com seus afazeres. Entretanto só não queria está na pele do comprador que passou tantos meses esperando pelo seu pedido.

E pela primeira vez, em toda a nossa história, comemoramos a entrega de um navio construído, após dois anos de atraso e que rendeu um prejuízo de aproximadamente 170 milhões aos cofres públicos. Mas o que importa é que conseguimos e estamos muito felizes com tudo isso, mesmo sabendo que os próximos navios encomendados já foram suspensos. Ou seja, o que nos resta é ser feliz e esquecer esses pequenos prejuízos, afinal de contas, a pressa é inimiga da perfeição.
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segunda-feira, maio 28, 2012

Download - Milton Santos.

SANTOS, Milton
Download: Geociência
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sábado, maio 26, 2012

SINPRO/PE: 4ª Assembléia Geral dos Professores da Rede Privada de Pernambuco.

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As Aventuras da Família Brasil - Luis Fernando Veríssimo.

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quarta-feira, maio 23, 2012

Elogiando as Utopias & Cortejando o Absurdo - Cícero.


"Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la." 
"Todos os homens podem cair num erro, mas só os idiotas perseveram nele". 
"A filosofia é o melhor remédio para a mente". 
"Casa sem livros, corpo sem alma." 
"Prefiro a paz mais injusta à mais justa das guerras".

Marco Túlio Cícero. 

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Edgar Vasques: Rango.

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terça-feira, maio 22, 2012

O Saber Científico e o Desenvolvimento Nacional.




Não há dúvidas que para que possamos construir um efetivo desenvolvimento social e econômico em nosso país, é fundamental o investimento concreto em Educação, Ciência e Tecnologia. Além disso, também temos que elencar a democratização desses três elementos como um pressuposto fundamental para podermos traçar um efetivo projeto de nação. 

Com o passar das últimas décadas o Brasil passou ampliar a sua produção científica, chegando a responder atualmente por 2,5% da ciência mundial, e isso se deu, principalmente pela ampliação dos programas de pós-graduação nas universidades brasileira. Contudo, vejo que ainda existem entraves para que a produção ciêntífica tenha um desenvolvimento ainda mais otimizado, e um desses entraves, além do investimento de recursos público, é a própria popularização do saber ciêntífico. Não podemos negar que as universidades ainda se encontram como centros que, mesmo produzindo resoluções para as problemáticas do cotidiano, ainda detém uma dinâmica muito afastada do dia-a-dia da população em geral. O sonho de uma universidade popular ainda não é concreto e o saber científico, infelizmente se encontra restrito a um determinado extrato social.

Mesmo assim, a realidade ainda é otimista, principalmente pela atuação de renomadas instituições de fomento à produção científica, como o CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciêntífico e Tecnológico, O FINEP: Financiadora de Estudos e Projetos, e  aCAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior. Além da grande representatividade protagonizada pela ANPG - Associação Nacional de Pós-Graduandos. 

Além dessas instituições, também encontramos a campanha nacional protagonizada por vários atores e organizações socias pelo investimento de 50% do fundo social do Pre-sal para a Educação, Ciência e Tecnologia e pelos 10% e 2% do Produto Interno Bruto para a Educação e na Ciência e Tecnologia, respectivamente. 

Enfim, sem a produção do saber científico e a construção de uma educação pública e de qualidade não haverá perspectivas algumas para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país, pois são por meio de tais caminhos que vamos traçar as mais racionais perspectivas para a efetivação de uma sociedade cientificamente sustentável.
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sábado, maio 19, 2012

Classe Média?

As classes médias são algo difícil de entender. Talvez até porque sob essa classificação convivam tribos muito diferentes. E são elas, no entanto, que terão um papel decisivo nas próximas eleições, seja nos Estados Unidos, seja na cidade de São Paulo. 

A disputa de significados não é sem razão. O conceito de classe média que for adotado vai abrir campos de identidades e de alianças. 

O conceito que se impõe, pela força que tem a lógica do mercado, é o da capacidade de consumo. A classe média, nesse caso, se define por sua capacidade de consumo. E como o aumento da capacidade de consumo do brasileiro mais pobre tem se elevado, isso abre espaço para uma operação ideológica, que é chamá-lo de classe média e reforçar a ideia de ascensão social, de que ele está melhorando de vida. Essa visão pretende que o povão apoie o governo e busque, nas eleições, a continuidade dessas políticas que o favorecem. No plano do imaginário social, essa operação é um sucesso, e o apoio ao governo da presidente Dilma demonstra isso. Um Brasil que cresce, que melhora a vida dos mais pobres. Esse é um sentimento compartilhado por uma grande maioria. 

Mas, no plano material, a realidade é outra. As melhorias são bastante limitadas, e o piso do qual partimos é muito baixo. Não estamos falando de uma sociedade de bem-estar. Acima de uma renda de R$ 530 por mês aqui no Brasil, você é classe média. Explico-me: o governo define que a classe média parte de R$ 1.740 e vai até quase R$ 8.000 de renda familiar mensal. O IBGE diz que uma família é composta em média de 3,3 pessoas. Então, façamos a conta: R$ 1.740 dividido por 3,3 pessoas é igual a R$ 527,27. Aí começa a classe média baixa, com uma capacidade de consumo de R$ 17,57 por dia. Esses brasileiros não são classe média, são pobres que melhoraram um pouco de vida. Seus valores, suas referências, são distintos dos da classe média. 

Mas há um esforço midiático para trazê-los à condição de classe média, para afirmar que mudaram de condição de vida, ascenderam socialmente. A aposta política é que eles vão lutar para manter as melhorias em sua condição de vida. O jogo é com o medo de perderem o que conquistaram. Nessa linha, terão de votar no governo, na continuidade das políticas públicas. 

Outra leitura parte de situações de crise, como na Grécia, onde as mobilizações de protesto contra os cortes nas políticas sociais ganharam a adesão das classes médias. Nesse caso, são outras forças políticas e sociais –trabalhadores, jovens, desempregados, aposentados– que puxam as mobilizações. E a classe média adere, atraída pela força do movimento. O recorte não se dá pela capacidade de consumo, mas pela luta para garantir direitos, para mudar as políticas de governo. Mas aí vem o paradoxo: ainda que tenham participado das mobilizações, essas classes médias reafirmaram seu apoio, nas eleições, aos setores conservadores. 

Provavelmente o conceito de classe média como ator político não se sustenta. Não conseguimos explicar com a mesma lógica os distintos comportamentos dos grupos sociais que a integram. Esse conceito tenta pasteurizar diferenças importantes e pode ter sido criado justamente para isso. A grande maioria dos participantes das manifestações que ocuparam as praças da Europa e dos Estados Unidos nos últimos meses é de jovens de classe média. Estariam eles influenciados pela Primavera Árabe, um amplo movimento popular? 

 Há todo um conjunto de referências culturais que dão identidade às classes médias. Não é só a capacidade de consumo que as define. Afinal, se temos um torneiro mecânico e um advogado que ganham R$ 6 mil por mês, os dois são classe média? 

 A classe média tem acesso à educação, vai ao cinema e à academia, frequenta bares e restaurantes, tem carro, vive em um mundo distinto do popular. E como podemos entender o movimento dos estudantes no Chile pela democratização do acesso à educação? É um movimento de juventude? É um movimento de classe média? Ou é os dois? Eles conquistaram a adesão de professores e sindicatos de trabalhadores para sua luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade. 

Provavelmente o que chamamos de classe média também tenha outras identidades –jovem, mulher, gay, estudante etc.–, e talvez sejam essas outras identidades que irão buscar os melhores candidatos para a defesa de seus direitos. A trama eleitoral fica mais complexa.

Fonte: Adital
Por, Silvio Caccia Bava - Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.
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Download - Paulo Prado.

 PRADO, Paulo.
Download: iphi.org
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Reportagem: Ligações Entre a Revista Veja e Carlinhos Cachoeira.


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Coluna: Os Malvados.

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sexta-feira, maio 18, 2012

SINPRO/PE: 3ª Assembléia Geral dos Professores da Rede Privada de Pernambuco.

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Novo Telecurso - História - Aula 23. (O Papel do Estado e da Igreja na Colonização Portuguesa).





   

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18 de Maio: Inauguração do Teatro Santa Isabel no Recife.

Em pleno século XIX, o presidende da província de Pernambuco, Francisco do Rego Barros teve a ideia de construir um teatro público no Recife, com a finalidade de viabilizar um projeto de formação artística na região. As obras foram iniciadas em 1841 e o prédio iria ter o nome de Teatro de Pernambuco.

Entretanto, um ano antes da inauguração, que aconteceu no dia 18 de maio de 1850, o nome do teatro foi alterado para Teatro Santa Isabel, como uma homenagem a filha do imperador D. Pedro II à pedido do então governador da província, Honório Hermeto Carneiro Leão, o marquês do Paraná. A primeira apresentação ocorrida no teatro foi o Espetáculo "O Pajem D´Aljubarrota" escrita pelo português, Mendes Leal. Atualmente o Teatro Santa Isabel é o mais antigo dos teatros em funcionamentos da América Latina.
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segunda-feira, maio 14, 2012

Exercício de Sociologia - Desigualdades Sociais.

01. De acordo com o caput do artigo 5º da Constituição Federal/1988 " Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade"... Contudo quando confrontamos com a realidade concreta podemos enxergar que esses direitos e garantias fundamentais não se materializam na vida cotidiana de vários brasileiros. Assim, fazendo uma relação com o estudo das desigualdades sociais, podemos afirmar que: 

a) A desigualdade social por ser um fenômeno natural de toda sociedade, na prática, o Estado não tem o dever de acabá-las. 
b) A norma jurídica em questão entra em confronto diretamente com a realidade efetiva, demonstrando assim que, mesmo assegurada por lei, a igualdade social não é efetivada de forma tão simples. 
c) As sociedades são naturalmente desiguais, os dispositivos jurídicos são os únicos mecanismos capazes de diminuir as desigualdades sociais. 
d) A desigualdade social não tem relações com as injustiças, já que os mecanismos jurídicos a condenam, retirando a possibilidade de haver uma relação entre as relações desiguais e as injustiças sociais. 
 
02. Sobre o processo de Desigualdades Sociais é INCORRETO afirmar que: 
a) De uma forma bastante ampla, as desigualdades que se manifestam em uma sociedade pode ser muito bem explicada ao analisarmos as suas raízes históricas, culturais e econômicas. 
b) As desigualdades sociais não são acidentais, mas produzidas por um conjunto de relações que abrangem as várias esferas da vida social. Esses fatores, não somente contribuem para o surgimento dessas desigualdades, como também contribui para que essas se multipliquem. 
c) A má distribuição de renda e a omissão do Estado pode ser considerado como fatores relevantes para a propagação das desigualdades sociais. 
d)As desigualdades sociais podem ser consideradas como produto de um conjunto de relações pautado na propriedade e na dominação e hegemonia de uma classe social sobre as demais. 
e) No contexto político e social o entendimento sobre as desigualdades sociais ultrapassam os limites culturais e somente devem ser explicados pelos critérios econômicos. 

 03. "Concebo na espécie humana duas espécie de desigualdades. Uma que chamo de natural ou física, porque é estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito ou da alma. A outra, pode-se chamar de desigualdade moral ou política porque depende de uma espécie de convenção e que é estabelecida ou pelo menos autorizada pelo consentimento dos homens. Estas consistem nos diferentes privilégios de que gozam algums em prejuízo dos outros, como ser mais rico, mais honrado, mais poderoso do que os outros ou mesmo fazer se obedecer por eles. (ROUSSEAU, Jean Jacques. A Origem da Desigualdade Entre os Homens). 

Diante do que foi lido podemos afirmar que: 
a) Mesmo havendo desigualdades naturais entre as pessoas, a origem das desigualdades sociais estão nos próprios valores sociais que guiam as condutas humanas para uma realidade desigual. 
b) Tanto as desigualdades naturais quanto sociais não podem ser justificadas pelo argumento sociológico. 
c) As sociedades naturalmente são pautadas por estruturas injustas e desiguais, assim, os valores morais não podem ser considerados como um fator da desigualdade. 
d) As desigualdades físicas e geracionais são as bases primordiais para o entendimento das desigualdades sociais. 
e) As desigualdades sociais não se relacionam com as formas de organização e de convenções coletivas definidas pelas pessoas que vivem em uma mesma sociedade. 

04. Dos fatores abaixo, NÃO podemos relacionar como uma das causas das desigualdades sociais: 
a) má distribuição de renda. 
b) omissão do Estado. 
c) perpetuação da pobreza. 
d) diferenças etárias e geracionais. 
e) racismo e injustiça.

05. Considerando o debate sociológico sobre o tema das “desigualdades sociais” no Brasil, julgue a veracidade das afirmativas:

0   0  O desemprego é uma condição de vida experimentada por muitos indivíduos na atualidade. Ele é analisado pelas teorias sociológicas como uma “questão social”, podendo ser um fenômeno que envolve diversos elementos estruturais de uma ou de várias sociedades.
 1     1 O aumento significativo do número de divórcios é resultado dos problemas que afetam os indivíduos em particular, destruindo lares e famílias, exigindo soluções específicas para cada pessoa.
2   2 As desigualdades socioeconômicas entre brancos e negros são explicadas pelo sentimento de inferioridade que os negros, historicamente, cultivaram, não tendo relação com o regime de produção baseado na monocultura, no latifúndio e na escravidão.
3   3 Os negros integram o grupo social que permanece por menos tempo na escola. A implantação de políticas públicas que tenham como meta sua inclusão no sistema formal de ensino integra, na atualidade, o grupo das ações afirmativas, discutidas pelas instituições de ensino superior.
4   4 O desemprego, o divórcio e as desigualdades socioeconômicas entre negros e brancos podem ser analisadas como “questões sociais” que produzem efeitos perversos exclusivamente nas classes sociais menos favorecidas.
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domingo, maio 13, 2012

13 de Maio: Abolida a Escravidão no Brasil.

Em 1888, após muitas lutas protagonizadas pelos defensores do abolicionismo, como também pela pressão internacional de cunho liberal, visando o fim da escravidão no Brasil, a princesa Isabel, no dia 13 de maio assina a lei imperial 3353, mais conhecida como a lei Áurea, extinguindo assim, a escravidão em todo o império.

No entanto, como é de conhecimento de muitas pessoas, tal dispositivo legal não foi responsável por uma emancipação satisfatória para os milhares de negros que vivíam no país, uma vez que, em relação a necessidade de incorporação do ex-escravo na sociedade, a lei foi bastante omissa, fator esse que contribuiu para o surgimento de vários outros problemas sociais.
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Sobre o VIII Congresso da União da Juventude Socialista de Olinda.


Mais de mil jovens olindenses se reuniram nessa última sexta feira (11/05) no VIII Congresso Municipal da União da Juventude Socialista, entidade fundada na década de 1980 com o intuito de politizar a juventude brasileira e defender a construção de um mundo socialista. Organizado bienalmente, o congresso municipal é uma das etapas congressuais promovida pela entidande antes do congresso estadual e da etapa nacional. E é por meio dessa grande mobilização local, regional e nacional que a UJS se fortalece, reafirmando suas bandeiras de lutas e renovando seus métodos e suas direções.

A União da Juventude Socialista se solidificou no âmbito dos movimentos sociais brasileiros, principalmente dentro do movimento estudantil, secundarísta e universitário nos anos posteriores ao fim da ditadura militar no Brasil. Aglutinando e debatendo com millhares de jovens de todas as regiões, os dirigentes da UJS sempre se destacaram pela sua ousadia e coragem de encarar os desafio e dificuldades oriundos da militância de esquerda pautados principalmente pela ideologia política do Partido Comunista.  Foram esses jovens socialistas que protagonizaram momentos de grande relevância em nossa recente história política, haja vista a geração "cara pintada" que gritou pelo "Fora Collor" ou a luta pela reforma na educação, momento em que vários grêmios estudantis e diretórios acadêmicos mobilizaram estudantes de todas as partes para denunciar a falência do modelo de educação implementada pelos governos neoliberais de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.


Foi a União da Juventude Socialista a responsável em gritar pela necessidade de políticas voltadas especificamente para os jovens brasileiros, pois era essa parcela demográfica que estava sofrendo diretamente com a violência, a marginalidade, o vício, o desemprego e principalmente o despreparo intelectual e profissional. E diante desse quadro, os congressos estudantis foram espaços de notável relevância para a manifestação dessas bandeiras, pois eram nesses locais que os jovens podíam debater política e externar os seus anseios para a sociedade.

Após a eleição do ex-presidente Lula, muitas conquistas foram concretizadas para a vida de milhares de jovens brasileiros, principalmente no campo educacional, com a construção de escolas e universidades e a contrbuição da UJS nesse processo foi fundamental. Contudo, mesmo diante de um quadro social otimista, a UJS ainda enxerga que os problemas da juventude brasileira são bastante amplos e complexos e que o Brasil com a "cara" da juventude ainda é uma realidade distante. E é por isso que, mesmo salvaguardando os antigos espaços de participação política da juventude, como os congressos estudantis e contribuindo nos novos espaços, como as conferências de políticas públicas para a juventude, a UJS se permite ir mais além e ainda encontra fôlego para construir, a cada dois anos, os seus congressos, municipais, estaduais e nacional. Ficando assim, mais próximo da juventude, escutando e presenciando de perto os seus  problemas e fazendo com que várias outras pessoas possam conhecer, legitimar e fazer parte dessa grande entidade política.


A expressão, "Nas Redes e Nas Ruas" foi escolhida como o tema para nortear o 16º Congresso Nacional da entidade, transparencendo assim uma constante preocupação em dialogar com toda a juventude, à luz da realidade concreta, assim, ao enxergar a notável participação dos jovens dentro do cyberespaço, principalmente nas redes sociais, a UJS passou a utilizar ainda mais a internet para trocar experiências com vários outros jovens e mobilizar ainda mais a juventude para a luta por novos direitos e conquistas. As redes sociais tiveram nos últimos tempos um papel relevante para a propagação de temas que não são debatidos pelos meios de comunicação tradicional. A realidade de muitos jovens brasileiros não era retratada da forma certa pelas emisssoras, pelos jornais ou pelas revistas, pelo contrário, o enfoque juvenil sempre são pautados por um teor conservador e alienante, entretanto, os jovens se empossaram da internet, conseguindo expressar as suas opiniões para vários outros jovens e assim, ferir o monopólio midiático do país. A UJS enxerga isso com bons olhos e convida toda a juventuda para esse debate.

Em Olinda, as coisas não se diferenciaram de tudo o que foi exposto, e a grande prova disso aconteceu no congresso municipal da UJS, onde mais de mil jovens se reuniram para discutir política, além de participarem de várias atividades de lazer. E diante de todo esse debate, a nova direção da UJS-Olinda foi eleita com aclamação unânime de todos os delegados e delegadas que estavam credenciados no evento, sendo postos, os novos desafios para todos que contróem a gloriosa União da Juventude Socialista.
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sexta-feira, maio 11, 2012

Professores do Setor Privado Ameaçam Iniciar Estado de Greve.



Professores do setor privado de Pernambuco começam a considerar a possibilidade de entrar em Estado de Greve. O alerta foi iniciado ontem à noite, em uma reunião realizada entre diretores do Sindicato dos Professores no Estado de Pernambuco (Sinpro Pernambuco). Agora, caso não haja nenhum avanço na mesa de negociação, que acontece na próxima segunda-feira (14), a coordenação de greve estuda levar a proposta ao conjunto dos docentes na assembleia geral da categoria, marcada para o dia 22 de maio.

Isso porque na última mesa de negociação entre professores e patrões, realizada segunda-feira (07); o sindicato patronal (Sinepe) rejeitou todas as cláusulas da pauta de reivindicações dos professores aprovada na última assembléia (dia 03 de maio), entre elas a unificação do piso salarial, vale-refeição, adiantamento do 13º salário e estabilidade da professora lactante, além da unificação do piso salarial em R$10 a hora/aula – considerada principal bandeira da campanha deste ano.

O Sinepe alegou que a atual situação financeira das escolas estaria no limite da capacidade e sugeriu 4,96% de aumento salarial para os professores que já recebem acima do piso nível I ou II. Caso os professores aceitassem a proposição, os níveis Infantil e Fundamental 1 sofreriam um reajuste de 12%, passando de R$ 5,00 para R$ 5,62 a hora aula. Já os que lecionam em nível Médio ou Fundamental 2 o reajuste seria de 10%, passando de R$ 6,40 para R$ 7,04 a hora-aula.

“Estamos percebendo na mesa de negociação que não existe nenhuma pré-disposição da entidade patronal em atender nenhum ponto de nossa pauta. Ano passado mobilizamos muita gente e fizemos uma greve vitoriosa. Este ano estamos com o mesmo sentimento, que é preciso luta e para exigir respeito aos professores”, disse o Coordenador Geral do Sinpro Pernambuco, Jackson Bezerra.

Dado – Estado Permanente de Greve é iniciativa legal necessária a ser tomada antes de uma deflagração, além de ser considerada como medida de estado de alerta.

Entenda a Campanha
03 – Categoria votou pauta reivindicatória a ser levada aos patrões em assembléia realizada no Sinpro.
07 – Terceira rodada de negociação Sinpro X Sinepe, sem avanços.
08 – Diretoria se reúne e cogita possibilidade de entrar em Estado de Greve.
14 – Marcada quarta rodada de negociação Sinpro X Sinepe.
22 – Nova assembleia geral dos professores. A depender da reunião do dia 14, pode ser votado a entrada no Estado de Greve.

Histórico:

Na campanha salarial 2011 a categorial conquistou o maior reajuste percentual de todo Nordeste do País dado a rede particular. Em relação aos professores que ganham o piso, o reajuste aprovado foi de 10% retroativo de abril até dezembro de 2011 mais 2,86%, acrescidos de janeiro à março de 2012 para o Nível I(Infantil e Fundamental I), o aumento da hora aula de R$4,43 para R$5 até março. Para o Nível II (Fundamental II e Nível Médio), o reajuste foi de 10% retroativo de abril de 2011 até março de 2012, subindo de R$5,82 para R$6,40. Já os professores que ganham acima do piso obtiveram reajuste e ganho real de 7% em cima do INPC de abril de 2011 até março de 2012 – antes o índice era de 6,31.

Além dos ganhos de piso, a categoria conquistou outros 16 pontos exigidos na Convenção Coletiva de Trabalho, entre elas, a manutenção das cláusulas já existentes na Convenção Coletiva anterior, redução do desconto de vale transporte de 6% para 5%, participação no planejamento pedagógico escolar, proibição da alteração da caderneta escolar sem permissão do docente, regulamentação do CIPA, manutenção da bolsa de 50% para filhos de professores que estudem em escolas onde o docente não ensina, garantia de hora-extra para o educador que participar de atividades culturais e recreativas fora do seu horário, abono de falta para participação das assembléias sindicais ilimitado, dentre outros.

Fonte: Sinpro/PE.
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domingo, maio 06, 2012

A Melhor Economia é a que Funciona.

Qual é o melhor tipo de economia (ciência e atividade produtiva) que se conhece? A resposta a essa recorrente indagação é única: a melhor economia é a que funciona. No entanto, essa mesma pergunta permite desdobramentos: funciona para quem e de que forma? Uma economia só funciona a contento quando agrada a maioria. Agrada aos empresários se o tipo de economia praticada for capaz de apontar caminhos que levam a um retorno o mais rápido possível. Agrada ao governo quando a economia ajuda na reeleição ou quando o governante faz seu sucessor. Sim, não estranhe: a economia também é capaz de eleger ou derrotar eleitoralmente. E, por fim, agrada ao conjunto de pessoas quando a atividade econômica possibilita à maioria prosperar. 

 É certo, todavia, que os economistas, isolados em seus modelos matemáticos, não conseguem fazer com que as pessoas prosperem como num passe de mágica; mas, a economia que os economistas "desenham” pode ajudar cada um a encontrar um bom termo na vida. Logo, um tipo de economia que seja feita para servir a sociedade, obrigatoriamente, precisa então colocar as pessoas em primeiro lugar; e não há nada melhor para isso do que pôr em prática políticas econômicas que promovam a geração de emprego e facilitem a distribuição de renda. Parte daí a coerente e sensata afirmação do economista chileno Manfred Max-Neef que reitera em seus escritos que "a economia está para servir as pessoas e não as pessoas para servir a economia”. 

A concretização dessas palavras nos parece ser o modelo ideal de economia a ser praticada caso queiramos desenhar um novo papel para uma ciência social que pode ajudar no progresso da humanidade a partir da melhora na vida de cada um. Para tanto, é imprescindível se pensar num novo jeito de fazer economia. Os processos econômicos -em suas diversas manifestações- não podem mais ser analisados e pensados apenas em termos estritamente econômicos. A frieza de raciocínio que marca, essencialmente, a economia envolvida em gráficos, taxas e indicadores matemáticos diversos, fazendo subir e descer o ambiente monetário-financeiro frente a qualquer espirro diferente dos mercados, precisa ser pensada sob outras escalas: principalmente sob a perspectiva de valorizar o ser humano e não o dinheiro; é a pessoa que tem (e deve ter) valor, e não a mercadoria. Não nos esqueçamos, para tanto, que o objetivo central da economia -para desespero de alguns tradicionais- não é o dinheiro, mas sim as pessoas; não é o mercado e nem a mercadoria, mas sim os desejos e incentivos de cada um de nós. 

O interesse que deve nortear essa ciência tipicamente de cunho social é o indivíduo e não o acúmulo mercantil. É por isso que as questões sociais devem permear o universo da ciência econômica. Antes de existir o dinheiro, já existia a vida; já existiam necessidades sociais, já existiam seres humanos desejosos em prosperar. Nada mais justo então que a economia, enquanto disciplina social se coloque no nobre intento de atender as necessidades humanas. Quais necessidades? Essas são conhecidas: ser, ter, estar e fazer. São esses parâmetros que cabe à economia lidar estabelecendo seus trade-offs peculiares; afinal, deve-se fazer o melhor possível -para todos- visando atender essas necessidades de preferência no menor tempo possível. 

A propósito, o tempo -entendido aqui como uma variável- é muito valioso para o bom desempenho da economia. A razão? Tudo parece apontar para as realizações em curto prazo. Talvez tenha sido por isso que o economista mais brilhante da segunda metade do século XX -John M. Keynes- tenha dito que "no longo prazo todos estaremos mortos”. A economia precisa responder de imediato aos interesses da sociedade. Com isso, Keynes talvez tenha desejado chamar a atenção para a necessidade de se fazer uma economia capaz de suprir as necessidades humanas. Em matéria de economia, esperar pelo amanhã nem sempre é a melhor decisão; principalmente quando essas decisões envolvem aquilo de mais valioso que se conhece: a vida humana. Definitivamente, uma economia a serviço da sociedade é, antes de tudo, uma economia que afirma positivamente a vida humana. Disso não tenhamos dúvidas.

Por Marcus Eduardo de Oliveira - Economista brasileiro, especialista em Política Internacional. Articulista do site “O Economista”, do Portal EcoDebate e da Agência Zwela de Notícias (Angola).
Fonte: Adital.
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A Constitucionalidade das Cotas Raciais.


Longe de descordar que, mesmo considerada como "coisa julgada", a destinação de cotas raciais em vagas nas universidades públicas do Brasil, ainda será um tema bastante debatido por várias pessoas nos mais diversos espaços. Se para muitos, a posição do Supremo Tribunal Federal em julgar a constitucionalidade das cotas raciais foi uma atitude coerente e racional, para outros, essa realidade será algo muito difícil de aceitar, independente da avaliação dos ministros do STF. 

Contudo, mesmo tendo que escutar os diversos argumentos proferidos pelos que são contrários ao sistema de cotas nas universidades brasileiras, não consigo encontrar um aspecto que possa fazer com que possa concordar com essas argumentações, por mais persuasivas que sejam.

Pois bem, ao longo da formação da sociedade brasileira, o que foi construído de favorável para a população negra desse país? De fato, não é preciso analisar com profundidade as raízes históricas e sociológicas do Brasil para concordar que a pobreza, a exclusão, o desemprego, a violência e a marginalidade tem sua cor preferida, a negra. Dessa forma, não podemos ser tão hipócritas ao ponto de defender o fim do racismo e das demais mazelas derivadas dessa forma de discriminação, sem ressaltar a necessidade de se gerar dentro do próprio Estado, os meios para que os milhões de negros e negras possam, de fato, se emanciparem, por si só de todos os problemas que afetam o seu cotidiano. E a criação de cotas raciais, sem dúvidas é uma dessas ferramentas emancipatórias. 

Sábia foi a reflexão do ministro, Lewandowski, quando no momento em que manifestou o seu voto como favorável às cotas, afirmou que o Estado, além deixar a sua posição de neutralidade sobre essa realidade, também estava, naquele momento, criando meios para viabilizar o desenvolvimento social da população brasileira.

E assim, considero que a decisão do STF de fato respondeu de forma virtuosa aos vários séculos de lutas protagonizadas por inúmeros cidadãos negros que em muitos momentos doaram as suas vidas para transformar a realidade construir um Brasil mais igualitário. Nesse contexto, considero que essa vitória não pertence apenas ao movimento negro, e sim, a todos os brasileiros que no histórico dia 26 de abril testemunharam um importante gesto promovido pelo poder público, visando o fortalecimento de políticas afirmativas capazes de promover o desenvolvimento social do país.
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sexta-feira, maio 04, 2012

Márcio Pochmann: Despolitizada, “Nova Classe Média?” É Desafio Para Partidos e Sindicatos.

“A estrutura fundiária do Brasil é hoje pior do que em 1920. Atualmente, 40 mil proprietários rurais concentram 50% das áreas agricultáveis do País. Também é preciso acabar com essa lógica perversa que impera, em que os mais pobres são exatamente os que pagam mais impostos”. 

A frase acima, do economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), requer a coragem dos que remam contra a maré. O Brasil, afinal, é o país do agronegócio, onde o senso comum equivocado nos diz que os ricos vivem sufocados pela carga tributária do impostômetro. Ou seria impostura? Pois agora Pochmann rema, de novo, contra a maré. 

No livro Nova Classe Média?, da Boitempo, o economista coloca uma interrogação que deixa com a pulga atrás da orelha aqueles que se orgulham de uma ascensão social que, muitos de nós acreditamos, enfim teria livrado o Brasil do estigma da pobreza. Logo na apresentação, ele sapeca: “Seja pelo nível de rendimento, seja pelo tipo de ocupação, seja pelo perfil e atributos pessoais, o grosso da população emergente não se encaixa em critérios sérios e objetivos que possam ser claramente identificados como classe média”. Em outras palavras, seriam os “remediados” da classe trabalhadora.

No livro, o presidente do Ipea faz uma comparação intrigante: coloca lado a lado a ascensão social promovida durante o governo Lula e a experimentada por setores da população durante o milagre econômico dos anos 70, em plena ditadura militar. Lá, acompanhada pela migração do campo para as cidades e influenciada fortemente pela Igreja Católica e suas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O bispo vermelho de Bauru, Dom Cândido Padin, que o diga. Eram as sementes que iriam eclodir plenamente mais adiante, com o PT e Lula, no ABC paulista dos anos 80. 

 Mas, agora, Márcio Pochmann diz que os partidos políticos e o sindicalismo, entre outros, não dão conta de lidar com a base despolitizada do lulismo. Mais um trecho da introdução: “Percebe-se sinteticamente que a despolitizadora emergência de segmentos novos na base da pirâmide social resulta do despreparo de instituições democráticas atualmente existentes para envolver e canalizar ações de interesses para a classe trabalhadora ampliada. Isto é, o escasso papel estratégico e renovado do sindicalismo, das associações estudantis e de bairros, das comunidades de base, dos partidos políticos, entre outros.” 

Temos, portanto, um dilema: mais ou menos Estado? Privataria ou ensino, saúde e outros serviços públicos universais e de qualidade para todos? É o que está em jogo. O Brasil produzirá produtos de alto valor e conhecimento agregados (Vaco) ou ficará na combinação de fazendas, mineração e maquiladoras (Fama)? 

Eu diria que o Fama está ganhando de goleada. Você vai ao porto de Suape e todos os guindastes são feitos na China. Você vai à moderníssima usina de energia eólica de Pedra do Sal, no Piauí, e toda a tecnologia é importada. Você percorre as novas fronteiras do agronegócio e descobre que a maior parte do lucro fica com a Cargill, a Bunge, a Monsanto, a Basf, a Massey Ferguson e outras. E, enquanto as crianças sul-coreanas baixam os livros didáticos de clouds em escolas públicas, no Brasil a banda larga é da Telefônica e o Carlinhos Cachoeira é empresário do ramo da educação superior. Márcio Pochmann aponta para vários passos que podem reforçar o time do Vaco e, no clássico que ele mesmo inventou, diz que “a luta continua”.

Fonte: Vi o Mundo.
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terça-feira, maio 01, 2012

Coluna: Manuel Correia de Andrade.

Poder Político e Coronelismo.
 Publicado em 05.11.2006 

Da maior importância é o livro lançado pelo diplomata André Heráclio do Rego – tomando como tema central a figura do seu tio-avô, Francisco Heráclio do Rego, popularmente chamado coronel Chico Heráclio, e a sua ação política em Pernambuco e na Paraíba, sobretudo no Agreste. O fenômeno do coronelismo vem sendo estudado faz tempo por especialistas famosos como Victor Nunes Leal, em Coronelismo, enxada e voto, Maria Izaura Pereira de Queiroz, Marcos Vilaça e Roberto Cavalcanti, com Coronel, coronéis, no qual analisam a ação de quatro poderosos coronéis pernambucanos de meados do século 20. Livros marcantes porque, sem desprezar fundamentos teórico-metodológicos, aprofundam-se no empírico, coletando informações sobre a ação de coronéis pernambucanos que conheceram pessoalmente. 

André Heráclio do Rego, com forte formação jurídica e sociológica e uma paciência meticulosidade de diplomata, procurou conciliar estudos científicos, sociais e as informações obtidas em família, não só na convivência com parentes mais idosos como também em pesquisas em cartórios. A larga convivência que teve com o avô, coronel Jerônimo Heráclio do Rego, com tios, irmãos, primos, e amigos ajudaram-no a armazenar informações que foram organizadas e transformadas em um rico arquivo. Também os anos de estudo no Recife, na Faculdade de Direito, em Brasília, no Itamarati, e na Universidade de Paris, além das viagens freqüentes nacionais internacionais, levaram-no a aprimorar sua capacidade de pesquisa e reflexão, capacitando-o a escrever um livro que merece ser lido tanto por cientistas sociais como por interessados em genealogia, folcloristas e literatos. 

Ao estudar o coronelismo, o autor foi ao encontro do que Caio Prado Júnior chamou de sentido da colonização que os portugueses desenvolveram no Brasil, na vasta colônia de Santa Cruz, desde do século 16, quando procuraram implantar um sistema de exploração da terra em benefício da metrópole, que ao mesmo tempo utilizava a mão-de-obra forçada do nativo e dos negros trazidos da África. 

Depois do estudo mais geral em que os grandes sociólogos e historiadores brasileiros são objetos de discussão, Heráclio do Rego passa a fazer a análise de sua família, com boa base genealógica, mostrando como ela se formou no Agreste pernambucano e nos Cariris Velhos paraibanos, procurando consolidar um forte sentimento de solidariedade familiar, assim como de alianças políticas com outros grupos sociais e econômicos. Ocorre, porém, que a família procura consolidar sua importância voltando-se para os clássicos, com a utilização de nomes próprios romanos e bizantinos, como Heráclio e Otaviano, e na expansão de suas propriedades com a aquisição de terras no Agreste. E formou laços políticos com as oligarquias dominantes, como Rosa e Silva, em Pernambuco, após a proclamação da República, e com Agamenon Magalhães após o Estado Novo. 

Os oligarcas sabiam combater inimigos e ao mesmo tempo fazer alianças com diversas correntes políticas, até com a esquerda, como Miguel Arraes de Alencar, líder popular e ao mesmo tempo originário e ligado a uma das mais famosas famílias do Sertão de Pernambuco e do Ceará, com Pelópidas Silveira, engenheiro e professor universitário que era um esquerdista mais ameno, Paulo Cavalcanti, que apesar de comunista militante fazia questão do seu “i” no fim do sobrenome e outras figuras respeitáveis. Os coronéis, como salienta Heráclio do Rego, sabiam usar os “favores da lei para os seus amigos” e “as penas da lei para os seus inimigos”. Tinham o cuidado de não perder eleições em seus municípios, reunindo sempre que podiam numerosos deles, exigir obediência cega dos seus eleitores, alargar as terras de que dispunham e combater os inimigos que procuravam disputar espaços políticos e econômicos. Em contraposição, davam proteção absoluta a seus protegidos e se opunham aos que o enfrentavam nos seus domínios ou em suas adjacências.
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