terça-feira, fevereiro 01, 2011

Coluna: Manuel Correia de Andrade.

A Ilha de Itamaracá
Publicado em 20.05.2007

A Ilha de Itamaracá, marco histórico e geográfico da maior importância para Pernambuco, tem sido objeto de numerosos estudos, como o geomorfológico, feito por Gilberto Osório de Andrade, o da Capitania de Itamaracá, de nossa autoria, e de livros de informações sobre aspectos históricos e culturais, além de ser famosa, também, pela ciranda da Lia e pela presença às vezes incômoda, dos habitantes das penitenciárias nela sediadas.

Seria interessante, no momento em que se incentiva o turismo, que o poder público estimulasse a realização de pesquisas e a publicação de livros de turismo, no estilo ou sob a orientação gilbertiana, que soube unir à condição de cientista social a de escritor literário. Itamaracá é a maior ilha pernambucana, maior mesmo do que o arquipélago de Fernando de Noronha, e a mais habitada, formando um município com sede na Vila do Pilar. Sua população é bem superior à de Fernando de Noronha, ficando separada do continente pelo canal de Santa Cruz, que é cortado por uma ponte. Além dela, situa-se, também nas proximidades da costa, a Coroa do Avião, desabitada, mas freqüentada durante o dia por banhistas que partem da Praia do Forte, em Itamaracá, ou de Maria Farinha, no continente. Na costa sul do Estado, em direção ao mar aberto, há a Ilha de Santo Aleixo, famosa desde o século 16, pela luta entre franceses e portugueses, e que hoje tem apenas uma habitação luxuosa e praias abertas ao público.

Itamaracá, porém, não tem somente a presença geográfica, tem também a presença histórica. Foi ocupada inicialmente por corsários franceses e depois por portugueses, e transformada, em 1535, em sede de uma capitania hereditária que se estendia por 30 léguas de terras, desde a Baía da Traição até o canal de Santa Cruz, onde foi fundada a Vila da Conceição, hoje Vila Velha, em torno de um modesto corsário e de uma igreja.

Por mais de dois séculos, antes de ser anexada a Pernambuco, Vila Velha compartilhou, com Goiana, da função de capital. Tendo sido alvo da conquista holandesa. Após o incêndio de Olinda, quando os batavos prometeram construir uma capital para a Nova Holanda, discutiram se ela devia situar em Olinda, Recife ou Itamaracá. A ilha era apontada como excelente área agrícola e produtora de uvas. Através dos tempos ela teve períodos de decadência e de esplendor, desenvolvendo sobretudo a cultura do coco-da-praia e da cana. Possui numerosos engenhos de açúcar, dentre os quais se destacam o Amparo, que foi durante algum tempo arrendado por Henry Koster, o São João, onde nasceu o conselheiro João Alfredo, e o Macaxeira. Os dois últimos estão hoje transformados em presídios, o que prejudica o desenvolvimento do turismo na ilha, apesar do crescimento das povoações praieiras, como Jaguaribe, Pilar, São Paulo e Forte de Orange.

Segundo a lenda, no período colonial dizia-se aos portugueses que migravam para o Nordeste do Brasil que se livrassem do Canal de Catuama, situado ao norte de Itamaracá, da Cadeia de Goiana e da Justiça de Igarassu. Também se dizia que Itamaracá era infelicitada por três pragas: a separação do continente, as saúvas que destruíam as plantações, e a família Guedes, que mandava tiranicamente na ilha.

Mas Itamaracá é uma ilha venturosa, com belas praias, cercada por arrecifes, próxima de centros urbanos importantes como Recife, João Pessoa, Goiana e Igarassu, com produção de frutas excelentes e com sítios aprasíveis. Nela Jorge Amado numerosas vezes veraneou na casa do advogado Rui Antunes, seu amigo, e escreveu livros famosos. Nela Gilberto Osório escreveu a tese com que conquistou a cátedra de geografia geral do Ginásio Pernambucano, tendo sido acompanhado numerosas vezes em excursões marinhas pelo geomorfólogo Aziz Ab’Sáber. Nela Andrade Lima Filho escreveu polêmicos artigos políticos, e nela viveu o famoso padre Tenório, seu vigário, enforcado por ter atuado na Revolução de 1817. Acreditamos ser oportuno que a Secretaria de Turismo do Estado estimule que se escreva um guia de turismo da ilha, agora que se projeta intensificar o turismo, com a transferência da Penitenciária Agrícola e do Presídio Barreto Campelo para outros lugares, no continente.

» Manuel Correia de Andrade, historiador e geógrafo, é da APL.
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A Ilha de Itamaracá
Publicado em 20.05.2007

A Ilha de Itamaracá, marco histórico e geográfico da maior importância para Pernambuco, tem sido objeto de numerosos estudos, como o geomorfológico, feito por Gilberto Osório de Andrade, o da Capitania de Itamaracá, de nossa autoria, e de livros de informações sobre aspectos históricos e culturais, além de ser famosa, também, pela ciranda da Lia e pela presença às vezes incômoda, dos habitantes das penitenciárias nela sediadas.

Seria interessante, no momento em que se incentiva o turismo, que o poder público estimulasse a realização de pesquisas e a publicação de livros de turismo, no estilo ou sob a orientação gilbertiana, que soube unir à condição de cientista social a de escritor literário. Itamaracá é a maior ilha pernambucana, maior mesmo do que o arquipélago de Fernando de Noronha, e a mais habitada, formando um município com sede na Vila do Pilar. Sua população é bem superior à de Fernando de Noronha, ficando separada do continente pelo canal de Santa Cruz, que é cortado por uma ponte. Além dela, situa-se, também nas proximidades da costa, a Coroa do Avião, desabitada, mas freqüentada durante o dia por banhistas que partem da Praia do Forte, em Itamaracá, ou de Maria Farinha, no continente. Na costa sul do Estado, em direção ao mar aberto, há a Ilha de Santo Aleixo, famosa desde o século 16, pela luta entre franceses e portugueses, e que hoje tem apenas uma habitação luxuosa e praias abertas ao público.

Itamaracá, porém, não tem somente a presença geográfica, tem também a presença histórica. Foi ocupada inicialmente por corsários franceses e depois por portugueses, e transformada, em 1535, em sede de uma capitania hereditária que se estendia por 30 léguas de terras, desde a Baía da Traição até o canal de Santa Cruz, onde foi fundada a Vila da Conceição, hoje Vila Velha, em torno de um modesto corsário e de uma igreja.

Por mais de dois séculos, antes de ser anexada a Pernambuco, Vila Velha compartilhou, com Goiana, da função de capital. Tendo sido alvo da conquista holandesa. Após o incêndio de Olinda, quando os batavos prometeram construir uma capital para a Nova Holanda, discutiram se ela devia situar em Olinda, Recife ou Itamaracá. A ilha era apontada como excelente área agrícola e produtora de uvas. Através dos tempos ela teve períodos de decadência e de esplendor, desenvolvendo sobretudo a cultura do coco-da-praia e da cana. Possui numerosos engenhos de açúcar, dentre os quais se destacam o Amparo, que foi durante algum tempo arrendado por Henry Koster, o São João, onde nasceu o conselheiro João Alfredo, e o Macaxeira. Os dois últimos estão hoje transformados em presídios, o que prejudica o desenvolvimento do turismo na ilha, apesar do crescimento das povoações praieiras, como Jaguaribe, Pilar, São Paulo e Forte de Orange.

Segundo a lenda, no período colonial dizia-se aos portugueses que migravam para o Nordeste do Brasil que se livrassem do Canal de Catuama, situado ao norte de Itamaracá, da Cadeia de Goiana e da Justiça de Igarassu. Também se dizia que Itamaracá era infelicitada por três pragas: a separação do continente, as saúvas que destruíam as plantações, e a família Guedes, que mandava tiranicamente na ilha.

Mas Itamaracá é uma ilha venturosa, com belas praias, cercada por arrecifes, próxima de centros urbanos importantes como Recife, João Pessoa, Goiana e Igarassu, com produção de frutas excelentes e com sítios aprasíveis. Nela Jorge Amado numerosas vezes veraneou na casa do advogado Rui Antunes, seu amigo, e escreveu livros famosos. Nela Gilberto Osório escreveu a tese com que conquistou a cátedra de geografia geral do Ginásio Pernambucano, tendo sido acompanhado numerosas vezes em excursões marinhas pelo geomorfólogo Aziz Ab’Sáber. Nela Andrade Lima Filho escreveu polêmicos artigos políticos, e nela viveu o famoso padre Tenório, seu vigário, enforcado por ter atuado na Revolução de 1817. Acreditamos ser oportuno que a Secretaria de Turismo do Estado estimule que se escreva um guia de turismo da ilha, agora que se projeta intensificar o turismo, com a transferência da Penitenciária Agrícola e do Presídio Barreto Campelo para outros lugares, no continente.

» Manuel Correia de Andrade, historiador e geógrafo, é da APL.
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