A Imagem vale mais que as ideias
Não legitimo esse tipo de "agir político" principalmente pelo fato de acreditar que as divergências devem ser colocadas no âmbito das ideias, da grande política, não deve ser permeada por baixo, seja pela demonização da imagem, seja por argumentos falaciosos. Nos últimos dias, por exemplo, um caso como esses me causou uma certa inquietude. Durante o espetáculo montado diante das cerimônias de sepultamento do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto após um acidente de avião, duas fotos passaram a ser propagadas rapidamente em diversos sites e redes sociais (virtuais). Em uma víamos a ex-senadora Marina Silva - então candidata a vice-presidência na chapa liderada por Eduardo Campos e hoje candidata a presidenta pela mesma chapa - apoiada sobre o caixão que estava os restos mortais do socialista, com um aparentemente semblante de felicidade, mesmo ela estando em circunstância lutuosa. A outra imagem era a do ex-presidente Lula, estando no mesmo local e circunstância, mas com um semblante abatido, de tristeza e desalento. Na foto, Lula carregava em seus braços o filho mais novo de Eduardo.
Sabemos que essas imagens, ao tornarem-se públicas através da propagação pelos mais variados meios, abrem a possibilidade para uma diversidade de interpretações. Muitos passaram a utilizá-las no intuito de constituir em torno da ex-senadora uma visão de oportunismo, malevolência ou até mesmo de malícia. Uma espécie de julgamento moral sobre a pessoa que nos próximos dias será candidata a chefia do Executivo federal.
No entanto, é oportuno lembrar que práticas semelhantes a essas foram muito utilizadas pela facínora ditadura militar, apoiada pela grande mídia, a fim de demonizar as organizações, militantes, partidos e parlamentares que divergiam e resistiam aos governos dos generais. Cabe rememorar a frustrada tentativa de atentado patrocinada pela linha-dura do exército com objetivo de desarticular a redemocratização, gerar pânico e desordem, criminalizar os grupos opositores à ditadura e mais uma vez efetivar a repressão. O atentado seria executado pelo então sargento Guilherme Pereira do Rosário, junto ao capitão Wilson Dias Machado, ambos iriam instalar bombas nos geradores de um evento público que estava ocorrendo no pavilhão do Riocentro em 30 de abril de 1981, o objetivo era que houvessem as explosões no momento em que acontecia um show em comemoração ao dia do trabalhador. Desastrosamente uma das bombas explodiu antes do tempo, no carro em que estavam os militares, causando a morte do sargento e ferindo o capitão. Contudo, mesmo diante do acidente, os militares ainda tentaram culpar as organizações de esquerda, partindo da interpretação que tinham sido vítimas de um atentado. Segundo essa versão, alguns militantes de esquerda - dissidentes ao regime - teriam jogado uma granada contra o veículo que estavam os militares. Felizmente a hipótese não foi comprovada e serviu muito mais para demonstrar que de fato o autoritarismo vigente estava em plena decadência.
Outro fato curioso se estabeleceu após a prisão de vários estudantes em 1968, quando acontecia o XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em um sítio localizado na pequena cidade de Ibiúna em São Paulo. O congresso reuniu aproximadamente mil estudantes de todo o país, tudo era feito na clandestinidade. Mesmo assim, os militares conseguiram chegar ao local e prender os congressistas. Na ocasião, algumas reportagens exibiam fotos em que as forças policiais mostravam uma grande quantidade de pílulas anticoncepcionais apreendidas no congresso. Essas matérias, serviriam para construir junto à opinião pública uma imagem pejorativa do congresso uma vez que - como dizia o escritor Zuenir Ventura - "as moças tinham ido ao encontro preparadas para algo mais do que discutir as questões estudantis. O apelo contra a moral era uma das estratégias utilizada pelos militares para atacar a esquerda, e visto nossos valores conservadores, a estratégia causava um impacto satisfatório aos interesses dos donos do poder.
A partir desses fatos, é possível fazer uma análise a luz da história, percebendo o quanto esse aspecto moralizador está presente nas entrelinhas das imagens, haja vista os discursos e as estratégias midiáticas. Essas práticas que estão a serviço da desconstrução do subjetivo e do ataque a idoneidade e dignidade das pessoas tem grande relevância e impacto para a opinião pública. E na medida em que o debate político é relegado a segundo plano, a imagem e o julgamento moral, infelizmente, passa a se tornar o elemento mais central no debate público. Dessa maneira, chego concluir que esse tipo de circunstância é nocivo a nossa democracia. Desaprovo essas práticas por razões justas e por achar que antes de qualquer elemento moralizador, o confronto de ideias sempre será o elemento mais significativo para qualquer organização social. Nesse contexto, do ponto de vista humanitário, sou solidário a todas as vítimas dessa pequena política.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,testemunha-do-riocentro-desmente-militares-na-cv,11601
No entanto, é oportuno lembrar que práticas semelhantes a essas foram muito utilizadas pela facínora ditadura militar, apoiada pela grande mídia, a fim de demonizar as organizações, militantes, partidos e parlamentares que divergiam e resistiam aos governos dos generais. Cabe rememorar a frustrada tentativa de atentado patrocinada pela linha-dura do exército com objetivo de desarticular a redemocratização, gerar pânico e desordem, criminalizar os grupos opositores à ditadura e mais uma vez efetivar a repressão. O atentado seria executado pelo então sargento Guilherme Pereira do Rosário, junto ao capitão Wilson Dias Machado, ambos iriam instalar bombas nos geradores de um evento público que estava ocorrendo no pavilhão do Riocentro em 30 de abril de 1981, o objetivo era que houvessem as explosões no momento em que acontecia um show em comemoração ao dia do trabalhador. Desastrosamente uma das bombas explodiu antes do tempo, no carro em que estavam os militares, causando a morte do sargento e ferindo o capitão. Contudo, mesmo diante do acidente, os militares ainda tentaram culpar as organizações de esquerda, partindo da interpretação que tinham sido vítimas de um atentado. Segundo essa versão, alguns militantes de esquerda - dissidentes ao regime - teriam jogado uma granada contra o veículo que estavam os militares. Felizmente a hipótese não foi comprovada e serviu muito mais para demonstrar que de fato o autoritarismo vigente estava em plena decadência.
Outro fato curioso se estabeleceu após a prisão de vários estudantes em 1968, quando acontecia o XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em um sítio localizado na pequena cidade de Ibiúna em São Paulo. O congresso reuniu aproximadamente mil estudantes de todo o país, tudo era feito na clandestinidade. Mesmo assim, os militares conseguiram chegar ao local e prender os congressistas. Na ocasião, algumas reportagens exibiam fotos em que as forças policiais mostravam uma grande quantidade de pílulas anticoncepcionais apreendidas no congresso. Essas matérias, serviriam para construir junto à opinião pública uma imagem pejorativa do congresso uma vez que - como dizia o escritor Zuenir Ventura - "as moças tinham ido ao encontro preparadas para algo mais do que discutir as questões estudantis. O apelo contra a moral era uma das estratégias utilizada pelos militares para atacar a esquerda, e visto nossos valores conservadores, a estratégia causava um impacto satisfatório aos interesses dos donos do poder.
A partir desses fatos, é possível fazer uma análise a luz da história, percebendo o quanto esse aspecto moralizador está presente nas entrelinhas das imagens, haja vista os discursos e as estratégias midiáticas. Essas práticas que estão a serviço da desconstrução do subjetivo e do ataque a idoneidade e dignidade das pessoas tem grande relevância e impacto para a opinião pública. E na medida em que o debate político é relegado a segundo plano, a imagem e o julgamento moral, infelizmente, passa a se tornar o elemento mais central no debate público. Dessa maneira, chego concluir que esse tipo de circunstância é nocivo a nossa democracia. Desaprovo essas práticas por razões justas e por achar que antes de qualquer elemento moralizador, o confronto de ideias sempre será o elemento mais significativo para qualquer organização social. Nesse contexto, do ponto de vista humanitário, sou solidário a todas as vítimas dessa pequena política.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,testemunha-do-riocentro-desmente-militares-na-cv,11601
Feitas essas considerações, deixo para esse segundo momento algumas reportagens que mostram o quanto esse elemento moralizador sobre a imagem ainda está presente e tem grande relevância em nosso cotidiano. Nessa sessão optei como elementos centrais, as pessoas da presidenta Dilma Rousseff e da ex-senadora Marina Silva.
- Na matéria publicada pelo Conversa Afiada - página de um jornalista que tenho grande respeito - o título principal é: Marina faz selfie no funeral: compare com a postura de Lula;
- Já no site do jornal digital 247 temos a seguinte matéria: Cenas de um velório: Lula chora, Marina sorri;
- Em 2009, o site Observatório da Imprensa publicou uma matéria com o intuito de informar que a Folha publicou ficha falsa de Dilma.
- Já em 2010, o famoso episódio da "bola de papel" jogada contra o candidato que disputava o cargo de presidente da República, José Serra, foi utilizado também como arma contra a candidatura da atual presidenta Dilma Rousseff, vejam como o fato foi tratado pelo site da Folha de São Paulo na matéria intitulada de: Serra leva pancada na cabeça em confusão com militantes do PT no Rio
- Agora observem também a matéria do Jornal Nacional (principal telejornal da rede Globo): José Serra interrompe atividade após ser agredido no Rio.
Lida as matérias da Folha de São Paulo e do Jornal Nacional e agora analisando essas imagens, seria possível acreditar que todo o fato foi gerado por uma simples bolinha de papel jogado contra o presidenciável? Observem as expressões nos rostos das pessoas que estão junto a José Serra e tirem suas conclusões.
Também não é secundário rememorar das inúmeras montagens propagadas, principalmente através de alguns sites, em que a atual presidenta Dilma Rousseff aparecia fazendo gestos tidos como obscenos. O caso mais recente foi na Copa do Mundo 2014.
Observem as imagens:
Imagem manipulada |
Imagem original |
Dilma Rousseff por sinal, desde a sua primeira eleição (2010) foi bastante hostilizada pela grande mídia. Relembro dessa montagem em que construía a imagem da presidenta como uma terrorista na década de 1960, principalmente pelo detalhe do fuzil que supostamente estava ao seu lado. Várias pessoas, inclusive blogueiros se mobilizaram para desconstruir essa farsa.
Postagem no blog Luta da Verdade:
1° Detalhe: A foto toda da pessoa está desfocada, o fuzil entretanto está bem nítido;
2° Detalhe: na época da Ditadura, Dilma era muito magra; na foto ela está bem gorda e seios volumosos;
3° Detalhe: essa cabeleira é da década de 80, estilo "pantera" em voga nessa época; portanto não é da época da Ditadura;
4° Detalhe: na década de 80, Dilma foi assessora do PDT, Secretária da Fazenda de Alceu Collares do PDT, foi Presidente da Fundação de Economia e Estatística; foi Secretária de Energia, Minas e Comunicações do PDT, e Secretária de Minas e Energia do Gov. PT no RS. Em nenhum desses Governos no RS, ela necessitou pegar em armas como da foto acima.
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A Imagem vale mais que as ideias
Não legitimo esse tipo de "agir político" principalmente pelo fato de acreditar que as divergências devem ser colocadas no âmbito das ideias, da grande política, não deve ser permeada por baixo, seja pela demonização da imagem, seja por argumentos falaciosos. Nos últimos dias, por exemplo, um caso como esses me causou uma certa inquietude. Durante o espetáculo montado diante das cerimônias de sepultamento do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), morto após um acidente de avião, duas fotos passaram a ser propagadas rapidamente em diversos sites e redes sociais (virtuais). Em uma víamos a ex-senadora Marina Silva - então candidata a vice-presidência na chapa liderada por Eduardo Campos e hoje candidata a presidenta pela mesma chapa - apoiada sobre o caixão que estava os restos mortais do socialista, com um aparentemente semblante de felicidade, mesmo ela estando em circunstância lutuosa. A outra imagem era a do ex-presidente Lula, estando no mesmo local e circunstância, mas com um semblante abatido, de tristeza e desalento. Na foto, Lula carregava em seus braços o filho mais novo de Eduardo.
Sabemos que essas imagens, ao tornarem-se públicas através da propagação pelos mais variados meios, abrem a possibilidade para uma diversidade de interpretações. Muitos passaram a utilizá-las no intuito de constituir em torno da ex-senadora uma visão de oportunismo, malevolência ou até mesmo de malícia. Uma espécie de julgamento moral sobre a pessoa que nos próximos dias será candidata a chefia do Executivo federal.
No entanto, é oportuno lembrar que práticas semelhantes a essas foram muito utilizadas pela facínora ditadura militar, apoiada pela grande mídia, a fim de demonizar as organizações, militantes, partidos e parlamentares que divergiam e resistiam aos governos dos generais. Cabe rememorar a frustrada tentativa de atentado patrocinada pela linha-dura do exército com objetivo de desarticular a redemocratização, gerar pânico e desordem, criminalizar os grupos opositores à ditadura e mais uma vez efetivar a repressão. O atentado seria executado pelo então sargento Guilherme Pereira do Rosário, junto ao capitão Wilson Dias Machado, ambos iriam instalar bombas nos geradores de um evento público que estava ocorrendo no pavilhão do Riocentro em 30 de abril de 1981, o objetivo era que houvessem as explosões no momento em que acontecia um show em comemoração ao dia do trabalhador. Desastrosamente uma das bombas explodiu antes do tempo, no carro em que estavam os militares, causando a morte do sargento e ferindo o capitão. Contudo, mesmo diante do acidente, os militares ainda tentaram culpar as organizações de esquerda, partindo da interpretação que tinham sido vítimas de um atentado. Segundo essa versão, alguns militantes de esquerda - dissidentes ao regime - teriam jogado uma granada contra o veículo que estavam os militares. Felizmente a hipótese não foi comprovada e serviu muito mais para demonstrar que de fato o autoritarismo vigente estava em plena decadência.
Outro fato curioso se estabeleceu após a prisão de vários estudantes em 1968, quando acontecia o XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em um sítio localizado na pequena cidade de Ibiúna em São Paulo. O congresso reuniu aproximadamente mil estudantes de todo o país, tudo era feito na clandestinidade. Mesmo assim, os militares conseguiram chegar ao local e prender os congressistas. Na ocasião, algumas reportagens exibiam fotos em que as forças policiais mostravam uma grande quantidade de pílulas anticoncepcionais apreendidas no congresso. Essas matérias, serviriam para construir junto à opinião pública uma imagem pejorativa do congresso uma vez que - como dizia o escritor Zuenir Ventura - "as moças tinham ido ao encontro preparadas para algo mais do que discutir as questões estudantis. O apelo contra a moral era uma das estratégias utilizada pelos militares para atacar a esquerda, e visto nossos valores conservadores, a estratégia causava um impacto satisfatório aos interesses dos donos do poder.
A partir desses fatos, é possível fazer uma análise a luz da história, percebendo o quanto esse aspecto moralizador está presente nas entrelinhas das imagens, haja vista os discursos e as estratégias midiáticas. Essas práticas que estão a serviço da desconstrução do subjetivo e do ataque a idoneidade e dignidade das pessoas tem grande relevância e impacto para a opinião pública. E na medida em que o debate político é relegado a segundo plano, a imagem e o julgamento moral, infelizmente, passa a se tornar o elemento mais central no debate público. Dessa maneira, chego concluir que esse tipo de circunstância é nocivo a nossa democracia. Desaprovo essas práticas por razões justas e por achar que antes de qualquer elemento moralizador, o confronto de ideias sempre será o elemento mais significativo para qualquer organização social. Nesse contexto, do ponto de vista humanitário, sou solidário a todas as vítimas dessa pequena política.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,testemunha-do-riocentro-desmente-militares-na-cv,11601
No entanto, é oportuno lembrar que práticas semelhantes a essas foram muito utilizadas pela facínora ditadura militar, apoiada pela grande mídia, a fim de demonizar as organizações, militantes, partidos e parlamentares que divergiam e resistiam aos governos dos generais. Cabe rememorar a frustrada tentativa de atentado patrocinada pela linha-dura do exército com objetivo de desarticular a redemocratização, gerar pânico e desordem, criminalizar os grupos opositores à ditadura e mais uma vez efetivar a repressão. O atentado seria executado pelo então sargento Guilherme Pereira do Rosário, junto ao capitão Wilson Dias Machado, ambos iriam instalar bombas nos geradores de um evento público que estava ocorrendo no pavilhão do Riocentro em 30 de abril de 1981, o objetivo era que houvessem as explosões no momento em que acontecia um show em comemoração ao dia do trabalhador. Desastrosamente uma das bombas explodiu antes do tempo, no carro em que estavam os militares, causando a morte do sargento e ferindo o capitão. Contudo, mesmo diante do acidente, os militares ainda tentaram culpar as organizações de esquerda, partindo da interpretação que tinham sido vítimas de um atentado. Segundo essa versão, alguns militantes de esquerda - dissidentes ao regime - teriam jogado uma granada contra o veículo que estavam os militares. Felizmente a hipótese não foi comprovada e serviu muito mais para demonstrar que de fato o autoritarismo vigente estava em plena decadência.
Outro fato curioso se estabeleceu após a prisão de vários estudantes em 1968, quando acontecia o XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em um sítio localizado na pequena cidade de Ibiúna em São Paulo. O congresso reuniu aproximadamente mil estudantes de todo o país, tudo era feito na clandestinidade. Mesmo assim, os militares conseguiram chegar ao local e prender os congressistas. Na ocasião, algumas reportagens exibiam fotos em que as forças policiais mostravam uma grande quantidade de pílulas anticoncepcionais apreendidas no congresso. Essas matérias, serviriam para construir junto à opinião pública uma imagem pejorativa do congresso uma vez que - como dizia o escritor Zuenir Ventura - "as moças tinham ido ao encontro preparadas para algo mais do que discutir as questões estudantis. O apelo contra a moral era uma das estratégias utilizada pelos militares para atacar a esquerda, e visto nossos valores conservadores, a estratégia causava um impacto satisfatório aos interesses dos donos do poder.
A partir desses fatos, é possível fazer uma análise a luz da história, percebendo o quanto esse aspecto moralizador está presente nas entrelinhas das imagens, haja vista os discursos e as estratégias midiáticas. Essas práticas que estão a serviço da desconstrução do subjetivo e do ataque a idoneidade e dignidade das pessoas tem grande relevância e impacto para a opinião pública. E na medida em que o debate político é relegado a segundo plano, a imagem e o julgamento moral, infelizmente, passa a se tornar o elemento mais central no debate público. Dessa maneira, chego concluir que esse tipo de circunstância é nocivo a nossa democracia. Desaprovo essas práticas por razões justas e por achar que antes de qualquer elemento moralizador, o confronto de ideias sempre será o elemento mais significativo para qualquer organização social. Nesse contexto, do ponto de vista humanitário, sou solidário a todas as vítimas dessa pequena política.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,testemunha-do-riocentro-desmente-militares-na-cv,11601
Feitas essas considerações, deixo para esse segundo momento algumas reportagens que mostram o quanto esse elemento moralizador sobre a imagem ainda está presente e tem grande relevância em nosso cotidiano. Nessa sessão optei como elementos centrais, as pessoas da presidenta Dilma Rousseff e da ex-senadora Marina Silva.
- Na matéria publicada pelo Conversa Afiada - página de um jornalista que tenho grande respeito - o título principal é: Marina faz selfie no funeral: compare com a postura de Lula;
- Já no site do jornal digital 247 temos a seguinte matéria: Cenas de um velório: Lula chora, Marina sorri;
- Em 2009, o site Observatório da Imprensa publicou uma matéria com o intuito de informar que a Folha publicou ficha falsa de Dilma.
- Já em 2010, o famoso episódio da "bola de papel" jogada contra o candidato que disputava o cargo de presidente da República, José Serra, foi utilizado também como arma contra a candidatura da atual presidenta Dilma Rousseff, vejam como o fato foi tratado pelo site da Folha de São Paulo na matéria intitulada de: Serra leva pancada na cabeça em confusão com militantes do PT no Rio
- Agora observem também a matéria do Jornal Nacional (principal telejornal da rede Globo): José Serra interrompe atividade após ser agredido no Rio.
Lida as matérias da Folha de São Paulo e do Jornal Nacional e agora analisando essas imagens, seria possível acreditar que todo o fato foi gerado por uma simples bolinha de papel jogado contra o presidenciável? Observem as expressões nos rostos das pessoas que estão junto a José Serra e tirem suas conclusões.
Também não é secundário rememorar das inúmeras montagens propagadas, principalmente através de alguns sites, em que a atual presidenta Dilma Rousseff aparecia fazendo gestos tidos como obscenos. O caso mais recente foi na Copa do Mundo 2014.
Observem as imagens:
Imagem manipulada |
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Dilma Rousseff por sinal, desde a sua primeira eleição (2010) foi bastante hostilizada pela grande mídia. Relembro dessa montagem em que construía a imagem da presidenta como uma terrorista na década de 1960, principalmente pelo detalhe do fuzil que supostamente estava ao seu lado. Várias pessoas, inclusive blogueiros se mobilizaram para desconstruir essa farsa.
Postagem no blog Luta da Verdade:
1° Detalhe: A foto toda da pessoa está desfocada, o fuzil entretanto está bem nítido;
2° Detalhe: na época da Ditadura, Dilma era muito magra; na foto ela está bem gorda e seios volumosos;
3° Detalhe: essa cabeleira é da década de 80, estilo "pantera" em voga nessa época; portanto não é da época da Ditadura;
4° Detalhe: na década de 80, Dilma foi assessora do PDT, Secretária da Fazenda de Alceu Collares do PDT, foi Presidente da Fundação de Economia e Estatística; foi Secretária de Energia, Minas e Comunicações do PDT, e Secretária de Minas e Energia do Gov. PT no RS. Em nenhum desses Governos no RS, ela necessitou pegar em armas como da foto acima.
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