Terrorismo e Pobreza
Publicado em 22.01.2006
O mundo se encontra estarrecido com o atentado ocorrido em Londres, a 7 de julho, que provocou a morte de dezenas de pessoas e ferimentos graves ou leves em mais de 700. Este, inegavelmente, é um ato de barbárie, já que atinge a população civil, inclusive mulheres e crianças indefesas, criando uma atmosfera de insegurança e de pavor não só em Londres, mas no resto do Mundo, fazendo lembrar atos semelhantes já ocorridos em Nova Iorque e Madri.
Mas, apesar da revolta, perguntamos o que dizer da guerra desfechada por países ricos contra países pobres, destituindo governos constituídos, democráticos ou não, arrasando cidades e campos e dizimando milhares de pessoas que estão em seus lares, em sua terra, vivendo os hábitos e costumes do seu povo. Não seria isso, também, um ato de terrorismo condenável?
Não seria condenável a política econômica que é imposta aos países pobres, sobretudo na América Latina e na África, pelas nações ricas, impedindo que eles se desenvolvam e estimulando a corrupção entre as elites que controlam estes países, com o apoio das grandes potências? O que pensar de países como a Colômbia, a Bolívia e, até certo ponto, o Peru, situados na América do Sul, com suas estruturas seculares e suas crises permanentes ou cíclicas?
Que dizer da situação de povos dominados que vivem em territórios governados por minorias alienadas e ligados ao capital dos países ricos, que se apossam dos seus recursos e a maioria das vezes procuram destruir as suas culturas?
Ocorre que este abominável ato de terrorismo se efetivou em Londres, a capital do Reino Unido, no momento em que se reunia na bela e rica Edimburgo, capital da Escócia, o G-8 (Grupo dos 7 mais a Rússia) para discutir como ajudar os países pobres da África. O grupo é formado pelos sete países mais industrializados do Mundo – Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Japão – e a Rússia, que apesar de não estar entre os países mais industrializados, por sua extensão territorial, pelo poderio nuclear e por seu interesse na manutenção de um império, torna-se um aliado natural dos mais ricos.
Do outro lado estariam, como possíveis recebedores de “auxílio”, os países africanos, saídos, no século 20, da condição de colônia dos países europeus e, na verdade, mantidos na dependência econômica dos mesmos, de suas antigas metrópoles e do poderoso império americano. A situação da África é deplorável, uma vez que, na maioria dos casos os países que a compõem não correspondem a nações ou não são formados por unidades étnicas e culturais, apesar da descolonização, os países continuaram respeitando os limites das antigas colônias, às quais continuam ligados cultural e politicamente.
Na África estão também os países mais pobres do mundo, como se pode ver ao analisar uma tabela do produto nacional bruto dos vários países do mundo e constatar que entre os dez mais pobres, nove deles são africanos: Etiópia, Congo, Burundi, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Libéria, Malawi, Níger e Eritréia, todos com renda per capita inferior a 200 dólares por habitante/ano.
Manuel Correia de Andrade é Geógrafo, Historiador e Membro da APL.
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Terrorismo e Pobreza
Publicado em 22.01.2006
O mundo se encontra estarrecido com o atentado ocorrido em Londres, a 7 de julho, que provocou a morte de dezenas de pessoas e ferimentos graves ou leves em mais de 700. Este, inegavelmente, é um ato de barbárie, já que atinge a população civil, inclusive mulheres e crianças indefesas, criando uma atmosfera de insegurança e de pavor não só em Londres, mas no resto do Mundo, fazendo lembrar atos semelhantes já ocorridos em Nova Iorque e Madri.
Mas, apesar da revolta, perguntamos o que dizer da guerra desfechada por países ricos contra países pobres, destituindo governos constituídos, democráticos ou não, arrasando cidades e campos e dizimando milhares de pessoas que estão em seus lares, em sua terra, vivendo os hábitos e costumes do seu povo. Não seria isso, também, um ato de terrorismo condenável?
Não seria condenável a política econômica que é imposta aos países pobres, sobretudo na América Latina e na África, pelas nações ricas, impedindo que eles se desenvolvam e estimulando a corrupção entre as elites que controlam estes países, com o apoio das grandes potências? O que pensar de países como a Colômbia, a Bolívia e, até certo ponto, o Peru, situados na América do Sul, com suas estruturas seculares e suas crises permanentes ou cíclicas?
Que dizer da situação de povos dominados que vivem em territórios governados por minorias alienadas e ligados ao capital dos países ricos, que se apossam dos seus recursos e a maioria das vezes procuram destruir as suas culturas?
Ocorre que este abominável ato de terrorismo se efetivou em Londres, a capital do Reino Unido, no momento em que se reunia na bela e rica Edimburgo, capital da Escócia, o G-8 (Grupo dos 7 mais a Rússia) para discutir como ajudar os países pobres da África. O grupo é formado pelos sete países mais industrializados do Mundo – Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Japão – e a Rússia, que apesar de não estar entre os países mais industrializados, por sua extensão territorial, pelo poderio nuclear e por seu interesse na manutenção de um império, torna-se um aliado natural dos mais ricos.
Do outro lado estariam, como possíveis recebedores de “auxílio”, os países africanos, saídos, no século 20, da condição de colônia dos países europeus e, na verdade, mantidos na dependência econômica dos mesmos, de suas antigas metrópoles e do poderoso império americano. A situação da África é deplorável, uma vez que, na maioria dos casos os países que a compõem não correspondem a nações ou não são formados por unidades étnicas e culturais, apesar da descolonização, os países continuaram respeitando os limites das antigas colônias, às quais continuam ligados cultural e politicamente.
Na África estão também os países mais pobres do mundo, como se pode ver ao analisar uma tabela do produto nacional bruto dos vários países do mundo e constatar que entre os dez mais pobres, nove deles são africanos: Etiópia, Congo, Burundi, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Libéria, Malawi, Níger e Eritréia, todos com renda per capita inferior a 200 dólares por habitante/ano.
Manuel Correia de Andrade é Geógrafo, Historiador e Membro da APL.
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