sábado, julho 29, 2006

Sobre a Instituição Acadêmica

Sabemos que o mundo, no início do século XXI, passou por grandes mudanças na realidade social: avanços dinâmicos na tecnologia, na informação, nas comunicações e na educação. Frente a tais modificações, o ensino superior já não é mais o mesmo que existia há algumas décadas atrás, haja vista a necessidade de um ensino dinâmico e universal. Mas, apesar de tudo, a instituição de ensino superior ainda representa patrimônio intelectual, independência política e crítica social. Porém, não podemos encarar agora o conhecimento como uma forma não perecível, uma vez que ele está sempre se modificando. Nesse contexto, é válido ressaltar que o academicismo deverá sempre está presente em nossas vidas.

A instituição acadêmica, desde seus primórdios, buscou a formação moral e intelectual dos cidadãos. Através de estudos sistemáticos, cultivo do saber e busca da verdade, o ensino superior consolida-se e transforma-se, sempre almejando responder aos desafios de cada período histórico. Somente com a vontade e com a vitalidade acadêmica, pode-se enxergar nitidamente o diálogo entre o antigo e a vanguarda, entre o clássico e o moderno, e principalmente, o encontro do entusiasmo do jovem estudante com a experiência dos eruditos. E assim sobrevive a instituição acadêmica, que vai desde a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles, passando pelas Corporações de mestres e alunos na Idade Média, pela diversidade de redefinições da Modernidade até chegar à Contemporaneidade.

Motivado pela vontade de saber, unindo discípulos e mestres pelas palavras, textos e diálogos fecundos, buscando soluções diversas, eis o admirável mundo acadêmico. Ora, participando de pesquisas em bibliotecas, mediando um confronto entre uma página e outra, a fim de obter respostas desejadas, ora na sala de aula, em uma interação maior entre professor e aluno, aprofundando-se cada vez mais, ora na construção de um trabalho metódico e sistematicamente orientado com vista a descobertas destinadas a deslocar as fronteiras do conhecimento.

Enfim, pensar no Ensino Superior é pensar em questões cruciais para os homens situados em suas diferenças históricas, sociais e culturais. Ou seja, é pensar em um mundo mais humano, mais justo e mais culto. Graças a essas características o ensino superior ainda é um dos atributo mais propício para a orientação do futuro da humanidade.

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A História

A História

Triste lição de experiência deixam
Os evos no passar, e os mesmos atos
Renovados sem fim por muitos povos,
Sob nomes diversos se encadeiam:
Aqui, além, agora ou no passado,
Amor, dedicação, virtude e glória,
Baixeza, crime, infâmia se repetem,
Quer gravados no soco de uma estátua,
Quer em vil pelourinho memorados.
Eis a história! _ rainha veneranda,
Trajando agora sedas e veludos,
Depois vestindo um saco desprezível,
D´imunda cinza apolvilhada a fronte,
Se as virtudes do pobre não tem preço,
Também dos vícios seus a nodoa exígua
Não conspurca as nações; mas ai dos grandes
Que trilham senda errada, a cujo termo,
Se levanta a barreira do sepulcro,
Onde se quebra a adulação sem força.
Se virtuoso, as gerações passando,
As cinzas lhe beijaram; se malvado,
Cospem-lhe afrontas na vaidosa campa,
Jamais de amigas lagrimas molhada,
E qual do Egito nos festins funéreos,
Maldizem bons e maus sua memória,
Lançando à face da real múmia,
Dos crimes seus a lacrimosa história.
Talvez, porém, um infortúnio grande,
Um exemplo sublime de virtude,
Cobre dourada pagina, que aos olhos,
Pranto consolador sem custo arranca.

Eis a história! Um espelho do passado
Folhas do livro eterno desdobradas
Aos olhos mortais; _ aqui sem mancha,
Alem golfeja sangue e seus crimes.
Tal foi, tal é: retrato desbotado,
Onde se mira a geração que passa,
Sem cor, sem vida _ e ao mesmo tempo espelho,
Que há de ser nova cópia à gente nova,
Como os anos aos anos se sucedam.
Ondas de mar sereno ou tormentoso,
As mesmas na aparência, que se quebram
Sobre as d’areia flutuantes praias.
Gonçalves Dias.
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