domingo, setembro 26, 2010

Coluna: Manuel Correia de Andrade

Refletindo Pernambuco
Publicado em 29.01.2006.

No momento atual, mais do que em qualquer outro, é necessário que se reflita sobre Pernambuco e sua realidade, para que se possa contribuir para o desenvolvimento do Estado, a fim de que ele recupere o lugar que ocupou no passado, quando capitania, na colônia, quando província, no Império, e como Estado, na República. Temos que reconhecer que Pernambuco não é apenas um passado glorioso, contado no seu belo hino, na beleza de sua bandeira, que relembra a república de 1817, não é só glorificar frei Caneca, enaltecer Joaquim Nabuco, enfim, homenagear seus filhos mais ilustres.

Pensar Pernambuco é examinar, de cabeça fria, a situação atual do Estado e procurar delinear os caminhos a seguir: assim, esperamos muito da Transnordestina, que cortará o Sertão e ligará nosso Estado a seus vizinhos e outras regiões. É pensar na refinaria de Petróleo a ser instalada em Suape, é também pensar no Rio São Francisco, que vem sendo degradado pela intervenção, muitas vezes mal orientada, dos homens, quando pretendem fazer uma transferência de uma parte de suas águas para as bacias dos rios temporários do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

E, então, perguntamos, por que levar água para onde ela já existe? Porque ela existe nas superfícies formadas sob pacotes sedimentares das chapadas do Araripe e do Apodi, fala-se em transpor as águas do São Francisco sem fazer maiores exames dessas áreas. É então que nos lembramos do que ocorreu no Ceará com o Canal do Trabalhador, que ligava açudes do Sertão a Fortaleza.

Nessas áreas houve um processo de salinização intenso devido ao clima quente e seco e, como conseqüência, tornou ineficiente aquele canal. O Nordeste tem sido palco de uma sucessão de políticas contra as secas que fracassaram. Não seria interessante que, ao lado de estudos científicos, fosse feita uma leitura de textos como os de Irineu Pinheiro, José de Almeida, Rachel de Queiroz ou Amando Fontes, descreveram tão bem os problemas da Região.

O Nordeste em geral e Pernambuco em particular necessitam de água, mas também precisam que se faça uma análise descomprometida dos interesses dos latifundiários e políticos. No caso de Pernambuco, é necessário que se estudem os problemas ligados à evolução da economia sucroalcooleira, com a verticalização da produção usineira e uma possível distribuição de terras aos trabalhadores agrícolas sem-terra ou com pouca terra, e com quase nenhuma assistência e orientação governamental. Depois da leitura de Nabuco, o libertador e da ação política de João Alfredo, precisamos pensar nas sugestões do engenheiro Rebouças sobre a organização da propriedade agrícola.

Pernambuco tem que investir pensamento e ação no Vale de São Francisco, não apenas no apoio às empresas de exportação de produtos agrícolas, mas também no homem da região, criando cooperativas agrícolas e desenvolvendo atividades científicas que impeçam ou pelo menos dificultem a salinização dos solos, beneficiando o sertanejo. Pernambuco tem que utilizar mão-de-obra qualificada, equipes técnicas e universidades a fim de exercer ou reconquistar a influência que teve, desde a colônia, sobre os Estados vizinhos, alguns desmembrados de seu território.

Não se pode deixar de destacar sua vocação turística: o Estado possui belas praias de águas mornas e um sol de atraí turistas de outros países e regiões, possui monumentos históricos e cidades seculares como Olinda, Igarassu, Recife, Sirinhaém, Tracunhém, que foram palco de acontecimentos históricos e ostentam obras arquitetônicas de grande valor, nas áreas que foram dominadas pela cultura canavieira, há velhos solares e igrejas, que são pontos de atração para brasileiros e estrangeiros que procuram aprimorar a sua formação cultural, tem ainda eventos como o Carnaval, com grande dosagem popular, e celebrações profano-religiosas como o São João e o espetáculo da Semana Santa em Nova Jerusalém. Ainda não podemos esquecer a importância da culinária, com a feijoada típica e com as comidas juninas. Assim, Pernambuco é privilegiado quanto a espaço e tempo, necessitando apenas uma mais intensa vontade política para promover o seu crescimento.

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Refletindo Pernambuco
Publicado em 29.01.2006.

No momento atual, mais do que em qualquer outro, é necessário que se reflita sobre Pernambuco e sua realidade, para que se possa contribuir para o desenvolvimento do Estado, a fim de que ele recupere o lugar que ocupou no passado, quando capitania, na colônia, quando província, no Império, e como Estado, na República. Temos que reconhecer que Pernambuco não é apenas um passado glorioso, contado no seu belo hino, na beleza de sua bandeira, que relembra a república de 1817, não é só glorificar frei Caneca, enaltecer Joaquim Nabuco, enfim, homenagear seus filhos mais ilustres.

Pensar Pernambuco é examinar, de cabeça fria, a situação atual do Estado e procurar delinear os caminhos a seguir: assim, esperamos muito da Transnordestina, que cortará o Sertão e ligará nosso Estado a seus vizinhos e outras regiões. É pensar na refinaria de Petróleo a ser instalada em Suape, é também pensar no Rio São Francisco, que vem sendo degradado pela intervenção, muitas vezes mal orientada, dos homens, quando pretendem fazer uma transferência de uma parte de suas águas para as bacias dos rios temporários do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

E, então, perguntamos, por que levar água para onde ela já existe? Porque ela existe nas superfícies formadas sob pacotes sedimentares das chapadas do Araripe e do Apodi, fala-se em transpor as águas do São Francisco sem fazer maiores exames dessas áreas. É então que nos lembramos do que ocorreu no Ceará com o Canal do Trabalhador, que ligava açudes do Sertão a Fortaleza.

Nessas áreas houve um processo de salinização intenso devido ao clima quente e seco e, como conseqüência, tornou ineficiente aquele canal. O Nordeste tem sido palco de uma sucessão de políticas contra as secas que fracassaram. Não seria interessante que, ao lado de estudos científicos, fosse feita uma leitura de textos como os de Irineu Pinheiro, José de Almeida, Rachel de Queiroz ou Amando Fontes, descreveram tão bem os problemas da Região.

O Nordeste em geral e Pernambuco em particular necessitam de água, mas também precisam que se faça uma análise descomprometida dos interesses dos latifundiários e políticos. No caso de Pernambuco, é necessário que se estudem os problemas ligados à evolução da economia sucroalcooleira, com a verticalização da produção usineira e uma possível distribuição de terras aos trabalhadores agrícolas sem-terra ou com pouca terra, e com quase nenhuma assistência e orientação governamental. Depois da leitura de Nabuco, o libertador e da ação política de João Alfredo, precisamos pensar nas sugestões do engenheiro Rebouças sobre a organização da propriedade agrícola.

Pernambuco tem que investir pensamento e ação no Vale de São Francisco, não apenas no apoio às empresas de exportação de produtos agrícolas, mas também no homem da região, criando cooperativas agrícolas e desenvolvendo atividades científicas que impeçam ou pelo menos dificultem a salinização dos solos, beneficiando o sertanejo. Pernambuco tem que utilizar mão-de-obra qualificada, equipes técnicas e universidades a fim de exercer ou reconquistar a influência que teve, desde a colônia, sobre os Estados vizinhos, alguns desmembrados de seu território.

Não se pode deixar de destacar sua vocação turística: o Estado possui belas praias de águas mornas e um sol de atraí turistas de outros países e regiões, possui monumentos históricos e cidades seculares como Olinda, Igarassu, Recife, Sirinhaém, Tracunhém, que foram palco de acontecimentos históricos e ostentam obras arquitetônicas de grande valor, nas áreas que foram dominadas pela cultura canavieira, há velhos solares e igrejas, que são pontos de atração para brasileiros e estrangeiros que procuram aprimorar a sua formação cultural, tem ainda eventos como o Carnaval, com grande dosagem popular, e celebrações profano-religiosas como o São João e o espetáculo da Semana Santa em Nova Jerusalém. Ainda não podemos esquecer a importância da culinária, com a feijoada típica e com as comidas juninas. Assim, Pernambuco é privilegiado quanto a espaço e tempo, necessitando apenas uma mais intensa vontade política para promover o seu crescimento.

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