terça-feira, junho 24, 2008

Memórias e Outros Causos.

Entender e explicar a realidade por meio dos fatos que em muitos casos já estão esquecidos por muitos, cultivar as memórias e delas tirar certezas e respostas. Resgatar o ontem pelo hoje ou até mesmo viver em um tempo que não mais nos pertence. Enfim, eis alguns ofícios ligados ao papel do historiador na sociedade. E a partir dessa breve tentativa de dissertar sobre o mister do entendedor do passado que inicio aqui a mais nova coluna do medíocre na rede, através da exposição de algumas de minhas memórias na vida acadêmica, política, pedagógica e em outros casos se possível for.

Serei breve e socializo logo como texto inicial uma homenagem a outros professores de história igual a mim, contarei algumas de minhas lembranças da minha vivência na faculdade. Costumo a dizer que, se houveram pessoas que aproveitaram de um tudo durante o período de faculdade, com absoluta certeza, eu fui uma dessas pessoas. Lembrar dos tempos de faculdades é lembrar de um sonho que ninguém pode imaginar sem está dentro da vida acadêmica. É na vivência estudantil que você pode ver que somos seres em constantes mudanças, evoluções e até mesmo involuções. E justamente por querer socializar com possíveis leitores a minha vivência acadêmica que pretendo a partir desse momento iniciar com uma homenagem aos que estudaram junto comigo, desde o período inicial até o final da graduação.

Éramos uma turma bastante heterogênea, existiam vários mundos dentro daquela sala de aula, quase todos nem imaginavam que essa gama de mundos e pensamentos iriam se modificar ao ponto de se transformarmos em um só mundo ao mesmo tempo com todas as diferenças. Pois bem, tudo no inicio é surpresa são dúvidas, expectativas e principalmente vontade de entregar nossa existência em prol à busca pelo conhecimento. Fisicamente a faculdade não se diferencia de um ensino secundarista, ou seja, professor e aluno ligados a uma só meta: ser aprovado nas respectivas disciplinas. Mas tinha uma diferença clara, ninguém estava disposto a delegar aquele tempo investido em um curso superior por nada – cada um tinha suas prioridades, não sabíamos que tais prioridades, com o decorrer do tempo com muita certeza seriam desconstruídas a luz dos novos caminhos que se manifestavam para todos.

Estudava no turno noturno, esse período pouquíssimas pessoas tinha a minha faixa de idade, a grande maioria eram adultos que ao invés de voltar para suas casas após o horário do trabalho, agora iriam se entregar a vida acadêmica, mesmo que naquele momento não soubesses ou desconfiassem disso, haja vista, todo um leque de incertezas. E foi assim o primeiro encontro daquele bojo de futuros intelectuais que estavam a surgir. Noite nublada, sala lotada e logo de início, uma problematização (tão cedo?): será que essa quantidade toda de alunos que iniciaram esse curso irá realmente concluir o curso? Pois bem, naquela hora acho que todos realmente tinham essa meta de concluir com êxito aqueles quatro anos de estudo. No entanto, muitos acontecimentos particulares apareceram e aquela turma tão numerosa foi ficando pelo caminho, pois apesar de tudo, a caminhada da graduação é repleta de surpresas, descaminhos e grandes obstáculos. Mesmo com tudo isso, reviver a faculdade é visitar minha memória com um grande e saudoso sorriso.

Entre tantos acontecimentos, irei relatar os relativos aos primeiros semestres que passei como universitário, pois bem, não quero relatar fatos que diz respeito a minha vivencia fora do âmbito estudantil, apesar de também ser importante, principalmente no fato de que naquele momento que entrava para o mundo da academia, ainda permanecia preso ao imaginário de um jovem recém saído do período colegial. Mas como tudo isso seria mais tarde um processo de transição, pude perceber que aprendi muito com os amigos que fiz dentro e fora do campus universitário. Foram momentos fecundos de festas e estudos, pesquisas e avaliações. Ainda lembro da primeira avaliação que a turma estava para fazer, não imaginem a ansiosidade que todos estavam naquele momento. Mesmo sabendo que daquele tempo em diante, a ciência iria ser nossa companheira fiel.

Guardo lembranças boas de todos os colegas da faculdade, que juntos convivemos durante determinado período de nossas vidas, mas como a própria história é dinâmica e nada permanece instável, percebemos claramente que o tempo que uniu todas aquelas mentes corações, também se responsabilizou em separar os nossos caminhos durante toda a jornada, só ficando assim as lembranças de um tempo que um dia foi nosso.
############################################################################################################
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, junho 21, 2008

Sobre a Educação.

Entende-se que a educação é o processo pelo qual, uma pessoa ou um grupo de pessoas adquirem conhecimentos gerais, científicos, artísticos, técnicos ou especializados, com o objetivo de desenvolver suas capacidades ou aptidões. A educação pode ser recebida em estabelecimentos de ensino, organizado para essa finalidade, ou através da própria experiência empírica do cotidiano, seja por intermédio pessoal, ou por meios de leituras, conferências, atividades artísticas etc.

O escopo primordial do processo educativo consiste em dotar o homem de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais exigidas pela dinâmica da sociedade. A educação aumenta o poder do homem sobre a natureza, e ao mesmo tempo, busca conforma-lo, enquanto indivíduo, aos objetivos de progresso, equilíbrio e sustentação do meio físico e social por meio de sua participação no processo de socialização coletiva. Enfim, a educação consiste, basicamente em desenvolver as capacidades humanas, a fim de uma compreensão de significados e/ou conceitos cristalizados na cultura e fazer com que o indivíduo tenha a autonomia e consciência de tomar decisões. Nesse contexto, o processo educativo é vital para todos, haja vista a necessidade de orientação cultural, tendo em vista o desenvolvimento de uma coletividade social.

Pois bem, a educação tem um papel de singular grandiosidade no papel sociológico. No entanto, é válido analisar também a sua existência no contexto histórico, tendo em vista a sua contribuição para o desenvolvimento de determinadas realidades históricas e sociais.

Sabe-se que na Grécia Antiga, onde a supremacia do Estado era indiscutível, especialmente nos primeiros tempos, considerava-se de fundamental importância às relações o indivíduo e a própria cidade-estado. A educação visava, sobretudo, a preparar o jovem, tendo em vista tais relações. Cada Estado tinha suas características peculiares e os seus respectivos sistemas educacionais deviam adaptar-se a esses caracteres para poder, assim se tornar um instrumento efetivo na orientação e preparação da juventude para o exercício da cidadania. Um exemplo cabível a essa observação, está inserido na conjuntura espartana de sociedade, onde os jovens espartanos se preparavam sob a supervisão do Estado, em uma espécie de acampamento militar, no qual, os rapazes, eram preparados para se tornarem exímios guerreiros, enquanto as moças, desde pequenas já eram educadas para serem saudáveis mães de futuros guerreiros. Essa disciplina educacional ocorria de uma outra forma em Atenas, uma vez que o militarismo não era uma característica marcante na vida ateniense, no entanto, havia presença de leis que dispunham sobre a freqüência às escolas dos filhos dos cidadãos livres. É válido ressaltar que os próprios estabelecimentos de ensino eram regulamentados até certo ponto, por uma legislação especial gerida em prol ao funcionamento do Estado ateniense.

No que diz respeito a educação em Roma, podemos avaliar que nos primeiros tempos da república, o sistema de educação era inteiramente ministrada na família e na vida social. O pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era publicamente censurado quando fracassara no ensino dos preceitos morais cívicos e religiosos. A educação romana já não dava tanta importancia para a retórica dos sofistas, como acontecia em Atenas, uma vez que o regime era autocrático, que logo descambava para uma tirania vista no período imperial. As condições gerais da sociedade não admitia esse tipo de educação. Os costumes se corromperam nos derradeiros tempos. O renascimento religioso do paganismo, ocorrido nos primeiros séculos do cristianismo, onde ele surge trazendo um renovado sopro de vida. Diga-se de passagem, que os conflitos entr as filosofias cristãs e pagãs, também refletiu na educação, haja vista que a pagã, consistia em uma ética individualista e orgulhosa. Já a cristã exaltava a humildade como uma das maiores virtudes.

No medievo a educação era basicamente uma instrução dogmática nas doutrinas da igreja e das escrituras, ao lado disso, também havia uma herança da velha educação dos tempos de Roma. O interesse humano passava por uma “mudança” de conceitos, no qual, as preocupações sobre a ordem espiritual e o fortalecimento das autoridades eclesiásticas, com o advento da filosofia Patrística, no inicio da Idade Média. O dogmatismo criava conceitos que eram praticamente inquestionáveis, devido ao caráter que a Igreja Católica se manifestava no domínio das mentes e corações do mundo ocidental. Mais adiante, com o surgimento da Escolástica (doutrina filosofica surgida posteriormente a filosofia patrística) os conteúdos da educação mantinham-se em completa harmonia com os interesses intelectuais da época. Além de ser um ensino de caráter religioso, o próprio sistema social da época fazia com que o sistema educacional tivesse alternâncias de métodos e conteúdos baseados nas classes sociais existentes. Esse tipo de educação própria de classe se manifestava principalmente na preparação de pajens e senhores na arte da cavalaria.

Durante o século XI, as cidades do norte da Itália apresentavam um maior progresso cultural e material se comparadas com o resto da Europa. O espírito clássico, de fato nunca morrera e a “Divina Comédia” escrita por Dante demonstrava que o poeta era um intelectual e estudioso dos velhos bardos latinos. Os humanistas se manifestavam como um “divisor de água” para a cultura medieval, o advento do renascimento abriu as portas para a instauração de uma atmosfera erudita muito mais livre do que a produção intelectual do período inicial da Idade Média. Tal fato representou um forte ultraje ao autoritarismo inquestionável da Igreja católica e principalmente no fortalecimento dos ideais de liberdade individual. Essa ruptura com o Status quo pregado pelo sistema educacional regido pelo clero, influenciou de uma forma bastante visível, na visão de mundo do homem de tal período.

Os movimentos intelectuais do século XVIII tiveram certamente um caráter aristocrático, no entanto, já no século XIX, devido a tantas mudanças que o mundo ocidental passava a educação já era reconhecida como um sistema nacional, sendo esse, um sistema fundamental da história da educação de todos os países.

Pensar em Educação é refletir também sobre a história da humanidade, uma vez que, os conceitos educacionais ao longo do tempo se tornaram vários e ligados a determinados contextos históricos. Contudo, a Educação sempre foi um instrumento de infinita relevância, não somente para o homem em sua postura individual, mas também como um sujeito da história que faz parte de uma coletividade e participa do processo de organização social. As relações sociais de determinado periodização histórica deve muito ao sistema educacional enquadrado ao seu tempo. Ao ser educado, o individuo irá ter todas as bases de conhecimento para se enquadrar na realidade e também ter subsídios para modificá-la. Historicamente a educação é uma boa ferramenta para uma reflexão de determinada ordem social, política ou econômica. Visto que é notável que as formas de se educar sempre está se modificando ao longo do tempo. No entanto, apesar da mecânica da história, a educação nunca perderá o seu maior significado, o de tornar os homens um ser social.
############################################################################################################